Uma pesquisa recente mostra que 70% dos estudantes brasileiros já
presenciaram algum tipo de agressão na escola. Destes, 30% presenciaram
pelo menos uma situação de violência.
Uma dessas vítimas foi uma jovem de 13 anos que não quis se
identificar. Ela conta que foi perseguida por cerca de 15 alunos na
saída da escola. Os agressores rasgaram sua mochila e atiraram ovos na
adolescente.
— Queria que os pais vissem o que os filhos fazem. Eu não gosto de
lembrar disso porque é muito ruim. Eu tenho medo, eu me senti muito
humilhada e não quero que ninguém passe por isso. Eu não sinto vontade
de sair para a rua, eu não sinto vontade de conversar com ninguém. Eu me
tornei agressiva.
A estudante explica que o principal motivo das agressões era o seu tipo físico, diferente dos padrões da escola.
— Eu fui engordando, aí como quase não tinha gordinha na escola, foram me zoando e eu fui o motivo da risadinha.
A mãe da aluna conta que também foi vítima de bullying na infância e
que o que era para ser brincadeira extrapolou os limites. Quando foi
denunciar o caso entendeu que o desinteresse ultrapassava as salas de
aula.
— O delegado olhou para a minha cara e disse “a senhora não pode
fazer esse boletim porque menores de 12 anos não cometem crime”.
Assim como a aluna, Enzo Frizzo também sofreu com as diferenças. Aos
11 anos, o jovem decidiu dançar ballet e se tornou piada na escola.
— Começaram a me chamar de gay, de boiola. Não me deixavam usar o banheiro masculino.
O garoto acredita que o problema não está só no infrator, mas também naquele que se omite diante da situação
— Não é só a pessoa que xinga, há outras envolvidas que ficam caladas e
omissas, que acham que bullyng é uma coisa que não acontece nada, e
acontece sim!
Depois de um ano de agressões diárias apareceram os sinais de
abalos psicológicos e comprometimento físico: Enzo recebeu diagnóstico
de anorexia
— Não eram só meninos que me zuavam, as meninas também, me deixavam sozinho de propósito… Então eu perdi a maioria dos amigos.
A mãe, que trabalhava no colégio, acabou demitida depois de pedir a transferência do filho e documentar o motivo.
— Por isso que eu estou com processo, divulgando tudo isso. A
indignação ainda n passou, só que uma coisa eu tenho certeza: foi a
melhor coisa que eu fiz pro meu filho.
Thales Oliveira, promotor da infância e juventude, explica que não
existe uma lei específica para este tipo de agressão, o que dificulta o
trabalho nestes casos
— Eu acho que a existência de um tipo penal específico de bullyng
seria extremamente importante para termos instrumento para trabalhar
essa modalidade de crime dentro das escolas
As autoridades orientam o estudante procurar a direção da escola, se o
problema não for resolvido encaminhar a delegacia, mas, se o caso for
grave, o estudante e o responsável devem ir direto à vara da infância e
da juventude. É dever do promotor receber qualquer pessoa e tomar as
providências.
Fonte: Boa Informação
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