domingo, 27 de maio de 2012

Projeto auxilia na diminuição da violência nas escolas de MS

Fonte: Da assessoria em 17 de Maio de 2012

Aos 15 anos de idade, a estudante A.F, de uma escola estadual de Dourados, já passou por várias experiências infelizes. Ao invés de curtir seus ídolos, compartilhar suas primeiras emoções com as amigas, ela decidiu ir para outro lado: o caminho das drogas e da rebeldia. "Droga é uma felicidade passageira, depois que passa o efeito você volta a ser nada. É muito triste. Não existem limites e a gente nem percebe", concluiu a menor.

Esta é a triste realidade de muitos jovens nesta faixa etária. Além das drogas, o problema da agressividade acaba servindo como escudo para se defenderem do que não conseguem explicar. Afinal, os jovens pensam que sabem tudo. A verdade é que a violência vem sendo uma constante nas escolas em todo o mundo. Apesar de ser um tema antigo, somente nos últimos anos vem se popularizando sob o conceito de bullying - palavra inglesa que significa intimidar e atormentar.

Mesmo não tendo números oficiais, a prática de atormentar os colegas envolve 45% dos estudantes brasileiros, segundo estimativa do Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Bullying Escolar (Cemeobes), com sede em Brasília. Vale ressaltar que este índice está acima da média mundial, que varia entre 6% e 40%.

Contra o bullying, as escolas investem em estratégias de prevenção. Em Mato Grosso do Sul um livro vem servindo como base para esta mudança de comportamento e já está sendo aplicado em várias escolas brasileiras, é o livro "Tosco", escrito pelo psicólogo Gilberto Mattje e publicado pela Editora Alvorada.

Entenda o projeto - Estima-se que desde seu lançamento, em 2009, o "Projeto Tosco em Ação: Prevenindo a Violência na Escola", já tenha alcançado mais de 200 mil pessoas entre professores e alunos envolvidos diretamente com as atividades. Nestes quatro anos, o projeto conseguiu abranger as escolas da rede municipal de Campo Grande, todas as Unidades Socioeducativas de Internação e Semiliberdade de MS, e aproximadamente 340 escolas da rede pública estadual, envolvendo seus 79 municípios.

Os professores que já estão trabalhando com o projeto são unânimes em afirmar que se trata de uma evolução na educação. Além do estímulo à leitura, o que os surpreende é o interesse provocado pelo livro e a identificação imediata. "O livro tem influenciado de tal forma os alunos que muitos nos procuram para confidenciar suas histórias, pois em algum momento se identificaram com os personagens do livro ou até mesmo com o protagonista. Colher os frutos positivos desta leitura é muito gratificante", contou a professora Marta Arantes, da Escola Bom Jesus de Três Lagoas.

O mesmo resultado vem sendo experimentado na Escola Lígia, de Rio Brilhante. "Temos em nossa escola um aluno que após a leitura do Tosco passou a ter outro comportamento, agora positivo. A melhor parte é que agora ele é um aluno que está "antenado" com vários assuntos. Resultado: tirou dez em Língua Portuguesa, bem diferente da média seis que vinha apresentando. O livro está ensinando aos jovens que não se achavam importantes socialmente, a darem a volta por cima", reforçou a Coordenadora do Projeto Tosco na Escola Lígia, Gelci Ribeiro.

Para cada escola trabalhada, uma história de vida revelada. "Considero o Livro Tosco um fenômeno que tem capacidade de mudar o ponto de vista, a maneira de agir, maneira de pensar, e principalmente, o modo de interagir com as pessoas que nos cercam. O livro é a chave do cadeado que permite a reflexão e dá oportunidade para agirmos e tomarmos a melhor decisão", confessou a estudante Thayanni Arzamendia Cáceres, da Escola Estadua Prof° Geni Marques Magalhaes, de Ponta Porã.

O suporte vem sendo o grande diferencial deste projeto. Além do livro foi elaborado e distribuído material de apoio aos professores para subsidiar as práticas educativas. Isso sem mencionar a capacitação, que na Rede Estadual de ensino foi realizada no início do ano, com cerca de 350 coordenadores de área de Língua Portuguesa das escolas estaduais de MS. Vale lembrar que cada escola que participa do projeto tem um acompanhamento e assessoria contínua durante a aplicação e o desenvolvimento do projeto por meio de reuniões e fóruns online com o apoio da Editora Alvorada.

Como em Mato Grosso do Sul não existe pesquisa com tamanha abrangência sobre o contexto da violência nas escolas, ainda como parte do "Projeto Tosco em Ação", foi desenvolvido um questionário para coleta de dados. Segundo a coordenadora do núcleo de pesquisa da Editora Alvorada, Fernanda Pimentel F. de Miranda, as informações obtidas com esta pesquisa será a maior amostra no Estado e no País. "Queremos compreender a ótica dos professores e alunos sobre este fenômeno dentro e fora das escolas. Este trabalho é pioneiro no Brasil", afirmou Fernanda Miranda.

O trabalho de pesquisa conta com os esforços do Núcleo de Pesquisa e Núcleo de Projetos Educacionais da Editora Alvorada e Programa Escola de Conselhos - PREAE/UFMS, e está organizada em duas etapas: a primeira é para ampliar a compreensão do contexto de violência presente na escola e em seus arredores, construindo indicadores que possam subsidiar novas formas de intervenção sobre essa problemática. Já a segunda parte, consiste em avaliar o aproveitamento do projeto nas escolas onde foi utilizado, no intuito de identificar seus impactos, alcances e limites para lidar com a violência no contexto escolar.

A coleta dos dados é feita pela internet. Os questionários são acessados e respondidos online pelos professores e alunos que participam do Projeto. A estimativa é que pelo menos 140 mil pessoas estejam envolvidas diretamente com a pesquisa. As respostas já estão chegando das escolas participantes.

Além de tudo isso, o projeto trabalha principalmente nas redes sociais. Para tanto, dispõe de um fanpage com quase cinco mil participantes: www.facebook.com.br/livrotosco, blog e homepage do livro "Tosco", onde é possível compartilhar dados como: vídeos, fotos e textos. "A possibilidade de conhecer novos profissionais e expandir os horizontes é extremamente positivo. Acredito que não teríamos essa oportunidade sem o uso dessa ferramenta tecnológica", avalia o professor Paulo José dos Santos, de Campo Grande.

Fonte: Correio de Corumbá

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