Tema cada vez mais recorrente em ambiente escolar, o bullying foi o
foco de uma palestra realizada no Colégio Dante Alighieri no dia 25 de
maio. A professora Cléo Fante, que pesquisa o assunto há 12 anos,
realizou uma apresentação focada na diferenciação entre o que é bullying
e o que é, erroneamente, denominado dessa maneira. “O bullying é tudo
isso que falam mesmo? Parece que as escolas estão infestadas de
bullying, que os professores são responsáveis e que os alunos e a
sociedade em geral se amedrontam”, questionou.
A coordenadora de Orientação Educacional do Colégio, profª Silvana
Leporace, concordou com o excesso do uso do termo. “A mídia faz parecer
que o bullying é o resultado de qualquer situação nas escolas, seja
violência ou brincadeiras de mau gosto. A questão não é eliminar os
outros problemas, e sim diferenciá-los do bullying”, explicou.
Segundo Cléo Fante, a palavra bullying, que, além de ter um uso
descomedido, se tornou um termo forte, preocupa, inclusive, funcionários
das escolas. “Os educadores também têm medo.
Eles temem a possibilidade
de chamar a atenção de um estudante e ele chegar em casa questionando a
atitude tomada na escola. Como consequência, os pais podem acusar o
educador e a escola de bullying”, explicou. “Por isso, devemos
diferenciar o bullying de brincadeiras e incivilidades, como violência
escolar, depredação e tráfico de drogas.”
A professora Silvana Leporace ressaltou, em complemento, a
importância de pais e educadores ouvirem os lados imparcialmente.
“Sempre que a questão envolve o filho, a questão emocional fica muito
forte. O filho chega em casa levando a situação, mas os pais devem ouvir
o outro lado. Muitas vezes o docente precisa, de fato, chamar a atenção
dos alunos para falar de situações que não se enquadram nos padrões de
comportamento”, esclareceu.
Ainda explicando as diferenças, a professora Cléo Fante citou o caso
de estudantes que atentam contra profissionais da escola. Nesse caso,
não seria bullying, e sim “uma infração, desacato ou quebra no
regimento”. E destaca o jeito mais simples de definir bullying: “É a
violência gratuita e cruel, onde os mais fortes convertem os mais fracos
em objeto de diversão e prazer através de ‘brincadeiras’ que disfarçam o
propósito de maltratar e intimidar. Ocorre quando há intencionalidade
de causar danos, persistência com o mesmo alvo, ausência de motivos,
assimetria de poder entre as partes e prejuízos às vítimas.”
A pesquisadora também falou de cyberbullying, termo especificamente
associado à violência recorrente em meios digitais que se multiplicam na
internet. Os casos ocorrem, principalmente, em redes sociais online,
como o Facebook, e mídias digitais, como blogs. Ela apresentou diversos
exemplos de bullying e cyberbullying, assim como fatos equivocadamente
nomeados dessa maneira, ocorridos dentro e fora do Brasil. Como método
de combate a essa violência, ela sugeriu uma maior união entre família,
escola e poder público.
A professora Silvana lembrou que o termo bullying tem sido, de fato,
usado com maior recorrência. Mas ela esclareceu que a área pedagógica do
Colégio analisa bastante o assunto a fim de diferenciar e evitar
quaisquer situações que possam prejudicar os discentes. “Nas escolas, o
grupo de convívio é muito maior, então eles devem aprender a respeitar
certas diferenças. Os educadores também aprendem muito e trazem
questionamentos a nós, no intento de aprimorar os métodos de ensino
respeitando os limites”, esclareceu.
A coordenadora ressaltou que, para se evitarem problemas, suscitados
por bullying ou não, deve haver respeito entre os próprios alunos e
entre estes e os educadores. Quanto ao cyberbullying, a coordenadora
reconheceu uma maior dificuldade em combatê-lo. “O cyberbullying também
precisa de uma atenção muito grande. Pode acontecer fora da escola, mas
os envolvidos geralmente são daqui, e o assunto será trazido para cá.
Todos verão as informações divulgadas e, por mais que alguém tente
apagá-las, o conteúdo nunca sumirá da internet”, explicou.
Para concluir, a professora Silvana explicou que o Colégio combate
fortemente esse tipo de violência escolar. “O bullying é algo que nos
preocupa, pois mexe tão fortemente com as pessoas que pode comprometer
muito a vítima e todo o seu futuro. Na escola, não admitimos isso e,
definitivamente, precisamos nos posicionar quando algo acontece”,
concluiu a coordenadora.
Fonte: Colegio Dante
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