Costumamos associar a violência, na escola e
fora dela, à criminalidade profissional e aos males produzidos por ela,
que têm deixado a sociedade impotente, restando à escola proteção por
meios próprios, colocando grades e muros, segurança, controle de entrada
etc. Seu enfrentamento seria mais caso de polícia, âmbito de atuação
das forças de segurança. Esta violência constitui aspecto representativo
e problemático da organização da vida social de agora, especialmente
nos grandes centros urbanos.
É nesse contexto que as questões relativas às relações entre escola e violência vêm emergindo entre nós. Manchetes de jornais do país evidenciam esta realidade: “Aluno acusa professor de agressão na escola”; “Adolescente dispara contra professor”; “Insatisfeito por ter sido transferido para outro colégio, jovem de 14 anos acerta duas balas na barriga do diretor da escola”; “Diretora respira fundo e encara o inimigo: o fantasma da droga assombra”; “Unidos na bagunça: alunos indisciplinados e mal-educados atormentam os professores das escolas de classe média”.
Não se pode dissociar a questão da violência na escola da problemática da violência presente na sociedade. Todas as mazelas que estamos acostumados a presenciar como: miséria, corrupção, desemprego, concentração de renda e de poder contribuem para a desigualdade social que grassa em nosso país.
Entretanto, o fenômeno da violência vai além de toda essa
problemática. Compreende uma dimensão estrutural e também cultural,
ambas intimamente articuladas.
A relação entre violência e escola não
pode ser concebida exclusivamente como processo de “fora para dentro”; a
violência presente na sociedade penetra o âmbito escolar, afetando-o,
mas também como processo gerado na própria escola, pois escola também
produz violência.
Não temos fórmula mágica para resolver Este
problema, esperamos, entretanto, que a Escola, a sociedade civil, os
órgãos governamentais e organizações não-governamentais somem esforços
na luta contra as causas estruturais da violência. É preciso estimular
práticas sociais e culturais possíveis de criar condições para o
desenvolvimento dos processos de humanização e democratização da nossa
sociedade, como algo básico para que a questão da violência escolar
possa ser devidamente trabalhada.
Gilberto Carvalho Pereira
(Publicado no nº 23, edição de janeiro a março de 2006, do Jornal Tudo@Ler, do Centro de Educação da Universidade Estadual do Ceará).
(Publicado no nº 23, edição de janeiro a março de 2006, do Jornal Tudo@Ler, do Centro de Educação da Universidade Estadual do Ceará).
Gilberto Carvalho Pereira
Enviado por Gilberto Carvalho Pereira em 02/05/2012
Código do texto: T3645604
Código do texto: T3645604
Fonte: Recanto das Letras
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