Protesto foi feito em frente da Câmara Municipal. (Nova News)
Cerca de 500 pessoas participaram de um protesto contra a
violência, após a morte do professor Delmiro Salvione Bonin, de 55
anos, assassinado a tiros na tarde de ontem (28), em Nova Andradina, por
um estudante de 16 anos. A manifestação foi feita em frente à Câmara
Municipal.
Com palavras de ordem e depoimento de amigos e pessoas da família,
todos manifestaram indignação pela morte do diretor. "Não é justo termos
que conviver e tentar mostrar caminhos do bem para delinquentes que já
carregam uma extensa fixa criminal. Esse assassino frio e calculista já
tentou contra a vida de outra pessoa na mesma escola", denunciou um dos
manifestantes.
Segundo o site Nova News, moradores do distrito que participavam do
protesto afirmaram que a escola foi obrigada a aceitar o estudante
suspeito de assassinar o professor. Em março deste ano, há um registro
policial envolvendo o jovem: à época, segundo as informações da Polícia,
ele tentou matar um adolescente de 17 anos.
"Fomos obrigados a aceitar ele novamente na escola e, mesmo colocando
nossa própria vida em risco, poderíamos ser punidos pela Justiça se
tivéssemos negado o direito dele estudar", desabafou uma professora.
Revoltada, outra educadora disse que "não é justo um professor ganhar um salário
de miséria para conviver com delinquentes". "Temos prazer em dar aula.
Essa é a nossa profissão escolhida. 99% dos nossos alunos são filhos de
pessoas de bem, mas sabemos de alguns maus elementos. Eles veem na
escola um refugio para fugir de seus problemas e estão ali causando
risco para professores e alunos", protestou.
Com medo de represálias, os participantes do protesto que concederam
entrevista não quiseram divulgar seus nomes.
A Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul)
divulgou uma nota de solidariedade a família do diretor.
Conforme o comunicado, a direção da federação se solidariza com a
família e amigos do professor. Repudia qualquer ato de violência nas
escolas públicas e reafirma a necessidade da implantação de políticas
públicas mais eficazes.
“Acreditamos que a violência escolar tenha vários motivos entre eles
os problemas sociais, alunos desmotivados, com uma visão negativa da
escola, a falta de responsabilidade social, de punições individuais e
políticas educacionais que não levam em consideração as realidades
locais dos professores, alunos e pais”, informa direção da federação.
Na nota a direção ressalta ainda que a “ violência é um problema
social que está presente nas ações dentro das escolas, e se manifesta de
diversas formas entre todos os envolvidos no processo educativo. Isso
não deveria acontecer, pois escola é lugar de formação da ética e da
cidadania dos sujeitos ali inseridos, sejam eles alunos, professores ou
demais funcionários”.
Crime - Delmiro foi morto por volta das 16h30. Ele,
outros funcionários do colégio e alunos seguiam para o ônibus que faz o
transporte entre a escola e a área urbana. Delmiro esqueceu algum
objeto e voltou para buscar. Neste momento ele foi alvejado.
O diretor foi socorrido para o hospital Cassems, onde morreu. Até o
início da manhã desta sexta-feira o estudante não havia sido localizado.
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