Menina com deficiência é hostilizada por colegas em escola estadual de São José e desiste dos estudos
Uma menina estudiosa, comunicativa e
que, embora tenha certa limitação nos movimentos, sempre se relacionou
bem com as pessoas. Esse é o perfil de E.P.B., 9 anos, que mora no
bairro Jardim São José 1, na zona leste de São José dos Campos. Porém,
desde novembro essas características mudaram. Tudo por causa do bullying
que sofreu na escola estadual Xenofonte Strabão de Castro, no bairro
Jardim Santa Inês.
Desde então ela foi apenas uma vez na escola e se tornou uma menina
calada, que pouco sorri. Em casa há quatro meses, E. passa boa parte do
tempo escrevendo ou desenhando. E. não tem o movimento do joelho para
baixo nas duas pernas e se locomove com cadeira de rodas. Ela também não
possui a mão direita.
Mesmo com os problemas, a
mãe de E., Maria Lúcia Pereira, disse que isso nunca foi empecilho para
nada nos dois anos em que ela está na atual escola. “Ela sempre foi
muito estudiosa e arrancava elogios dos professores”, disse a mãe, que
também tem sofrido com a situação.
Problema
Tudo começou em novembro de 2011, já no final do 3º ano do ensino fundamental, série que cursava até então. Segundo a menina, três alunos da sala dela começaram a chamá-la de aleijada. “Eu conversei com as mães dos alunos para que isso parasse. As crianças até vieram pedir desculpas, mas começou tudo de novo na semana seguinte”, afirmou a mãe da menina.
Tudo começou em novembro de 2011, já no final do 3º ano do ensino fundamental, série que cursava até então. Segundo a menina, três alunos da sala dela começaram a chamá-la de aleijada. “Eu conversei com as mães dos alunos para que isso parasse. As crianças até vieram pedir desculpas, mas começou tudo de novo na semana seguinte”, afirmou a mãe da menina.
E a recusa da menina em frequentar
as aulas está refletindo no irmão mais novo, que tem cinco anos. Segundo
a mãe, ele não quer mais ir às aulas para fazer companhia para E.
Estudos
Sem ir à escola, E. deixou de ter as aulas de matemática de que tanto gosta. Maria Lúcia disse que a escola prometeu que os materiais das aulas seriam entregues à ela para que a filha pudesse estudar, porém isso não aconteceu. “Eu já fui na escola mas não tem nada para eu trazer para casa. Agora ela está aqui em casa, querendo estudar, mas não pode”, disse Maria Lúcia.
Sem ir à escola, E. deixou de ter as aulas de matemática de que tanto gosta. Maria Lúcia disse que a escola prometeu que os materiais das aulas seriam entregues à ela para que a filha pudesse estudar, porém isso não aconteceu. “Eu já fui na escola mas não tem nada para eu trazer para casa. Agora ela está aqui em casa, querendo estudar, mas não pode”, disse Maria Lúcia.
A direção da escola nega problemas
o da Escola Estadual Xenofonte Strabão de Castro negou, em nota, que a aluna E.P.B. seja vítima de bullying na unidade escolar.
De
acordo com a direção da escola, em 2011 foi registrado um caso pontual
de um aluno que teria ofendido a jovem e, na ocasião, o corpo docente se
reuniu com os responsáveis pelo agressor para discutir medidas
socioeducativas a fim de evitar a reincidência de situações semelhantes.
A
direção informou ainda que implantou, em 2009, o Sistema de Proteção
Escolar visando coibir eventuais fatores de vulnerabilidade e conflitos
inerentes à comunidade escolar, como é o caso do bullying.
Quanto
ao conteúdo pedagógico, a direção da escola afirmou que o material é
entregue aos responsáveis pela aluna, conforme deliberação do Conselho
Estadual de Educação nº 59/2006, que permite aos estudantes em
tratamento de saúde, com real dificuldade de cumprirem as atividades
escolares normais, a possibilidade de prosseguirem em seus estudos. As
atividades foram descontinuadas pois os responsáveis pela estudante
deixaram de retirar o conteúdo pedagógico na unidade escolar.
Especialista diz que bullying piorou
De
acordo com o psicólogo Paulo Sodré, é comum que as crianças lidem com o
que é novo para elas com piadas. O problema, segundo o especialista, é
que as brincadeiras se tornaram ofensas. “Isso acontece porque as
crianças são influenciadas pela violência que atinge a sociedade. As
brincadeiras de hoje não são as mesmas de 10 anos atrás”, afirmou. Para
ele, os alunos que ofenderam a menina precisam ser acompanhados por
profissionais da área pedagógica. Sodré disse também que E. precisará de
psicólogo. “Ela vai ter que fazer um trabalho para se adaptar a essa
condição e aprender a se defender durante essas situações que vão
acontecer.”
Fonte: Diário SP
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