quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Menino chamado de 'Félix da novela' vence bullying em escola com terapia

Caso aconteceu em Piracicaba em agosto; mãe fez BO contra professora.
'Ele está tranquilo e tenta superar a separação dos amigos', diz advogado.


Do G1 Piracicaba e Região


Garoto foi chamado de Félix por professora em escola estadual de Piracicaba (Foto: Leon Botão/G1)


Garoto foi chamado de Félix por professora em escola estadual em Piracicaba (Foto: Leon Botão/G1)


O menino de 11 anos que sofreu bullying da professora ao ser comparado com o personagem Félix, interpretado por Mateus Solano na novela da Rede Globo "Amor à Vida", faz terapia há dois meses em Piracicaba (SP) para superar o trauma e a separação dos amigos da escola. Depois de toda polêmica sobre o caso, o garoto saiu da unidade escolar e teve que recomeçar o ano letivo em outro local. "Ele está tranquilo agora", afirmou o advogado da família, Homero de Carvalho.
Ainda segundo o advogado, o tratamento é pago pela mãe do garoto. "É particular e vai ajudá-lo a aceitar a mudança de escola e o rompimento com os amigos da classe", contou Homero aoG1. Alguns amigos e familiares ajudam a incutir na cabeça do garoto que tudo não passou de um mal entendido. "Eles dizem que o comentário deve-se apenas à semelhança física entre o menino e o ator da novela", ressaltou Carvalho.
Os óculos de grau que foram o chamariz para a "brincadeira" da professora continuam sendo usados pelo garoto. A família entrou com processo por danos morais contra o estado e aguarda a decisão. "A ação agora está nas mãos do procurador do Estado de São Paulo e estamos aguardando a resposta deles", afirmou Carvalho. O menino vai à terapia uma vez por semana, segundo o defensor da família.
Relembre o caso
A mãe do adolescente, que estudava na Escola Estadual Professora Juracy Neves de Mello Ferracciú, no bairro Noiva da Colina, fez um boletim de ocorrência em agosto de 2013 contra a professora que chamou o menino de Félix, personagem homossexual e vilão na novela. A docente, que ensina geografia, disse em sala de aula que o menino se parecia com o então administrador do hospital da trama das 21h. O boletim de ocorrência foi registrado como injúria.
Na época, a mãe do garoto comentou que ele voltou das férias com óculos de grau depois de ir ao médico. Foi então que a professora, ao notar a diferença no visual, disse em sala de aula que o rapaz se parecia com alguém, mas que ela não podia dizer o nome, ainda conforme relatos da mãe, uma despachante de 36 anos. "Foi quando um dos colegas de classe disse que sabia quem era e disse o nome do personagem", afirmou a genitora na data.
Outros casos
E não foi só mãe de aluno que fez boletim de ocorrência ao longo de 2013. Os professores também recorreram à polícia em muitos casos. Em abril, um professor de matemática da rede estadual de ensino de Piracicaba registrou um boletim de ocorrência ao se sentir ameaçado e perseguido por uma aluna e o namorado dela. O docente, de 48 anos, relatou ter sido abordado pelo casal quando saía da Escola Estadual Professor Jethro Vaz de Toledo, no Jardim Itapuã.
Policiais foram até escola estadual de Piracicaba após ligação de professor (Foto: Luiz Felipe Leite/G1)Policiais foram até escola estadual em Piracicaba
após ligação de docente (Foto: Luiz Felipe Leite/G1)
No mesmo mês, o diretor e o professor de uma escola estadual de Piracicaba fizeram um boletim de ocorrência contra uma aluna de 12 anos. A menor, segundo informações da Polícia Civil, ofendeu e ameaçou os docentes porque não gostou de ser advertida em sala de aula. A garota foi suspensa por cinco dias. A Polícia Militar esteve no local a pedido do professor, que temia represálias por parte de uma "gangue" de amigos da menina.
Em março do mesmo ano, um professor foi acusado de agredir estudantes de uma sala do sexto ano da Escola Estadual Professora Elisabeth Steagall Pirtouscheg, no bairro Molon, em Santa Bárbara d'Oeste (SP). Ele foi detido para prestar depoimento. Segundo testemunhas, o professor teria tentado enforcar duas estudantes, chutado um e pisado em outro. Todos têm entre 10 e 11 anos.
Mães conversam com advogado de professor agressor de Santa Bárbara (Foto: Thomaz Fernandes/G1)Mães conversam com advogado de professor agressor de Santa Bárbara (Foto: Thomaz Fernandes/G1)