«Olha o gordo! Anda cá caixa de óculos! Ninguém gosta de ti! Vens de
outra terra para aqui, não devias ter saído de lá! Se não me deres o teu
lanche, logo à tarde espero-te à saída da escola! Vai ali e bate
naquele miúdo, se não o fizeres és tu que levas! Se não parares de
chorar, não paro de te bater!»
As expressões acima são algumas das possivelmente usadas em
comportamento bullying. Em contexto escolar, bullying é o termo usado
para descrever actos de violência física ou psicológica, repetidos e
intencionais que podem ser praticados individualmente, por apenas uma
criança ou por apenas um jovem, ou que podem ser praticados em grupo. O
objectivo destes actos é intimidar ou agredir outra criança ou jovem,
que se apresenta à partida incapaz de se defender e, por tal,
encontra-se numa relação de claro desequilíbrio de poder. Cada vez mais,
em Portugal, surgem casos de bullying escolar o que conduz,
inevitavelmente, a mais estudos sobre este fenômeno. É fundamental que
os pais e os educadores estejam atentos a esta situação, uma vez que ela
pode conduzir a graves consequências físicas e psicológicas nas
vítimas.
Como podem os pais ou os educadores identificar o agressor?
Geralmente são crianças ou jovens muito autoritários, intimidadores e
preconceituosos. Apresentam uma forte vontade de dominar e de controlar,
bem como acessos de raiva e de fúria, em conjunto com abuso de força. O
que fazem estas crianças ou jovens? Insultam a vítima, gozam com ela,
chamam-lhe nomes; atacam-na fisicamente e danificam ou roubam os seus
livros, material escolar, roupas, e outros. Dizem mentiras sobre a
vítima, lançam boatos e rumores negativos, depreciam a sua família
(principalmente a mãe) sem qualquer motivo. Realizam outros comentários
negativos sobre o local onde vivem, sobre a sua aparência física, sobre a
orientação sexual, sobre a sua religião, etnia ou nível de rendimento,
sobre a sua nacionalidade ou qualquer outra inferioridade. Levam a
vítima a fazer coisas que ela não quer, através da ameaça e da
chantagem. Provocam o isolamento da vítima, excluindo-a de actividades
de grupo, deixando-a de fora propositadamente.
O comportamento do agressor poderá basear-se numa dificuldade
emocional; por detrás deste comportamento, poderão existir situações de
trauma e de maus-tratos, dificuldades no controlo da raiva e na sua
verbalização, dificuldades relacionais e perturbações de auto-imagem. O
acompanhamento psicológico é fundamental para ajudar os agressores a
tomarem consciência da sua agressividade, em verbalizá-la e
compreendê-la, bem como em descobrirem um novo modo de relacionarem-se
com os outros.
Na escola, onde acontecem estes actos de violência? Normalmente, em
espaços sem supervisão adulta ou supervisão mínima, como balneários,
corredores, pátios ou zonas escondidas da escola. De notar que o caminho
escola-casa/casa-escola é, também, um local de excelência para a
prática destes comportamentos. Como podem os pais ou os educadores
identificarem uma vítima? De modo geral, trata-se de uma criança ou
jovem aparentemente indefesa, introvertida e reservada, com pouca
capacidade para expressar a sua agressividade e afirmar-se como pessoa. As consequências e efeitos negativos do bullying traduzem-se,
geralmente, por um decréscimo nas notas escolares, bem como por uma
repulsa aos trabalhos de casa, às idas para a escola, à participação em
actividades escolares ou em qualquer outra iniciativa na escola. As
vítimas podem desenvolver perturbações psicológicas, como depressão e
ansiedade. Em casos extremos de angústia ou de dor, a vítima pode
cometer suicídio. O acompanhamento psicológico permite que a vítima
elabore os seus traumas, compreendendo as situações pelas quais passou e
o que poderá fazer para as ultrapassar.
Por todas estas razões, é necesário que tanto os pais como os
educadores e até os colegas estejam atentos na identificação destes
comportamentos, para que tanto o agressor como a vítima possam ser
ajudados nessa árdua tarefa que é reapreender a relacionarem-se.
Fonte: Local de Portugal
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