sexta-feira, 4 de maio de 2012

Vítima de bullying leva ovada de 15 alunos

Uma pesquisa recente mostra que 70% dos estudantes brasileiros já presenciaram algum tipo de agressão na escola. Destes, 30% presenciaram pelo menos uma situação de violência.

Uma dessas vítimas foi uma jovem de 13 anos que não quis se identificar. Ela conta que foi perseguida por cerca de 15 alunos na saída da escola. Os agressores rasgaram sua mochila e atiraram ovos na adolescente.

— Queria que os pais vissem o que os filhos fazem. Eu não gosto de lembrar disso porque é muito ruim. Eu tenho medo, eu me senti muito humilhada e não quero que ninguém passe por isso. Eu não sinto vontade de sair para a rua, eu não sinto vontade de conversar com ninguém. Eu me tornei agressiva. 

A estudante explica que o principal motivo das agressões era o seu tipo físico, diferente dos padrões da escola.

— Eu fui engordando, aí como quase não tinha gordinha na escola, foram me zoando e eu fui o motivo da risadinha.

A mãe da aluna conta que também foi vítima de bullying na infância e que o que era para ser brincadeira extrapolou os limites. Quando foi denunciar o caso entendeu que o desinteresse ultrapassava as salas de aula.

— O delegado olhou para a minha cara e disse “a senhora não pode fazer esse boletim porque menores de 12 anos não cometem crime”.

Assim como a aluna, Enzo Frizzo também sofreu com as diferenças. Aos 11 anos, o jovem decidiu dançar ballet e se tornou piada na escola.

— Começaram a me chamar de gay, de boiola. Não me deixavam usar o banheiro masculino.

O garoto acredita que o problema não está só no infrator, mas também naquele que se omite diante da situação 

— Não é só a pessoa que xinga, há outras envolvidas que ficam caladas e omissas, que acham que bullyng é uma coisa que não acontece nada, e acontece sim!

Depois de um ano de agressões diárias apareceram os sinais de abalos psicológicos e comprometimento físico: Enzo recebeu diagnóstico de anorexia

— Não eram só meninos que me zuavam, as meninas também, me deixavam sozinho de propósito… Então eu perdi a maioria dos amigos.

A mãe, que trabalhava no colégio, acabou demitida depois de pedir a transferência do filho e documentar o motivo.

— Por isso que eu estou com processo, divulgando tudo isso. A indignação ainda n passou, só que uma coisa eu tenho certeza: foi a melhor coisa que eu fiz pro meu filho.

Thales Oliveira, promotor da infância e juventude, explica que não existe uma lei específica para este tipo de agressão, o que dificulta o trabalho nestes casos

— Eu acho que a existência de um tipo penal específico de bullyng seria extremamente importante para termos instrumento para trabalhar essa modalidade de crime dentro das escolas
As autoridades orientam o estudante procurar a direção da escola, se o problema não for resolvido encaminhar a delegacia, mas, se o caso for grave, o estudante e o responsável devem ir direto à vara da infância e da juventude. É dever do promotor receber qualquer pessoa e tomar as providências.

Fonte: Boa Informação

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