Estudantes da Escola Municipal Piratini, no Pinheirinho, criaram uma “vacina antibulling” e promoveram nesta quarta-feira (29) uma campanha de vacinação para “imunizar” os 380 estudantes, profissionais da escola, além de pessoas comunidade.
Oferecida em conta-gotas, a vacina era na verdade suco de laranja, líquido escolhido para simbolizar a imunização de cada criança contra o preconceito, à discriminação e em especial às atitudes violentas.
Foi uma forma criativa de tratar com suavidade o tema do bulling na escola, finalizando na unidade o projeto Bullying não é Brincadeira, promovido pela Secretaria Municipal da Educação para incentivar a cultura da paz e respeito às diversidades na rede municipal.
A campanha ganhou adesão e envolvimento de todos na escola. O dia foi esperado com ansiedade pelos meninos e meninas que produziram até carteiras de vacinação. O preenchimento do documento era feito antes de cada criança receber as gotinhas da vacina, administradas por uma equipe de estudantes vestidos de jalecos brancos e treinados para a vacinação. Era uma brincadeira, mas tradado com muita seriedade e comprometimento entre os estudantes.
Quem recebeu a dose se comprometeu a ter um bom comportamento e ganhou adesivo e bexiga para marcar o momento. “Estou imunizado e preparado para combater o bullying ajudando aos colegas a entender que uma brincadeira às vezes pode ser muito prejudicial”, disse o estudante Jonatan Vasconcelos, um dos primeiros a receber a vacina.
Imunizada conta o bullying também está a estudante Isadora Rodrigues, de 10 anos. A menina colaborou na campanha distribuindo doses da vacina e reforçando o que foi discutido durante as aulas. “Apelidar os amigos pode parecer bobeira, mas tem muita gente que sofre com isso. Já fui vítima e agora ajudo as pessoas a entenderem que isso não pode ser feito. Também explico para quem recebe a ofensa que o melhor é superar”, conta a menina.
O estudante Giovanne Mileski aprendeu a superar e combater atitudes ofensivas. Por estar acima do peso, foi alvo de crítica dos colegas. “Isso me entristecia e eu não tinha mais vontade de ir à escola, mas agora passado.Todo mundo está se cuidando para respeitar um ao outro”, disse Giovanne.
O caso do garoto ilustra bem a transformação no comportamento das crianças. A mãe de Giovanne, a dona de casa Andreia Mileski é a presidente da Associação de Pais, Professores e Funcionários da Escola (APPF) e fez questão de acompanhar de perto a ação na escola. “Foi um trabalho lindo, que extrapolou as paredes da escola e chegou às famílias. Estamos contentes porque percebemos a mudança de atitude em nossos filhos”, disse Andreia.
Personagens
A campanha de vacinação finalizou uma série de ações desenvolvidas na escola a partir do tema do projeto “Bullying não é Briancadeira” desenvolvido com a ajuda de cinco personagens - Nina, Lilo, Max, Teco e Lisa. As escolas inseridas no projeto recebem o kit com manual de orientação e bonecos dos personagens para servirem de ponto de partida para as ações que são desenvolvidas em cada unidade considerando as características de cada público.
Nina, Lilo, Max, Teco e Lisa são personagens fictícios, mas suas características podem ser encontradas nas unidades escolares. Lilo é pessoa com autismo, o colega Teco tem deficiência visual, Lila não ouve e não fala, enquanto Max é usuário de cadeira de rodas. Devido ao tratamento de uma leucemia, Nina perdeu os cabelos e é careca.
Na escola Piratini, o quinteto estimulou o debate sobre bullyng e serviu para inspirar a produção de textos coletivos, elaboração de desenhos e atividades de arte, além da produção de quadrinhos e publicações. Para a diretora da escola, Elizete Pires, o momento foi de plena celebração. “O projeto ganhou proporções que nem imaginávamos e quando percebemos tinha a aceitação e envolvimento sde todos, adultos e crianças”, disse Elisete.
Trabalhar o tema na escola trouxe resultados. “Tínhamos uma média de dez a 20 reclamações por dia depois do recreio de crianças que eram magoadas ou provocadas por colegas. Isso acabou e é para nós motivo de imensa satisfação”, disse Elisete.
Presente em 342 escolas da rede, o projeto abrange a 32 mil estudantes. “Nosso objetivo é inserir o projeto em toda a rede e alcançarmos a totalidade dos 140 mil estudantes”, diz uma das idealizadoras do projeto desenvolvido pela Coordenadoria de Atendimento às Necessidades Especiais (CANE), Claudia Percinoto.
Em outras escolas as ações do projeto têm sido bastante significativas. Na Escola Municipal Araucária, no Bairro Alto, o debate das crianças ganhou imagens retratadas em um grande painel grafitado no muro da escola. Estudantes da Escola Papa João XXIII, no Novo Mundo, representaram em uma dinâmica usando bexigas o sentimento de quem é vitima de violência entre colegas.
Na Escola Municipal Álvaro Borges, no bairro Cidade Industrial, o tema virou até letra de música. Várias atividades foram realizadas nas turmas de 1.º ao 5.º ano, mas o destaque ficou por conta das turmas do 5.º anos que produziram um rap. No dia 7 de novembro, toda a escola vai conhecer o rap criado pelos 60 estudantes das turmas do 5.º ano.
Fonte: Bem Paraná