domingo, 30 de abril de 2017

Porteiro de colégio tradicional de SP escreve livro em cordel sobre bullying

Gonçalo José Soares se baseou em experiências próprias e em casos que viu em escolas para narrar, em versos, o sofrimento das vítimas desse tipo de agressão.

Por Paulo Toledo Piza, G1 São Paulo


A palavra bullying não existia na época em que Gonçalo José Soares de Macedo era criança, na década de 1970. O significado dela, porém, era vivido diariamente por ele nas salas de aula. Quatro décadas depois, quando foi trabalhar como segurança e porteiro em escolas na cidade de São Paulo, descobriu o vocábulo e viu que a agressão, infelizmente, seguia acontecendo. Para lidar com as más lembranças e tentar ajudar os estudantes que conheceu, resolveu escrever um livro, em cordel, sobre o bullying.

Gonça, como é carinhosamente chamado por amigos e colegas, nasceu em Cratéus, no sertão do Ceará, em 1966. Na infância, tomou gosto pela música regional e pela literatura de cordel. Os números, porém, eram seu ponto fraco. Seu baixo rendimento em matemática fez com que fosse alvo de provocações de colegas, principalmente de um primo.

“A gente ia a pé para a escola, e no caminho todo ele dizia que eu era cabeçudo, ficava falando mal. Na sala de aula ele falava para o professor pedir para eu fazer conta. Eu achava difícil, errava, e ele ria. Era o tempo todo isso.” Além do bullying dos colegas de sala, sofria com reprimendas de professores, que o obrigavam a ajoelhar no milho. “Aprendi a conviver com essa situação”, disse.


Com vergonha de contar para os pais ou para algum dos seus oito irmãos, ele combatida a tristeza correndo, ouvindo rádio e lendo poesia. “Sempre gostei de música e comecei a frequentar a igreja.” Foi lá que, aos 22 anos, começou a se aventurar nas letras, se inspirando nos versos de um artista regional chamado Zé Vicente.

Os primeiros poemas de Gonça, que falavam de Jesus Cristo e de passagens da Bíblia, eram voltados aos fiéis da igreja que frequentava. Os textos foram saindo e ele descobriu naquele templo que poderia usar o cordel como um meio de contar histórias que marcaram sua vida.


Ida a SP

No começo da década de 1990, veio morar em São Paulo. Depois de ser segurança em um banco e em uma escola no Morumbi, Zona Sul, foi trabalhar, em 1997, como porteiro do Colégio Dante Alighieri, nos Jardins, bairro nobre da capital paulista.

O convívio com estudantes e professores o levaram a escrever um livro em cordel contando a história do colégio. “Li bastante, fiz resumos, transformei em cordel e apresentei para a direção." A obra foi bem recebida internamente e o colégio bancou sua publicação em 2011, ano do centenário da fundação do colégio.


Realengo e Columbine

Os primeiros versos sobre o bullying vieram nesta época. “Lembro de ver uma mãe que tinha um filho que sofria bullying. Ela deixava o menino no colégio e esperava ele entrar, bem aflita. Depois, ligava para o psicólogo para saber o que deveria fazer”, disse. O episódio é citado no seu livro:

“A mãe na porta da escola
Deixa seu filho querido;
Ele só anda com ela
Devido ao fato ocorrido.
Fica só observando
O seu filho estudar;
E ela segue o comando
De um médico no celular.
O doutor fala para ela
Se ausentar alguns minutos;
O filho sente na goela
O aperto absoluto.”

A obra foi concebida no trajeto entre o colégio e sua casa, em Guaianazes, extremo Leste da capital. “Escrevia no trem, no metrô e no ônibus.” Enquanto elaborava as rimas, refletia sobre as causas e soluções do bullying. “Você tem que desabafar para resolver. Conversar sobre isso para ver se passa”, disse. “O problema é tentar resolver na violência.”

O livro foi lançado em 2015, com tiragem de 700 exemplares. A obra é vendida a R$ 20 no próprio colégio e em bancas na Avenida Paulista.

Gonça conta que dois casos de violência em escolas, que o impressionaram muito, o fizeram escrever sobre o tema: os massacres de Columbine, nos Estados Unidos, e do Realengo, no Rio.

A tragédia norte-americana aconteceu em 1999, no Instituto Columbine em Denver, no Colorado. Eric Harris, de 18 anos, e Dylan Klebold, de 17, detonaram bombas caseiras e abriram fogo no colégio, matando 12 estudantes e um professor e ferindo 23 outras pessoas antes de cometerem suicídio. A história é mencionada no livro:

“Um caso emblemático
Deu-se nos Estados Unidos:
Em 99, um momento trágico;
Os países lamentam o ocorrido.
No colégio Columbine
High School, Colorado,
Dois jovens com carabina:
Doze alunos foram imolados.
Umas vinte foram feridas
Naquele dia sangrento;
Faziam preces pela vida
Todos deitados ao relento.”

O massacre do Realengo ocorreu em abril de 2011. Na ocasião, o ex-aluno Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, entrou armado na Escola Tasso da Silveira, na Zona Oeste do Rio, e matou 12 adolescentes. O jovem cometeu suicídio em seguida.

Relatos de parentes dos atiradores de ambos os casos indicam que os agressores sofreram bullying na adolescência. Para Gonça, isso poderia ser evitado caso os jovens tivessem falado sobre o assunto com psicólogos e partentes. “Diálogo é a chave de tudo. A gente se resolve.”

“Eu diria a quem vem sofrendo bullying que não tenha vergonha de falar sobre isso. Procure um professor, procure sua orientadora, seus pais, alguém que possa resolver o problema. Para que não deixe a situação se agravar.”

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Conceito e Atos de Bullying no Trabalho: Perceção dos Enfermeiros

Conceito e Atos de Bullying no Trabalho: Perceção dos Enfermeiros

  
Data: 2017
Origem: International Journal on Working Conditions
Assunto(s): Bullying, Saúde Ocupacional, Enfermeiros

Descrição
Bullying, Saúde Ocupacional, Enfermeiros
Tipo de DocumentoArtigoIdiomaPortuguês

Baleia Azul alerta para necessidade da aproximação entre os pais e filhos

ILUSTRADO

Umuarama – O mês de abril foi palco de uma ampla discussão da situação psicológica das crianças, adolescentes e jovens. O jogo da Baleia Azul surgiu como um sinal para a sociedade abrir os olhos para essa parcela da comunidade que muitas vezes sofre calada. Para falar a respeito do desafio que leva ao suicídio e também do bullying, o jornal Umuarama Ilustrado conversou com o psiquiatra Maurício Bianco. Para o profissional, o alerta se volta para a relação entre pais e filhos.
Bianco ressaltou que toda a discussão envolvendo a situação psicológica da juventude abriu os olhos da sociedade para um problema que vem se tornando corriqueiro nos consultórios: a depressão juvenil. Para ele, o caso do jogo da Baleia Azul mostra que se os pais forem competentes eles vão entender o pedido de socorro do filho, se não for, o pior acontecerá. “Não é só o suicídio, existem várias formas de se matar. O jovem pode bater o carro, se isolar, começar a usar drogas, a overdose. A morte não é só física, mas psicológica”, alertou o profissional.
Desta forma, o psiquiatra fala que os pais precisam prestar atenção nos filhos, participar da sua vida, seus anseios e dificuldades, como também suas vitórias. “Os pais vivem em um momento que os afazeres consomem seu tempo, mas é preciso ter o tempo para seus filhos. Faça atividades com eles, verifique os gostos dos filhos e tente se aproximar, mas isso tem que começar desde cedo. Em alguns casos é preciso a ajuda de um profissional da área”, orientou Bianco.
Por ser uma fase de mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais, os jovens acabam vivendo a onipotência juvenil, em que eles sabem de tudo e os pais não sabem nada. Nesta situação o entrevistado orienta a não enfrentar determinadas situações, mas entender o momento e buscar soluções, pois todos já fomos adolescentes. “Já fomos adolescente e temos que usar esse conhecimento para salvar nossos filhos”, acrescentou.
CONSTRUÇÃO DO PSICOLÓGICO – Outra situação de perigo para as crianças, adolescentes e jovens é o bullying. Maurício Bianco explica que a violência física ou psicológica (bullying), acontece em uma faixa etária em que o ser humano está na formação psicológica, então se torna muito receptiva e sofre mais, se comparado a uma pessoa com a formação completa. “Isso faz com as agressões na infância promovam repercussões no futuro”, ressaltou.
Conforme o psiquiatra, o bullying é uma luta de poder e nem sempre o mais forte fisicamente vai promover a violência, e sim, o mais agressivo. “Essa atitude agressiva e violenta consegue intimidar as outras pessoas, pois quem sofre é uma pessoa mais isolada, com poucos amigos. O grupo se junta e acabam atacando os mais fracos. Então essa criança sempre vai ter autoestima baixa, dificuldade de fazer amigos. Vai ser mais insegura e na vida adulta pode inverter esse papel de covarde para ser mais agressivo”, alertou.
DEPRESSÃO JUVENIL – O bullying sempre existiu, o que muda é que antigamente as pessoas tinham uma atitude menos hostil, não eram tão agressivos, além de se falar mais do assunto, ressaltou o médico. No Brasil, aproximadamente um em cada dez estudantes é vítima frequente de bullying nas escolas. São adolescentes que sofrem agressões físicas ou psicológicas, que são alvo de piadas e boatos maldosos, excluídos propositalmente pelos colegas, que não são chamados para festas ou reuniões. O dado faz parte do terceiro volume do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2015, dedicado ao bem-estar dos estudantes.

Tal situação é um alerta, pois vem acarretando com frequência jovens com depressão nos consultórios psiquiatras. “Na depressão juvenil o jovem fica mais triste e isolado e acaba partindo para as drogas, pois o bullying gera ansiedade e as drogas lícitas e ilícitas acabam diminuindo essa ansiedade”, esclareceu o médico.


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Escolas em alerta
As escolas também precisam ficar atentas as situações de agressões e saber trabalhar com isso, levantar e discutir o problema entre seus personagens, argumento Bianco. “É um momento complexo da nossa sociedade, mas não adianta se fechar. Talvez não estamos falando a língua dos jovens, pois a escola é engessada, o adolescente é livre e os pais atarefados”, finalizou.

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Baleia Azul
O jogo virtual Baleia Azul é praticado em comunidades fechadas de redes sociais como Facebook e Whatsapp e instiga os participantes, em maioria adolescentes, a cumprir 50 tarefas, sendo a última delas o suicídio.
Pelo menos três mortes suspeitas de estarem relacionadas ao suposto jogo são investigadas pelas autoridades locais de Belo Horizonte, Pará de Minas (MG), Arcoverde (PE).
No Rio de Janeiro, a Polícia Civil investiga, pelo menos, quatro casos suspeitos, todos envolvendo adolescentes a prática do jogo no estado. A Polícia Federal busca os envolvidos com o jogo.
Na tentativa de proteger crianças e adolescentes nas redes sociais, o Safernet, entidade que aborda a questão da privacidade e segurança na internet, abriu uma linha para falar com os usuários sobre o Baleia Azul.
Por meio de um post no Facebook, a instituição se põe à disposição para responder e-mail por 24h, para conversar em tempo real com os internautas e em oferecer atendimento psicológico a quem precisar.

Autora conta em livro como sofreu bullying pesado por seis anos seguidos em colégio de freiras do Rio

O GLOBO

POR CLEO GUIMARÃES


Dos 11 aos 17 anos, Anastácia Ottoni sofreu bullying pesadíssimo no colégio de freiras em que estudava, em Ipanema. “Ir para a escola significava enfrentar humilhações constantes e vozes que diziam que eu era assustadora, uma bruxa. Quando me viam passando, as pessoas fingiam que estavam levando um susto”, lembra.
Ela precisou de ajuda médica para superar uma depressão profunda que a levou a pensar em suicídio. Mais de 15 anos depois, Anastácia conta tudo o que viveu no e-book “Entrecortes, a história que ninguém gostaria de contar”, um dos dez mais mais baixados gratuitamente na Loja Kindle e o 2º entre os de literatura e ficção (contos) da Amazon.

É preciso falar sobre bullying, depressão e suicídio, alertam especialistas

AGÊNCIA BRASIL EBC

Ana Lúcia Caldas - Repórter do Radiojornalismo

“Depressão é uma doença que faz a gente parar de enxergar a realidade que está a nossa volta. Por mais que alguém diga que você é bonita, bem-sucedida, nada disso adianta quando a gente está com esse defeito na cabeça, que diz exatamente o contrário”, conta Nauzila Campos, de 25 anos. A jornalista, advogada e modelo convive com a doença desde 2015.
No mês em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para o aumento de casos de depressão, especialistas e pessoas em tratamento destacam a necessidade de debater o assunto e de lidar com a influência do bullying sobre a depressão e da depressão sobre o suicídio.
O número de pessoas que vivem com depressão, segundo a OMS, cresceu 18% entre 2005 e 2015. A estimativa é de que, atualmente, mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades sofram com a doença no mundo. “No pior dos casos, a depressão pode levar ao suicídio, segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos”, destaca a OMS.
“O problema da depressão é que, mesmo que ela não seja crônica, ela é um fantasma que fica ali na moita, à espreita, pronta para atacar novamente”, acrescenta Nauzila. Em uma das crises, a advogada ficou horas vagando pelas ruas. Hoje, ela usa as redes sociais para falar do problema.
A coordenadora da Comissão de Estudo e Prevenção ao Suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria, Alexandrina Meleiro, destaca que a falta de conhecimento faz com que o assunto se torne tabu, por isso, é tão importante discutir o tema. “Só sabe o que é depressão quem já passou ou está passando [por isso]. Quem está de fora claro que tem preconceito: é por que não tem o que fazer, é por que é preguiçoso. Então, [o doente] tem mil rótulos.”
O quadro de diminuição de autoestima, tristeza, desânimo e perda cognitiva é resultado de alterações nos neurotransmissores. “Então, a pessoa fica mais lenta nas reações emocionais, no sono, no peso que pode alterar para mais ou para menos. Uma infinidade de sintomas vai expor o quadro depressivo”, conta Alexandrina.
Segundo a OMS, a depressão será em uma década a doença que mais vai afastar as pessoas do seu dia a dia.
Além das redes sociais, séries na internet, desafios virtuais e brincadeiras perigosas colocam esses assuntos em destaque.

Bullying
Rebeca Cavalcanti, de 24 anos, não tem boas recordações do primário. “Foi um período muito complexo para mim, e o tipo de bullying que eu sofri foi por causa das minhas características físicas. Hoje em dia em tenho um sério problema por causa da minha aparência”, lembra a estudante.
Brasília - O Facebook lançou plataforma com ferramentas para ajudar adolescentes, pais e professores a evitar e combater o bullying em redes sociais (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Um em cada dez estudantes no Brasil é vítima frequente de bullyingMarcello Casal Jr/Agência Brasil
Assim como Rebeca, dezenas de crianças e adolescentes são alvo de piadas e boatos maldosos, além de serem excluídos pelos colegas. Um em cada dez estudantes no Brasil é vítima frequente de bullying, de acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). Dados do relatório mostram que 17,5% dos alunos brasileiros, na faixa dos 15 anos, sofreram algum tipo de bullying “pelo menos algumas vezes no mês”.
Segundo a psiquiatra, estudos mostram que casos de ansiedade e depressão podem estar relacionados ao bullying. “Ele vai massacrando a autoestima e isso favorece desenvolver alguns quadros, entre eles, de ansiedade e principalmente de depressão. Há estudos nacionais e internacionais mostrando que pessoas vítimas de bullying são mais suscetíveis a desenvolver quadros depressivos.”
Desde o ano passado, está em vigor a lei que obriga escolas e clubes a adotarem medidas de prevenção e combate o bullying por meio da capacitação de professores e equipes pedagógicas. A norma também estabelece que sejam oferecida assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e aos agressores.

13 Reasons Why
A série 13 Reasons Why, disponível no catálogo de filmes do Netflix, aborda casos de bullying entre adolescentes. A primeira temporada do enredo conta a história de um jovem estudante que encontra uma caixa com várias fitas cassete na porta de sua casa, gravadas por sua amiga que se suicidou. Em cada fita, a menina dá treze motivos pelos quais cada pessoa a quem as fitas foram enviadas, contribuíram para que ela se suicidasse.

CVV
A série fez com que aumentasse a procura pelo serviço do Centro de Valorização da Vida (CVV). Para a voluntária do CVV, que prefere ser chamada apenas de Leila, além de tratar como política pública, é preciso incentivar formas de ajuda em casos de depressão.
“A gente não pode ficar de braços cruzados vendo isso. É uma questão de política pública. Quando a gente está com uma dor no pé, a gente vai ao ortopedista, se o problema é o coração, com taquicardia, a gente vai ao cardiologista. Então, quando a gente está com uma dor emocional uma dor que não é física, a gente tem que tratar também buscar auxílio para essas emoções.”
Leila conta que as pessoas que recorrem ao CVV querem falar de suas angústias, de seus problemas de uma forma sigilosa, de uma forma acolhedora. “[Agimos] para que ela se sinta à vontade ali para falar coisas que talvez de outra forma ela não teria com quem falar. Ela se sentiria julgada.”
Além das unidades em diversas regiões do país, o CVV atende pelo número 141.

Suicídio
De acordo com a OMS, o suicídio é atualmente um problema de saúde pública, sendo uma das três principais causas de morte, entre pessoas de 15 a 44 anos, e a segunda entre as de 10 a 24 anos. A cada ano, aproximadamente 1 milhão de pessoas tira a própria vida, o que representa uma morte a cada 40 segundos. O Brasil tem cerca de 10 mil registros anuais.
Estudos revelam que a maioria dos suicídios está ligada a transtornos psiquiátricos como explica a psiquiatra Alexandrina Meleiro.
Em meio a informações sobre desafios virtuais e suicídios supostamente associados a jogos o médico Daniel Martins de Barros, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, defende que o tema seja conversado entre pais e filhos.
“Os pais têm o papel de ajudar os filhos a lidar com as informações que eles recebem do mundo. Não adianta você falar eu não vou conversar com o meu filho sobre isso, porque seu filho vai conversar sobre isso com outras pessoas. Então, é melhor você passar sua versão”, destacou o psiquiatra. “Às vezes, a criança e o adolescente não conseguem elaborar muito essa sensação de tristeza, mas ficam mais irritados, às vezes mais agressivos, mais inquietos. Começam a influenciar nos relacionamentos, no rendimento escolar. São mudanças que você só percebe estando atento, estando envolvido com seus filhos.”
E é possível reagir. “Eu sei o que é chegar ao fundo do poço e eu sei que é possível sair, não importa quão fundo você chegue. Eu sei o que é você acreditar que nada tem saída em relação àquele problema, que nada se pode fazer em relação à doença que você tem. Mas eu quero dizer que tem sim. É possível sair dessa”, disse a advogada Nauzila Campos.

Baleia Azul
O jogo virtual Baleia Azul é praticado em comunidades fechadas de redes sociais como Facebook e Whatsapp e instiga os participantes, em maioria adolescentes, a cumprir 50 tarefas, sendo a última delas o suicídio. Pelo menos três mortes suspeitas de estarem relacionadas ao suposto jogo são investigadas pelas autoridades locais de Belo Horizonte, Pará de Minas (MG), Arcoverde (PE). No Rio de Janeiro, a Polícia Civil investiga, pelo menos, quatro casos suspeitos, todos envolvendo adolescentes a prática do jogo no estado. A Polícia Federal busca os envolvidos com o jogo.
Na tentativa de proteger crianças e adolescentes nas redes sociais, o Safernet, entidade que aborda a questão da privacidade e segurança na internet, abriu uma linha para falar com os usuários sobre o Baleia Azul. Por meio de um post no Facebook, a instituição se põe à disposição para responder e-mail por 24h, para conversar em tempo real com os internautas e em oferecer atendimento psicológico a quem precisar.
Edição: Talita Cavalcante

O triunfo dos imbecis

CORREIO 24 HORAS

Victor Uchôa (vufirmo@gmail.com)

Como se sabe, estamos bem no meio de uma overdose de Ba-Vis, com quatro clássicos em pouco mais de uma semana. Em que pese a mediocridade técnica dos nossos clubes, eu bem queria estar agora escrevendo sobre a resenha saudável nas ruas, as chacotas no serviço, o “bullying desportivo” nas escolas e a colorida festa das torcidas. Acontece que não posso fazê-lo.
Como falar de resenha saudável se o que venceu foi a selvageria? Tem o mesmo gosto fazer chacota no serviço se a idiotice nos acorrenta ao isolamento? Dá pra defender um lúdico “bullying desportivo” se os homens que tomam decisões são submissos à brutalidade? É possível, por fim, enaltecer a festa das torcidas, assim, no plural, quando os Ba-Vis estão condenados a ter torcida única, assim, no singular? Não, não dá.
Sei que sou repetitivo, caro leitor ou bela leitora, por isso peço perdão a você que mantém o inexplicável hábito de passar por aqui toda semana. Estou ciente de que já tratei desta anomalia há 15 dias, mas é que agora, até que surja uma decisão em contrário, os imbecis venceram – com aval dos incompetentes.
Na Bahia, estamos todos cansados de saber quem promove as brigas entre supostos torcedores. Enfatizo o termo “supostos” porque esses idiotas, obviamente, não são torcedores de time nenhum, a não ser do próprio bando deles. Volta e meia, um bandido desses é levado para o xadrez, mas, em dois tempos, já está livre pelas ruas, apto para ir ao estádio e sedento por uma nova confusão. Roteiro previsível.
Na Argentina, a torcida única foi implantada em 2013, com o detalhe de que a regra se aplica a todas as partidas, não somente aos clássicos. Em 2015, morei por uns meses em Buenos Aires e fui a jogos na Bombonera, em Núñez e no Cilindro de Avellaneda. Quase todas as vezes, houve brigas perto do estádio.  
Lá, como cá, os incompetentes são incapazes de afastar das partidas os criminosos que usam o futebol como desculpa para cometer crimes, então resolvem punir toda a maioria de torcedores autênticos. É o triunfo da estupidez.
Um levantamento feito pelo site argentino Salvemos al Fútbol detalha todas as mortes ligadas ao futebol local desde 1922. Em quase cem anos, são 317 mortes. Nessa soma, 40 óbitos ocorreram de 2013 pra cá, já com a torcida única implantada.
Lá, como cá, mesmo com torcida única, os imbecis seguem brigando no entorno dos estádios antes ou depois das partidas, marcam embates pela internet e armam emboscadas para os rivais em qualquer canto das cidades, isso quando não brigam entre si nas arquibancadas, por uma disputa de facções, grupos, comandos ou qualquer outro vulgo que deem as suas quadrilhas.
É de se elogiar que Bahia e Vitória tenham se manifestado contra tal bestialidade. Agora, os clubes devem seguir firmes na batalha para derrubar esta determinação. Torço até  para que esta coluna já saia defasada.
Como ando me repetindo mesmo, peço licença para concluir este texto com a mesma ideia de uma coluna de 2015, enviada de Buenos Aires. Valia para a Argentina, vale para a Bahia: se a regra da torcida única vigorar por muitos anos, uma geração inteira de crianças baianas vai crescer sem jamais ver um torcedor do time rival no estádio, o que impacta até mesmo na percepção do que é conviver com (e respeitar) as diferenças. Aceitar a diversidade, seja ela qual for, é (ou deveria ser) um fator básico para a vida em sociedade. Estamos no caminho oposto. 
Em qualquer canto do mundo, imbecis e incompetentes se merecem. Nós temos que aturá-los, mas nossas crianças merecem coisa melhor.
Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados.

A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo


De acordo com a OMS, o suicídio é uma das três principais causas de morte, em muitos países, entre pessoas de 15 a 44 anos

Repórter Brasil

A quarta e última reportagem da série especial sobre bullying, depressão e suicídio, traz um alerta. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o suicídio é, atualmente, um problema de saúde pública, sendo uma das três principais causas de morte, em muitos países, entre pessoas de 15 a 44 anos e a segunda entre as de 10 a 24 anos. A cada ano, aproximadamente um milhão de pessoas tira a própria vida, o que representa uma morte a cada 40 segundos. O Brasil tem cerca de dez mil registros anuais.

Alguns estudos revelam que a maioria dos suicídios está ligada a transtornos psiquiátricos.

Atualmente, grupos de apoio ao sobrevivente ao suicídio estão sendo implantados em São Paulo, Rio Grande do Sul, Brasília e Rio de Janeiro.

Mais informações podem ser encontradas no site do Centro de Valorização da Vida ou pelo número 141. Você pode ligar, também, no posto do CVV de sua região.

“Por Treze Razões” proibido a menores de 18 anos na Nova Zelândia

NIT PT

Tendo em conta o conteúdo explícito em relação a temas como o bullying e suícidio, a associação de cinema e literatura do país criou uma nova negra para a série, que implica sempre a presença de um adulto.

É a série do momento e é difícil encontrar quem ainda não tenha visto a história perturbadora de Hannah Baker (Katherine Langford) na Netflix. Após ter estreado em março, a série “Por Treze Razões” está a ser alvo de polémica na Nova Zelândia e até já foi criada uma nova regra de censura que impede os menores de 18 anos de verem a série sem a presença de um adulto.
Segundo a revista “Time”, a associação de cinema e literatura considerou o tema de “Por Treze Razões” demasiado violento e problemático para os adolescentes. A organização defende que a classificação determinada pela Netflix (a partir dos 13 anos) não é apropriada, devido ao conteúdo explícito do programa.
“O suicídio não deve ser apresentado como uma decisão de ânimo leve. As pessoas cometem suicídio porque não estão bem e não apenas porque alguém as tratou mal”, lê-se em comunicado oficial da associação.
Neste sentido, apesar de entenderem que o programa de televisão tem “mérito por explorar temas como a violência sexual e o bullying”, é essencial que os jovens estejam acompanhados por um adulto de forma a entenderem melhor estes assuntos.
A série, baseada no livro homónimo de Jay Asher e produzida por Selena Gomez, explora os motivos que levaram ao suicídio de Hannah Baker.
Clay Jensen (Dylan Minnette) passa grande parte do tempo a caminhar pelos corredores da escola secundária Liberty High enquanto ouve 13 cassetes deixadas por Hannah Baker, uma rapariga que cometeu suicídio há umas semanas. Cada gravação contém um excerto de áudio onde Hannah fala dos abusos físicos e psicológicos que levaram ao desfecho trágico.

Mais frequentes e cruéis

ISTO É

Um ano após a vigência da lei de bullying nas escolas, instituições de ensino não estão preparadas para lidar com o efeito devastador das redes sociais e assistem passivas ao número de casos aumentar

Crédito: Keiny Andrade
CONCILIAÇÃOApós a filha Mel ter sido vítima de bullying, Mirela Swioklo procurou a escola, que advertiu o agressor (Crédito: Keiny Andrade)
Há algum tempo, o pátio da escola deixou de ser o lugar mais comum para o agressor que decide perseguir a vítima de bullying. Agora, a discriminação ganhou uma dimensão ainda mais assustadora, com as redes sociais. Os dispositivos móveis conseguem escancarar tipos de humilhação e exposição dos mais perigosos possíveis. E as instituições de ensino ainda não estão preparadas para enfrentar o problema. “Enquanto o bullying tradicional envolve agressão física, verbal, provocações, ameaças e exclusão social no ambiente escolar, no cyberbullying a vítima se sente ameaçada dentro de casa, ao acessar o celular, e em todas as esferas da vida”, diz Marina Bialer, doutora em psicologia pela Universidade de São Paulo. “Para piorar, temos uma geração analógica que ainda não compreendeu essa forma de violência”, afirma Ana Paula Siqueira Lazzareschi de Mesquita, advogada especialista em direito digital. O mais grave é que esse cenário vem à tona no mês em que se completa um ano da lei que combate a intimidação sistemática no ambiente escolar. Pela legislação, escolas públicas e privadas seriam obrigadas a criar ações de prevenção, como capacitar professores e orientar pais e produzir relatórios mensais dos casos. No entanto, não é essa a realidade que se apresenta. “As campanhas são genéricas, faltam treinamentos para os funcionários e muitos professores promovem a violência sistemática nas redes sociais. Há uma omissão das escolas no combate à prática.”
Silêncio
O principal problema das instituições de ensino é que muitos coordenadores ainda vivem o mesmo contexto da década de 1990, quando o bullying era mais facilmente exposto. O boom de smartphones criou novas formas de humilhação, que raramente são flagradas. No ano passado, houve um aumento expressivo nos casos de discriminação por razões políticas. “Se os jovens tivessem uma posição contrária à maioria e a manifestasse, já seriam alvo de perseguição e acusados de discórdia”, diz a advogada. Para se ter ideia da tendência de aumento no número de casos, o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) verificou que 46,6% de adolescentes entre 13 e 17 anos declararam ter sofrido algum tipo de intimidação sistemática em 2015. Em 2012, o índice era de 35%. Os números, porém, são subestimados, já que muitos evitam tocar no assunto. Além dos impactos psicológicos, o bullying tem desdobramentos jurídicos. “Trata-se de um crime, um ato contra a honra, injúria, difamação e ameaça”, afirma Ana Paula.
Um dos pontos incentivados pela lei é a busca da conciliação entre as partes envolvidas. Para quebrar o paradigma de “fazer justiça” com o próprio celular, a legislação incentiva a conversa entre os pais da vítima e os do agressor, além do apoio jurídico, psicológico e psiquiátrico. Foi o caso da estudante Mel Swioklo, de 12 anos. Após mudar de escola, a mãe Mirela Swioklo notou que a garota, então com 8 anos, passava grande parte do tempo sozinha. “Ela dizia que não se sentia bem e que um menino a chamava de tóxica. Um dia, quando ela se aproximou, ele deu um soco na barriga dela.” Após o episódio de violência, a escola buscou a conciliação, além de dar uma advertência ao aluno. “A mãe do garoto ficou arrasada, nos procurou para pedir desculpas e a instituição indicou um terapeuta”, afirma. “Os pais precisam ficar atentos, têm a obrigação de olhar o celular e não apenas terceirizar a responsabilidade.”
Caso a instituição de ensino não tenha políticas para coibir a prática de violência física ou psicológica, ela poderá ser responsabilizada pelos crimes e pela omissão. “Normalmente os programas são efêmeros e falta consistência. Como é possível fazer um relatório das ocorrências se ninguém acompanha?”, afirma a advogada. Quando nada é feito, as consequências são as piores possíveis. “Diminuição do desempenho escolar, falta de vontade de interagir com outros colegas, aumento da ansiedade, depressão e até idealização do suicídio”, afirma Marina. Se os casos continuarem aumentando, outras tragédias como a que deu origem à lei podem voltar a acontecer. No dia 7 de abril de 2011, 12 crianças foram assassinadas a tiros na Escola Tasso da Silveira, no Rio de Janeiro. Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, ex-aluno e autor do crime, foi vítima de perseguição e discriminação na escola. Apesar da lei, pouca coisa mudou.
A Lei do Bullying
O que é
Todo ato de violência ou psicológica, intencional e repetido, que ocorra sem motivação evidente praticado por um indivíduo com o objetivo de intimar ou agredir, causando dor e angustia à vítima
Ações de combate
• Capacitar professores e profissionais de educação para atuar na parte preventiva
• Oferecer apoio à vítima, à família da vítima e ao agressor
• Evitar a penalização do agressor, privilegiando a mudança de comportamento
• Produzir relatórios com ocorrências de bullying nos estados e municípios

O bullying e as histórias de quem já viveu o preconceito

REVIDE

Em entrevistas ao Portal Revide, vítimas relatam experiências vividas ao longo dos anos

O bullying é uma ação cada dia mais comum no meio escolar, porém, o que muita gente não percebe é que ele pode ter consequências graves em todas as instâncias da vida da pessoa. Recentemente, a Netflix lançou uma série que trata sobre o tema: 13 reasons why. A grande discussão é a pratica do bullying no meio escolar, os danos que ele pode causar e o papel da sociedade e escola no combate e conscientização do ato.

Hanna Baker é uma adolescente recém-chegada em uma pequena escola no interior, que sofre as mais variadas ações e agressões por parte dos novos colegas. Sem a ajuda e acompanhamento adequado, ela toma uma decisão extrema: o suicídio.

Na série em questão, a escola nega conhecimento dos casos de bullying e essa é uma consequência grave. De acordo com a psicopedagoga Ana Regina Caminha Braga fechar os olhos para o que acontece no dia a dia é um erro. “Devemos prestar atenção e ao menor sinal de bullying, tomar as devidas providências. Só essa mobilização pode diminuir tal sofrimento”, diz.

Ana diz que o bullying é um problema sério, que pode levar a graves consequências e precisa ser extinto. “Em meio à era digital e a tantas mudanças sociais e culturais, nós, como pais e educadores, devemos estar ainda mais atentos para o que está acontecendo. E a reversão desses casos só será possível com o apoio da escola, pais e próprios estudantes”, afirma.

Relatos

O biólogo Carlos Corsi fala que durante sua infância e adolescência foi muito obeso, chegando a pesar mais de 120 kg. “Lembro-me quando bem pequeno já era muito rotulado por conta das dificuldades associadas ao excesso de peso. Eu não era feliz com meu corpo e isso transparecia e refletia na minha maneira de socializar com as outras crianças. Na maioria das vezes, o bullyng acontecia dentro da escola, pelos colegas e professores”, relembra.

O pesquisador diz que com 22 anos sofreu a perda de sua mãe, que faleceu repentinamente devidos a problemas cardíacos. “Ao mesmo tempo que isso mexeu demais comigo trazendo muita tristeza, tive forças para me levantar e fazer algo por mim. Senti que pela primeira vez não existia mais ninguém para me defender e me consolar das pressões e assédios, e realmente não existia. Foi então que eu reagi e me levantei. Com auxílio de dieta e academia emagreci mais de 40 quilos em aproximadamente um ano e meio”, conta.

Já o agente de viagens Khaleo Sobral fala que possuiu diversos apelidos ao longo de sua jornada na escola, pois não concordava com os demais membros da sala de aula. “Sentia angústia e raiva, mas eu suportava por muito tempo, até que duas vezes eu acabei retrucando. Isso tudo se transformava em tristeza na minha vida”.

Bruna Guedes conta que sofre preconceito constantemente por conta da obesidade. “O preconceito em relação as pessoas que tem obesidade é muito grande, pois não estamos dentro do 'padrão' estipulado pela sociedade, tanto no convívio com outras pessoas, como na busca de emprego”.

A jovem falou que a vida toda escutou “você tem um rosto bonito, por que não emagrece?". "Alguns são mais descarados, que nem ao menos me conhecem, já chegam falando se não penso em fazer dieta ou mesmo se já não pensei em optar pela cirurgia bariátrica. Julgam que ser gordo é por opção, por que tem preguiça de tentar uma dieta, porém se esquecem que existem fatores psicológicos compulsivos, digo principalmente meu caso, desconto toda a minha frustração, tristeza, raiva, alegria, tudo praticamente na comida, é como se fosse um refúgio”, afirma Bruna.

Paulo Prado é outro que passou pelo bullying durante toda sua vida. “Na maioria do tempo era porque eu era muito afeminado, ou porque era muito certinho - o nerd gay. Mas também sofria com brincadeiras e afrontes quanto à cor da minha pele. Digamos que hoje sou mais preparado para me defender de maneira correta. Sei que os motivos pelos quais eu sofria não são nenhuma vergonha ou de menosprezo, pelo contrário”.

Gabriel Fortunato fala que sempre foi excluído das coisas e na maioria dos casos era por estar acima do peso. “Lembro de alguns meninos chegarem a me perguntar o motivo de eu ser gordo. O que me ajudou a superar foi começar a entrar na brincadeira. Perdia a graça para os outros, pois eles percebiam que não me importava mais. Precisamos ser quem realmente somos”.

Hanelissa Zanateli fala que seu principal problema com o preconceito foi quando estudou em uma escola particular. “Me excluíam por não ter condições financeiras, logo meu desempenho escolar foi caindo. Fizeram muitas brincadeiras com fotos minhas que eles tiraram escondidas e colocavam nas redes sociais. Foi aí que entrei em uma depressão e não queria mais estudar”, lembra.

A jovem fala que, hoje em dia, tudo mudou. "Estou terminando minha faculdade e tenho vários amigos. Tudo que conquistei foi exatamente por tudo que aconteceu, nunca fiz ninguém ter dó de mim pelas situações. Pelo contrário, mostrei que foi uma fase que me deixou forte”.

A secretária de 54 anos Rosângela Muñoz sofreu bullying em sua infância por ser magra demais. “Hoje não sou mais magra, mas para uma criança esse tipo de comentário é muito pesado. Acho um absurdo uma criança ter de passar por isso no século XXI”.
Foto: Divulgação

sexta-feira, 28 de abril de 2017

5 passos para combater o bullying no ambiente educacional

CENÁRIO MT

É fato que estamos em um momento em que o bullying e as consequências dele nunca foram tão discutidas. Com o advento da tecnologia, o aumento de pessoas que assistem séries e a disseminação mais rápida de informações há uma reflexão maior desse assunto ainda intrincado para ser debatido, mas infelizmente praticado. 13 reasons why e o jogo baleia azul deixou pais e professores em alerta sobre o que pode acontecer na relação entre os jovens principalmente no que tange ao ambiente escolar.

Os jovens muitas vezes se dividem em grupos, excluem pessoas e os indivíduos se veem sozinhos. Socialmente precisamos conviver com seres da nossa faixa etária, logo professores, pais e adultos por mais que tenham o seu papel de responsabilidade em ouvir os jovens e aconselhá-los devem respeitar o espaço e incentivar o convívio entre eles.

Dessa forma, estamos falando em um equilíbrio em que é preciso dar espaço a este jovem, mas que também é necessário ouvi-lo e entender o seu entorno. Quando citamos o verbo ouvir não é apenas o diálogo com o jovem, mas também ouvir amigos, docentes e as palavras que muitas vezes não são ditas. Não é um exercício fácil, mas necessário para erradicarmos este mal chamado bullying.

Pensando nisso e para facilitar educadores e pais, a especialista em educação há mais de 10 anos e CEO da rede Minds, lista 5 dicas de como combater o bullying na escola:

1. Entenda os grupos formados na escola e promova interação entre eles
O fato de haver grupos não é exatamente ruim, mas não conhecê-los sim. Ser um “olheiro” desses grupos de jovens, entender o que defendem, e se praticam exclusões é o primeiro passo. Fazer atividades que gerem contato entre os diferentes grupos pode acarretar em uma diminuição das diferenças. Você, docente, pode promover esse contato por meio de trabalhos escolares e práticos.

2. Fique atento a revistas ou qualquer material que circule pela escola
Um pedido de ajuda pode estar nesses materiais ou mesmo o bullying em si. Leia o que circula na escola, tenha um aluno como apoio para lhe passar esses itens, muitas vezes não são materiais de leitura que a administração da escola saiba. Além disso, monitore a escola, as paredes, as áreas de convívio comum, muitos recados estão nos arredores do ambiente e podem impedir do bullying continuar sendo praticado.

3. Atenção as redes sociais dos alunos e da própria rede de ensino
É fato que você, como educador, dificilmente estará nos grupos de whatsapp e/ou grupos de outras redes em que os alunos trocam informações de prova/trabalhos. Afinal, muitas se ajudam e passam dicas de como ir melhor em testes que geralmente são elaborados pelos próprios educadores. O que é preocupante é quando nesses grupos circulam informações falsas dos alunos e/ou imagens denegrindo o indivíduo. Novamente, neste conselho, entra a proximidade com os alunos. O educador tem o papel de ser discreto e conseguir ter um ou mais contatos desses grupos. A omissão é o que faz com que o bullying cresça e torne consequências desastrosas.

4. Converse com os alunos
Esse conselho parece o mais óbvio, porém aqui o que vale é o COMO será essa conversa. Em um ambiente de trabalho, muitas empresas, optam por feedbacks individuais semestrais e/ou anuais, porém na escola não acontece isso. Os alunos são avaliados semestralmente ou anualmente pelas suas notas e não comportamento dentro e fora da sala de aula. Aqui, vale estabelecer um diálogo com os alunos individualmente pelo menos semestralmente e em cada turma bimestralmente, de forma coletiva.

5. Entenda o convívio desses jovens com os seus pais
Reunião de pais e professores é algo bem comum nas escolas, porém as entrelinhas dessas reuniões é o que evidencia essa dica. Converse com os jovens separados dos pais e se perceber algo diferente do comum, relação intrincada que foge dos parâmetros saudáveis de convivência, leve ao conselho da escola e trace um plano para ajudar nessa relação jovens e pais. Novamente: a omissão é o que faz com que as relações não melhorem e docentes devem interferir quando perceberem algo errado.

6 irmãos aguentaram o bullying por anos para poder doar cabelos

Por dois anos, os garotos foram alvos de piadas porque mantinham seus fios compridos. A intenção era ajudar na produção de perucas a pessoas com câncer


Phoebe Kannisto e seus seis filhos mostraram que a verdadeira lição contra o bullying pode ser cortando, literalmente, o motivo das piadas de mau gosto pela raiz. E também pode ser fazendo o bem e ajudando quem precisa.

Durante muitos anos, os filhos de Phoebe –o menino Andre, 10 anos, os gêmeos Silas e Emerson, 8 anos, e os trigêmeos Herbie, Reed e Dexter, 5 anos – foram motivos de chacota de colegas porque tinham cabelos longos, uma vez que não é o corte padrão para pessoas do gênero masculino.

O que os amigos de escola dos garotos não sabiam é que seus cabelos longos seriam utilizados para a confecção de perucas para pessoas com câncer.
O corte, aliás, aconteceu na última segunda-feira (24), quando a família passou a tesoura na cabeleira e a doou para a ONG Children with Hair Loss – organização que produz perucas para crianças que perderam seus cabelos por conta dos fortes medicamentos usados no tratamento contra o câncer.

Causa

A decisão de Andre, Silas, Emerson, Herbie, Reed e Dexter de manter os fios compridos por quase dois anos aconteceu depois que uma amiga da mãe deles perdeu o filho para o câncer.
“Há três anos, o filho de uma amiga morreu de câncer. Ele era gêmeo e tinha idade parecida com a dos meus gêmeos (…) No primeiro aniversário de sua morte, meus três meninos mais velhos doaram seus cabelos a sua memória (…) Meus garotos querem ajudar e doar seus cabelos é um jeito de eles fazerem isso“, contou Phoebe ao HuffingtonPost.
O costume de doar os cabelos é uma prática de família. Phoebe faz doações desde a adolescência e sua última contribuição aconteceu em 2014.
Agora, além da mãe e dos meninos, a pequena Marah Taylor, 2 anos, também está motivada a participar do projeto da família. “O cabelo dela não estava longo o suficiente para ser doado dessa vez, mas ela pôde acompanhar os irmãos no salão enquanto eles cortavam seus cabelos.”