Uma escola
de Portimão de 1º ciclo, no Pontal, para prevenir agressões nos
intervalos das aulas, não raras, e promover entre os alunos
comportamentos adequados, desenvolveu um projecto pedagógico muito
suspeito.
Uma "patrulha de segurança", constituída por um
professor e dois alunos de turno, identificados com um t-shirt branca
com as iniciais "PSP" (Patrulha de Segurança do Pontal), faz rondas
durante o recreio, anotando o nome dos alunos mal comportados.
Convenhamos que a designação "PSP" não é feliz, nem
criativa. Remete inevitavelmente para um papão, a polícia. E a escola
deve ser tudo menos um simulacro de quartel. Os seus espaços exteriores
não devem confundir-se com uma parada.
À parte esta minudência, o projecto parece bem pensado.
Está aprovado pelo conselho geral do Agrupamento que tem também uma
escola de 2º e 3º ciclo. Desenvolve uma boa prática uma vez que coloca
um professor no recreio - onde há falta de funcionários -a contemplar
alunos, alguns muito "remexidos". Coisa exótica, uma vez que o habitat
natural de um docente é a sala de aula, a sala dos professores, ou o
divã doméstico para deprimir.
O "código deontológico" da patrulha de segurança,
estabelece que situações dignas de registo são apenas as de agressões
físicas ou verbais, quando forem ofensivas para alunos, familiares,
funcionários e professores e a "má utilização" das instalações,
equipamentos e materiais.
Alguns poucos pais, e apenas de uma das vinte e uma
turmas do agrupamento, gente fina e bem educada, ficaram escandalizados
com o projecto. Consideraram-no "anti-pedagógico" e propiciador de
situações de "bullying" (?). E, movidos pelo inefável instinto protector
das suas crias em risco, escreveram cartas ao director do Agrupamento, o
mau da fita, à Direcção-Regional de Educação do Algarve e à
Inspecção-Geral de Educação e Ciência. É a bafienta praxis de bufar em
vez de dialogar. Artilharia pesada, portanto. Contra quem pretende fazer
um esforço para acabar com a indisciplina e a violência na escola,
nomeadamente entre crianças dos 6 aos 10 anos!
O director do Agrupamento suspendeu de imediato o
projecto naquela turma. Acabou com os traumatismos cranianos destes
pais. Crânios seguramente exemplares, imagino. Lá em casa quem manda, como ditam as boas regras hodiernas, deve ser, e bem, o petiz. E quem obedece...
Tenho a impressão que, quando estes filhos forem pais,
os actuais encarregados de educação daquela turma não vão seguramente
ser vítimas de "bullying" gerontológico.
Velhos, gastos, abandonados, os seus filhos não vão ter
tempo para reparar neles. Bem. Sempre poderá haver um ou outro que se
dê conta de que cheira mal, há uns dias, na casa solitária de um
avozinho hirto. O que constitui sempre um bom pretexto para escrever uma
carta. No mínimo à Segurança Social a reclamar o pagamento do funeral do defunto querido.
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