Depoimentos de professores e alunos confirmam o sucesso do Projeto Tosco em Ação
Aos 15 anos de idade, a estudante A.F, de uma escola estadual de
Dourados, já passou por várias experiências infelizes. Ao invés de
curtir seus ídolos, compartilhar suas primeiras emoções com as amigas,
ela decidiu ir para outro lado: o caminho das drogas e da rebeldia.
“Droga é uma felicidade passageira, depois que passa o efeito você volta
a ser nada. É muito triste. Não existem limites e a gente nem percebe”,
concluiu a menor.
Esta é a triste realidade de muitos jovens nesta faixa etária. Além
das drogas, o problema da agressividade acaba servindo como escudo para
se defenderem do que não conseguem explicar. Afinal, os jovens pensam
que sabem tudo. A verdade é que a violência vem sendo uma constante nas
escolas em todo o mundo. Apesar de ser um tema antigo, somente nos
últimos anos vem se popularizando sob o conceito de bullying – palavra inglesa que significa intimidar e atormentar.
Mesmo não tendo números oficiais, a prática de atormentar os colegas
envolve 45% dos estudantes brasileiros, segundo estimativa do Centro
Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Bullying Escolar (Cemeobes), com sede em Brasília. Vale ressaltar que este índice está acima da média mundial, que varia entre 6% e 40%.
Contra o bullying, as escolas investem em estratégias de
prevenção. Em Mato Grosso do Sul um livro vem servindo como base para
esta mudança de comportamento e já está sendo aplicado em várias escolas
brasileiras, é o livro “Tosco”, escrito pelo psicólogo Gilberto Mattje e
publicado pela Editora Alvorada.
Entenda o projeto – Estima-se que desde seu
lançamento, em 2009, o “Projeto Tosco em Ação: Prevenindo a Violência na
Escola”, já tenha alcançado mais de 200 mil pessoas entre professores e
alunos envolvidos diretamente com as atividades. Nestes quatro anos, o
projeto conseguiu abranger as escolas da rede municipal de Campo Grande,
todas as Unidades Socioeducativas de Internação e Semiliberdade de MS, e
aproximadamente 340 escolas da rede pública estadual, envolvendo seus
79 municípios.
Os professores que já estão trabalhando com o projeto são unânimes em
afirmar que se trata de uma evolução na educação. Além do estímulo à
leitura, o que os surpreende é o interesse provocado pelo livro e a
identificação imediata. “O livro tem influenciado de tal forma os alunos
que muitos nos procuram para confidenciar suas histórias, pois em algum
momento se identificaram com os personagens do livro ou até mesmo com o
protagonista. Colher os frutos positivos desta leitura é muito
gratificante”, contou a professora Marta Arantes, da Escola Bom Jesus de
Três Lagoas.
O mesmo resultado vem sendo experimentado na Escola Lígia, de Rio
Brilhante. “Temos em nossa escola um aluno que após a leitura do Tosco
passou a ter outro comportamento, agora positivo. A melhor parte é que
agora ele é um aluno que está “antenado” com vários assuntos. Resultado:
tirou dez em Língua Portuguesa, bem diferente da média seis que vinha
apresentando. O livro está ensinando aos jovens que não se achavam
importantes socialmente, a darem a volta por cima”, reforçou a
Coordenadora do Projeto Tosco na Escola Lígia, Gelci Ribeiro.
Para cada escola trabalhada, uma história de vida revelada.
“Considero o Livro Tosco um fenômeno que tem capacidade de mudar o ponto
de vista, a maneira de agir, maneira de pensar, e principalmente, o
modo de interagir com as pessoas que nos cercam. O livro é a chave do
cadeado que permite a reflexão e dá oportunidade para agirmos e tomarmos
a melhor decisão”, confessou a estudante Thayanni Arzamendia Cáceres,
da Escola Estadua Prof° Geni Marques Magalhaes, de Ponta Porã.
O suporte vem sendo o grande diferencial deste projeto. Além do livro
foi elaborado e distribuído material de apoio aos professores para
subsidiar as práticas educativas. Isso sem mencionar a capacitação, que
na Rede Estadual de ensino foi realizada no início do ano, com cerca de
350 coordenadores de área de Língua Portuguesa das escolas estaduais de
MS. Vale lembrar que cada escola que participa do projeto tem um
acompanhamento e assessoria contínua durante a aplicação e o
desenvolvimento do projeto por meio de reuniões e fóruns online com o apoio da Editora Alvorada.
Como em Mato Grosso do Sul não existe pesquisa com tamanha
abrangência sobre o contexto da violência nas escolas, ainda como parte
do “Projeto Tosco em Ação”, foi desenvolvido um questionário para coleta
de dados. Segundo a coordenadora do núcleo de pesquisa da Editora
Alvorada, Fernanda Pimentel F. de Miranda, as informações obtidas com
esta pesquisa será a maior amostra no Estado e no País. “Queremos
compreender a ótica dos professores e alunos sobre este fenômeno dentro e
fora das escolas. Este trabalho é pioneiro no Brasil”, afirmou Fernanda
Miranda.
O trabalho de pesquisa conta com os esforços do Núcleo de Pesquisa e
Núcleo de Projetos Educacionais da Editora Alvorada e Programa Escola de
Conselhos – PREAE/UFMS, e está organizada em duas etapas: a primeira é
para ampliar a compreensão do contexto de violência presente na escola e
em seus arredores, construindo indicadores que possam subsidiar novas
formas de intervenção sobre essa problemática. Já a segunda parte,
consiste em avaliar o aproveitamento do projeto nas escolas onde foi
utilizado, no intuito de identificar seus impactos, alcances e limites
para lidar com a violência no contexto escolar.
A coleta dos dados é feita pela internet. Os questionários são acessados e respondidos online
pelos professores e alunos que participam do Projeto. A estimativa é
que pelo menos 140 mil pessoas estejam envolvidas diretamente com a
pesquisa. As respostas já estão chegando das escolas participantes.
Além de tudo isso, o projeto trabalha principalmente nas redes
sociais. Para tanto, dispõe de um fanpage com quase cinco mil
participantes: www.facebook.com.br/livrotosco, blog e homepage
do livro “Tosco”, onde é possível compartilhar dados como: vídeos,
fotos e textos. “A possibilidade de conhecer novos profissionais e
expandir os horizontes é extremamente positivo. Acredito que não
teríamos essa oportunidade sem o uso dessa ferramenta tecnológica”,
avalia o professor Paulo José dos Santos, de Campo Grande.
Fonte: Jornal Agora MS
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