Viviane Oliveira
Só nos primeiros seis meses deste ano, aumentou em 40% as ocorrências
de violência em escolas de Campo Grande. De acordo com a delegada
Titular da Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e
Juventude), Maria de Lourdes Cano, só em junho foram 219 registros.
Os casos mais comuns são agressões verbais, empurrões, discussões,
ameaças e furtos contra os próprios alunos. Porém o que chama atenção
das autoridadades de segurança são agressões contra os professores.
Para a delegada, o comportamento de um adolescente explosivo, que
agride e até mata por motivo fútil, está ligado à falta de estrutura
familiar. “Ele acha que por ser adolescente nada vai acontecer”,
destaca.
Maria de Lourdes cita como exemplo, o adolescente de 17 anos que após
uma discussão esfaqueou no dia 12 de abril o professor Rafael da Silva
Lima, na escola Estadual José Barbosa Rodrigues.
“Em depoimento ele disse que foi um momento de bobeira”, relata,
acrescentando que quando os pais não participam da vida escolar dos
filhos o resultado não é bom. Segundo a delegada, muitos pais confundem o papel da escola, e não se interessam a acompanhar a vida escolar dos filhos.
“A fase dos 13 até os 15 anos se eles não tiverem o acompanhamento da
família, a tendência é procurar refúgio nas ruas e consequentemente
levá-los a procurar as drogas”, pontua, acrescentando que tem que haver
uma interação entre família e escola.
Conforme a delegada, esta fase é de transformações e de conflitos,
que alguns superam com rapidez, outros procuram caminhos, que muitas
vezes, vem de encontro com a falta de estrutura e o despreparo familiar.
Outro ponto, que a delegada destaca, é o volume de informações que ao
longo do tempo foi mudando. “Antigamente a informação era limitada – os
pais que passavam. Hoje são muitos os meios, cada um absorve de uma
maneira”.
Para Maria de Lourdes, o que está faltando são os pais mostrarem o
quanto um professor tem valor. “Os valores tem que vir de casa. Muitos
pais confundem a vigência do Eca (Estatuto da Criança e do Adolescente),
que já existe há 22 anos, e acham que os filhos só tem direitos e
muitos acham ruim quando o professor é rígido", relata.
Ela finaliza dizendo que é muito triste quando um aluno uniformizado e
com a mochila nas costas, divide o corredor da delegacia com bandidos.
“Enquanto profissional esta é uma decepção muito grande”.
Comoção - Na tarde de ontem (28) o diretor escolar
Delmiro Salvione Bonin, de 55 anos, foi assassinado por um estudante de
16 anos por volta das 16h30. O crime aconteceu dentro da escola
Municipal Luiz Cláudio Josué, no distrito de Nova Casa Verde, no
município de Nova Andradina.
Fonte: Campo Grande News