Profª Ms. Juliana Munaretti de Oliveira Barbieri
Segundos pesquisas realizadas no mundo, inclusive no Brasil, e publicadas academicamente ou não, o fenômeno Bullying,
quando não causa seqüela física, provoca conseqüências psicológicas ou
emocionais graves nas vítimas, pois as atitudes agressivas dos seus
autores não têm um motivo justo, e são adotadas por um ou mais
estudantes contra outro(s), causando dor e angústia.
A
literatura define esse fenômeno enquanto certas ações ocorridas em
conjunto e/ou isoladas e, em língua portuguesa, para expressar as idéias
de intimidação repetida, humilhação, agressão, ofensa, gozação, emprego
de apelidos, assédio, perseguição, ignoração, isolamento, exclusão,
discriminação, sofrimento, aterrorização, amedrontamento, tirania,
dominação, empurrão, violência física, quebra e roubo de pertences
daqueles que são vítimas de Bullying. (OLIVEIRA, 2007; COSTANTINI, 2004; FANTE, 2005; ALVES, 2005)
Os autores de Bullying
vitimizam pessoas que têm alguma característica que sirva de foco para
suas agressões. Assim, por usar geralmente colegas da mesma sala de aula
como suas vítimas, é uma forma de violência escolar, expressa de
maneira sutil e, embora aconteça em todos os níveis de ensino, sua
presença é notada com certa freqüência no Ensino Médio, fase que
coincide com a adolescência, onde o indivíduo se encontra em transição
física, emocional e psicológica entre a infância e a fase adulta.
Esta
última característica justificou a minha pesquisa com alunos de
primeira série de Ensino Médio, de três escolas distintas, de clientela
oriunda de bairros variados, alcançando assim uma representatividade do
município de Araraquara – SP, em minha dissertação de Mestrado.
Para Cleo Fante, o Bullying
estimula a delinqüência e induz a outras formas de violência explícita,
produzindo cidadãos estressados, deprimidos, com baixa auto-estima e
incapacidade de auto-aceitação. (FANTE, 2005)
Acredito,
que a produção de cidadãos estressados, conforme descreve Cleo Fante
(2005), reflete na vida destes, quando chegam à fase adulta e é por
causa disso, que tanto creio que o Bullying,
também, acontece dentro de empresas, justificando a necessidade de se
tratar o tema em palestras na Semana Interna de Acidente de Trabalho.
Tal
percepção vem ao encontro do que presenciei durante uma palestra que
ministrei numa grande empresa de minha cidade; no final da palestra para
200 funcionários, uma senhora veio ao meu encontro, chorando
copiosamente, e me disse que eu retratei toda a vida dela e que a partir
de agora, ela nunca mais seria tomada pelo medo e covardia e que ela
iria denunciar o que ela vivia diariamente na empresa, por ser gordinha,
por ter cabelo encaracolado, por ter baixa estatura e por ser quieta.
Achei
louvável a atitude dessa senhora, porque meu intuito é, justamente,
ajudar quem sofre a parar com as intimidações, porque imagino o
sofrimento de ter que trabalhar pra sustentar a família e não ter paz
para realizar esta atividade. Jesus!
Agora, pergunto: _ nenhum chefe percebeu o sofrimento dessa senhora?
Não
posso julgar, mas com a experiência adquirida e meus estudos, aprendi
que existem chefes e chefes, infelizmente, porque há quem não percebe a
ocorrência de Bullying no
espaço de trabalho, há quem vê e não se envolve, porque não quer ter
problema, mas também, existe aquele que, além de fingir que não percebe,
participa como espectador e na pior hipótese, usa de seu “poder” para
intimidar o outro que tem que se calar diante da situação, para não
perder o emprego, lamentavelmente.
Para Costantini, “O contexto relacional e psicológico que se produz com o Bullying
é típico de um sistema em grupo fechado, problemático, que não
encontrou brechas para desenvolver positivamente as relações entre seus
membros”. (COSTANTINI, 2004, p. 74)
Vale lembrar que muitos chefes não dão a devido importância ao Bullying,
justamente porque em muitos casos a vítima não revela o seu sofrimento;
assim, a subestimação dos adultos, quer professor, quer chefe, de
maneira proposital ou não e a não ação contra o fenômeno, além da ideia
de não envolvimento com os conflitos entre discentes ou funcionários e
até mesmo a participação dos primeiros como espectador, permite que os
atos de intimidação se perpetuem e não sejam coibidos como deveriam,
muitas vezes passando a fazer parte do cotidiano escolar como numa
situação “normal”.
Por fim, lembrei-me dos 3 atores sociais de Bullying e a Palavra de Deus, onde sugiro:
Para
os espectadores: Salmos 1:1 – “Bem aventurado o homem que não anda
segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores,
nem se assenta na roda dos escarnecedores”.
Para
os agressores/intimidadores: Gálatas 6: 7-10 – “Não erreis: Deus não se
deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também
ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção;
mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. E não
nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não
houvermos desfalecido. Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos,
mas principalmente aos domésticos da fé.”
E,
finalmente, para a vítima: Salmos 145: 14 – “O SENHOR sustenta a todos
os que caem, e levanta a todos os abatidos.” Salmos 146:7-9 – “O que faz
justiça aos oprimidos, o que dá pão aos famintos. O SENHOR solta os
encarcerados. O SENHOR abre os olhos aos cegos; o SENHOR levanta os
abatidos; o SENHOR ama os justos; O SENHOR guarda os estrangeiros;
sustém o órfão e a viúva, mas transtorna o caminho dos ímpios.” Isaías
43: 1-4 – “Mas agora, assim diz o SENHOR que te criou, ó Jacó, e que te
formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome,
tu és meu. Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos
rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te
queimarás, nem a chama arderá em ti. Porque eu sou o SENHOR teu Deus, o
Santo de Israel, o teu Salvador; dei o Egito por teu resgate, a Etiópia e
a Seba em teu lugar. Visto que foste precioso aos meus olhos, também
foste honrado, e eu te amei, assim dei os homens por ti, e os povos pela
tua vida.” Aleluia!
Referência Bibliográfica
ALVES, R. Sobre moluscos, conchas e beleza. Jornal Folha de São Paulo, 2002.
_________ A forma escolar da tortura. Jornal Folha de São Paulo, 2005.
COSTANTINI, A. Bullying: como combatê-lo? Tradução de Eugênio Vinci de Moraes. São Paulo: Itália Nova, 2004.
FANTE, C. Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas – SP: Verus, 2005.
CINTRÃO, J. F. F., OLIVEIRA, J. M. Bullying: A origem do fenômeno e a responsabilidade da Escola. Tribuna Impressa de Araraquara, 2005.
CINTRÃO, J. F. F., OLIVEIRA, J. M. Bullying: Cuidado, pode estar ocorrendo com seu filho. Tribuna Impressa de Araraquara, 2005.
CINTRÃO, J. F. F. , OLIVEIRA, J. M. Bullying: alguns casos registrados na mídia. Tribuna Impressa de Araraquara, 2005.
OLIVEIRA, J. M. Indícios de Bullying no Ensino Médio de Araraquara –SP. Araraquara, 2006.
www.bibliaonline.com.br
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