FLÁVIA YURI OSHIMA
Estudo mostra que, no Brasil, 17% dos adolescentes de 15 anos sofrem com bullying na escola. Entre as meninas, esse percentual é de 9%. Os índices são menores do que a média mundial. Por outro lado, adolescentes brasileiros estão entre os mais felizes
Entre os adolescentes brasileiros, os meninos são os que mais sofrem com problemas de bullying. Ao todo, 17,5% deles relatam sofrer bullying na escola. Entre as meninas, esse percentual é de 9,3%. Esses dados ficam abaixo da média internacional da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, de 18,7% e 10,9%, respectivamente.
Os dados são do levantamento Pisa – Programa para Avaliação de Estudante 2015: well-being. O estudo de mais de 500 páginas computou dados colhidos entre estudantes de 15 anos de 53 países no ano de 2015. Esse é o terceiro caderno de informações que a OCDE libera desde dezembro de 2016, quando os primeiros resultados do Pisa 2015 foram divulgados.
Ele também é o primeiro estudo da organização a coletar, organizar e analisar aspectos socioemocionais dos estudantes – algo considerado um avanço pelos educadores. Até então, o Pisa focou em habilidades objetivas: conhecimentos de matemática, ciências e leitura. Desta vez, o objetivo é entender qual a percepção que o estudante tem da escola, como ele se sente dentro dela e como se relaciona com o grupo. O estudo quer também averiguar de que forma o desempenho escolar e o bem-estar estão ou não relacionados.
A maior parte das informações trazidas pelo Pisa é baseada nas respostas dos estudantes. O bem-estar dos estudantes na definição do Pisa refere-se a aspectos psicológicos, cognitivos, físicos e sociais essenciais para ter uma vida feliz e significativa. Bem-estar é entendido pelo Pisa como um estado dinâmico. Mesmo que estejam bem agora, os estudantes podem ter esse sentimento comprometido no futuro se o desenvolvimento de suas habilidades no presente não for trabalhado.
O bullying é definido no estudo como um sistemático abuso de poder – pode ser físico ou verbal. Essa agressão pode ser feita diretamente – com agressões físicas e xingamentos – ou de forma indireta, como o bullying praticado pelo grupo. Ele ocorre quando a criança é ignorada, é socialmente excluída, deixa de ser convidada para jogos, brincadeiras e festas de forma sistemática. O ciberbullying, a agressão feita por meio de ambiente virtual e nas comunicações móveis, fere a criança tanto quanto a hostilidade presencial o faz.
Globalmente, o levantamento mostrou que 10% dos adolescentes em 34 de 53 países relataram que seus colegas da escola caçoam deles ao menos algumas vezes ao mês. E mais de 10% dos estudantes de 16 dos 53 países alegam ser vítimas de rumores maldosos na escola. Os meninos são vítimas mais frequentes de bullying físico e verbal, enquanto as meninas sofrem mais do que eles com rumores maldosos e exclusão social. Adolescentes imigrantes também sofrem mais bullying do que aqueles nascidos no país em que estudam.
O cruzamento de dados do Pisa mostrou que há relação entre frequência de bullying e desempenho escolar. Escolas que apresentam um percentual alto de incidência de bullying (mais de 10%, pelo padrão internacional) têm 47 pontos a menos de desempenho em ciências do que escolas cujo percentual de bullying é inferior a 5%. Esse resultado foi relacionado à baixa concentração dos estudantes que vivem em instituições que não conseguem lidar com problemas de disciplina – o que prejudicaria todo o grupo.
O levantamento do Pisa tentou medir também a satisfação dos estudantes em relação à escola. Os alunos foram convidados a dar notas de 0 a 10 – em que 0 significa o pior possível e o 10 o melhor possível. Na média, os 53 países que participaram reportaram um nível de satisfação de 7,2 – o que indicaria que os adolescentes desses países estão satisfeitos com suas vidas.
O levantamento do Pisa tentou medir também a satisfação dos estudantes em relação à escola. Os alunos foram convidados a dar notas de 0 a 10 – em que 0 significa o pior possível e o 10 o melhor possível. Na média, os 53 países que participaram reportaram um nível de satisfação de 7,2 – o que indicaria que os adolescentes desses países estão satisfeitos com suas vidas.
Ao olhar caso a caso, no entanto, constata-se que a percepção sobre o próprio bem-estar do adolescente varia muito entre países. Os brasileiros estão entre os mais felizes do mundo. O Brasil é o sétimo colocado, com média de 7,6. Jovens do Japão, da China e da Coreia são os mais insatisfeitos com suas vidas.
Na Holanda, menos de 4% dos estudantes se dizem insatisfeitos com suas vidas, enquanto na Coreia do Sul e na Turquia esse índice chega a 20%. Na Colômbia, na Costa Rica, na República Dominicana e no México, mais de um estudante a cada dois se dizem muito satisfeitos, enquanto menos de um estudante entre cinco dizem a mesma coisa na Coreia e na China (Hong Kong, Macau e Taiwan).
Há diferenças bem marcadas de gênero em relação à satisfação com a vida. Na média entre os países, apenas 29% das garotas se dizem muito satisfeitas, enquanto essa média salta para 39% entre os meninos. A discrepância entre meninos e meninas se mantém ao olhar os números de cada país. Em todos eles, as garotas responderam ter níveis muito mais baixos de satisfação com a própria vida. Em média, somente 9% dos meninos reportam um nível mais baixo que 4 de bem-estar com sua vida. Para as meninas, esse percentual chegou a 14%.
A relação entre desempenho na escola e satisfação com a própria vida é fraca. Na maioria dos países, os alunos com desempenho entre os 10% melhores e os alunos com desempenho entre os 10% piores relatam níveis similares de satisfação com a própria vida.
O professor e os pais têm um papel importante nesse aspecto. Alunos que alegaram maior nível de satisfação também relatam maior afinidade com seus professores. A abertura dos pais para conversar, o incentivo e o acolhimento aos anseios dos filhos também se mostraram mais comuns entre os adolescentes com o maior nível de bem-estar.
A satisfação dos adolescentes
Países com as dez melhores notas. Escala de 0 a 10, sendo 0 muito ruim e 10 ótimo
República Dominicana……………………………………………. .....8,5
México…………………………………………………………...….…..8,3
Costa Rica……………………………………………….…...…….…..8,2
Colômbia, Croácia, Lituânia e Finlândia………………………...… .7,9
Rússia, Islândia e Holanda………………………………….....……...7,8
Uruguai, Tailândia, Suíça……………………………………….....…..7,7
Brasil e França…………………………………………………….......7,6
Peru, Áustria, Estônia e Bélgica……………………………….....…..7,5
Bulgária, Catar, Alemanha, Estados Unidos e Espanha.....………..7,4
Média da OCDE…………………………………………………..…. .7,3
México…………………………………………………………...….…..8,3
Costa Rica……………………………………………….…...…….…..8,2
Colômbia, Croácia, Lituânia e Finlândia………………………...… .7,9
Rússia, Islândia e Holanda………………………………….....……...7,8
Uruguai, Tailândia, Suíça……………………………………….....…..7,7
Brasil e França…………………………………………………….......7,6
Peru, Áustria, Estônia e Bélgica……………………………….....…..7,5
Bulgária, Catar, Alemanha, Estados Unidos e Espanha.....………..7,4
Média da OCDE…………………………………………………..…. .7,3
Adolescentes expostos a bullying
Países com os mais altos índices de ocorrência. Em %
Hong Kong…………………………………………………….32
Letônia………………………………………………………...30,6
Tunísia………………………………………………………...28
Emirados Árabes, Tailândia e Macau……………...………..27,3
Nova Zelândia…………………………………………..…….26
Cingapura e Catar……………………………………..……..25
Austrália…………………………………………………..…...24
Reino Unido…………………………………………….…….23,9
Colômbia, China e Eslováquia………………………….…...22
Média da OCDE…………………………………………......18,7
Brasil………………………………………………………….17,5
Letônia………………………………………………………...30,6
Tunísia………………………………………………………...28
Emirados Árabes, Tailândia e Macau……………...………..27,3
Nova Zelândia…………………………………………..…….26
Cingapura e Catar……………………………………..……..25
Austrália…………………………………………………..…...24
Reino Unido…………………………………………….…….23,9
Colômbia, China e Eslováquia………………………….…...22
Média da OCDE…………………………………………......18,7
Brasil………………………………………………………….17,5
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