Por Enzo Avezum*
Sim, existe. Essa prática está sempre associada as pessoas que são tidas como diferentes. E em pleno ano de 2017 ainda causa muitos danos físicos e psicológicos que podem se arrastar por toda uma vida. Em primeiro lugar, defina diferente? Isso, sente, leia e pense. O que é ser diferente? Como é viver em um lugar ‘’diferente’’? Comer uma comida diferente?
E este é aquele momento que ao ler sobre um assunto nos leva a fazer uma pesquisa sobre temas e os dados apresentados sobre tal. Não vou apresentar nenhuma estatística sobre bullying, ou corro o risco de escrever um tratado completo de alguns tantos volumes, e dias, semanas de pesquisa. E não é o eixo desta coluna.
Após fazer o santo exercício de pesquisar, ler e pensar…é, pensar, sugiro um outro exercício: coloque-se no lugar daqueles que sofrem tal tipo de assédio físico-psicológico. Ou das pessoas que vivem em bairros, cidades e países pouco ou nada conhecidos. Mas faça mesmo. Se ajudar busque por vídeos rápidos no youtube onde podemos encontrar diferentes cenários para esta situação. Conseguiu? Se sim, parabéns. E se levou esta sugestão à serio deve ter experimentado ao menos uma ou duas sensações desconfortantes, daquelas de fazer com que fiquemos de olhos arregalados e, num balançar de cabeça rápido, falamos internamente…Ufa, este não sou eu. Você pode sentir o que estas pessoas sentem, embora numa escala infinitamente inferior.
O bullying não acontece somente em atos ou palavras, mas se inicia dentro de nossas cabeças. Essa coisa encaixada em nosso pescoço e preenchida na sua parte superior por algo misterioso chamado cérebro. Isso, aí mesmo, em nossos pensamentos. Quando julgamos a roupa das pessoas, maneiras de andar, de falar, paisagens nunca vistas etc, etc etc.
E onde o turismo se encaixa? Nos lugares desconhecidos. Isso, lá mesmo. Pois se nunca ouvimos falar, ou temos pouquíssimo contato com aquela cultura ‘’estranha’’, simplesmente colocamos esses lugares no arquivo mental “NÃO SERVE”.
Em uma análise rasa e rápida, bullying é o medo daquilo que desconhecemos. Olhamos sem enxergar, fazemos nossos julgamentos e pronto; escuta-se lá no fundo de nossas mentes o martelo do juiz – nós mesmos – dando a sentença final. E nós mesmos nos encarregamos de colar o rótulo da pasta. Sendo assim nos recusamos a entrar em contato com estas pessoas e lugares julgados.
Em um artigo muito bom do jornal a Folha De SP de abril de 2001, o título era: Turismo Diferente Vende Experiências Inesperadas. Agora já consigo ver alguns olhos de leitores, arregalados e felizes, dizendo para si mesmos ou em voz alta; ah, mas isso é o turismo de experiência. Suuuper comum. Será mesmo? Super comum? Hmmm. Só que todos imaginam que para termos uma viagem de experiências incomuns temos que gastar muito e cobrar mais ainda.
Se a gente se propõe a conhecer, ler, estudar, vamos achar todas as ferramentas capazes de viabilizar viagens para terras nunca ou pouco exploradas, sem precisar exigir do cliente um carnê de 124 prestações.
E esse bullying não acontece somente com destinos e suas culturas pouco ou nada conhecidos. Acontece em eventos de turismo, seminários, palestras, feiras, etc. Se você não faz parte da panela, já está perdendo. Se não compartilha das mesmas ideias, 100%, vai ser jogado dentro de uma panela com óleo fervendo. Mas pior do que isso, muito pior, vai ser ignorado, solenemente, por pseudo-parceiros e pseudo-pseudo amigos. E ser ignorado pelos pares ( mesma profissão ou de seu relacionamento profissional ) durante tais situações pode ser tão cruel quanto infernizar a vida de adolescente no corredor da escola, e que julgamos não ser igual a nós, ou pensar da mesma forma. O título da matéria citada acima poderia perfeitamente ser: Pessoas Diferentes de Nós Trazem Experiências Inesperadamente Fantásticas.
Sabores, cores, sons, odores, texturas, olhares desconhecidos. Tudo isso é fascinante. Não existe o ruim. Existem situações, pessoas e locais que podem não se encaixar para determinados momentos, mas jamais devem ser classificados de lixo.
Existe o novo e desafiador, e quem transforma em bom ou não somos nós.
Ah, e quando for ignorado por alguém, não mude suas boas e positivas ideias, não se aborreça, não se venda. Nunca sabemos a tristeza e real isolamento de quem pratica os diferentes tipos de bullying.
Uma ótima semana a todos.
*Enzo Avezum tem curso extensivo de marketing para turismo pela UCLA. Trabalhou em diversos setores de empresas como American Airlines, Continental Airlines e Vila Noah, além de ter atuado como gerente de promoção do Brasil pela MarkUp/Embratur nas costas oeste e sul dos Estados Unidos, Rússia, Índia, Emirados Árabes, Holanda & Escandinávia (com base em Brasília/DF). Em 2011, fundou a I Tour Inteligência Para Turismo e, desde então, está totalmente focado na representação e promoção estratégica com conteúdo para destinos, hotéis e DMCs internacionais. Ele escreve no portal do Brasilturis às terças-feiras. Contato: enzo@itour.com.br
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