terça-feira, 1 de maio de 2012

Bullying em contexto escolar – como identificar?


Sobre o Autor
Psicóloga do Espaço Potencial.

«Olha o gordo! Anda cá caixa de óculos! Ninguém gosta de ti! Vens de outra terra para aqui, não devias ter saído de lá! Se não me deres o teu lanche, logo à tarde espero-te à saída da escola! Vai ali e bate naquele miúdo, se não o fizeres és tu que levas! Se não parares de chorar, não paro de te bater!»

As expressões acima são algumas das possivelmente usadas em comportamento bullying. Em contexto escolar, bullying é o termo usado para descrever actos de violência física ou psicológica, repetidos e intencionais que podem ser praticados individualmente, por apenas uma criança ou por apenas um jovem, ou que podem ser praticados em grupo. O objectivo destes actos é intimidar ou agredir outra criança ou jovem, que se apresenta à partida incapaz de se defender e, por tal, encontra-se numa relação de claro desequilíbrio de poder. Cada vez mais, em Portugal, surgem casos de bullying escolar o que conduz, inevitavelmente, a mais estudos sobre este fenômeno. É fundamental que os pais e os educadores estejam atentos a esta situação, uma vez que ela pode conduzir a graves consequências físicas e psicológicas nas vítimas.

Como podem os pais ou os educadores identificar o agressor? Geralmente são crianças ou jovens muito autoritários, intimidadores e preconceituosos. Apresentam uma forte vontade de dominar e de controlar, bem como acessos de raiva e de fúria, em conjunto com abuso de força. O que fazem estas crianças ou jovens? Insultam a vítima, gozam com ela, chamam-lhe nomes; atacam-na fisicamente e danificam ou roubam os seus livros, material escolar, roupas, e outros. Dizem mentiras sobre a vítima, lançam boatos e rumores negativos, depreciam a sua família (principalmente a mãe) sem qualquer motivo. Realizam outros comentários negativos sobre o local onde vivem, sobre a sua aparência física, sobre a orientação sexual, sobre a sua religião, etnia ou nível de rendimento, sobre a sua nacionalidade ou qualquer outra inferioridade. Levam a vítima a fazer coisas que ela não quer, através da ameaça e da chantagem. Provocam o isolamento da vítima, excluindo-a de actividades de grupo, deixando-a de fora propositadamente.

O comportamento do agressor poderá basear-se numa dificuldade emocional; por detrás deste comportamento, poderão existir situações de trauma e de maus-tratos, dificuldades no controlo da raiva e na sua verbalização, dificuldades relacionais e perturbações de auto-imagem. O acompanhamento psicológico é fundamental para ajudar os agressores a tomarem consciência da sua agressividade, em verbalizá-la e compreendê-la, bem como em descobrirem um novo modo de relacionarem-se com os outros.

Na escola, onde acontecem estes actos de violência? Normalmente, em espaços sem supervisão adulta ou supervisão mínima, como balneários, corredores, pátios ou zonas escondidas da escola. De notar que o caminho escola-casa/casa-escola é, também, um local de excelência para a prática destes comportamentos. Como podem os pais ou os educadores identificarem uma vítima? De modo geral, trata-se de uma criança ou jovem aparentemente indefesa, introvertida e reservada, com pouca capacidade para expressar a sua agressividade e afirmar-se como pessoa. As consequências e efeitos negativos do bullying traduzem-se, geralmente, por um decréscimo nas notas escolares, bem como por uma repulsa aos trabalhos de casa, às idas para a escola, à participação em actividades escolares ou em qualquer outra iniciativa na escola. As vítimas podem desenvolver perturbações psicológicas, como depressão e ansiedade. Em casos extremos de angústia ou de dor, a vítima pode cometer suicídio. O acompanhamento psicológico permite que a vítima elabore os seus traumas, compreendendo as situações pelas quais passou e o que poderá fazer para as ultrapassar.

Por todas estas razões, é necesário que tanto os pais como os educadores e até os colegas estejam atentos na identificação destes comportamentos, para que tanto o agressor como a vítima possam ser ajudados nessa árdua tarefa que é reapreender a relacionarem-se.

Fonte: Local de Portugal

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