Em março, um pai agrediu verbalmente e ameaçou uma professora grávida. 10% de professores do DF testemunharam violência física, mostra pesquisa
Fonte: G1
A informação de que a filha havia dormido no chão da escola motivou um pai a agredir verbalmente e ameaçar uma professora grávida de sete meses na Escola Classe 413 Sul, em Brasília, conta a direção do colégio. A polícia precisou ser chamada.
A instituição afirma que tudo não passou de um mal entendido, pois os alunos da instituição, que têm idade entre 6 e 10 anos, estudam em horário integral e têm um momento de descanso, em que deitam em colchonetes no chão.
Após o incidente, que ocorreu em 8 de março, a professora seguiu trabalhando normalmente. Em audiência, um juiz determinou que o pai prestasse serviços sociais. A escola fez reunião com os pais e alunos e tratou da importância da comunicação, tolerância e da paz.
O caso chegou ao Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF), que diz que, além das agressões entre professores e alunos, crescem os relatos de que pais bateram nos professores dos filhos ou os xingaram.
“Não temos uma pesquisa que mostre isso, mas a vivência indica que a agressão dos pais tem crescido. Estudiosos chegam conclusão de que a profissão professor está desvalorizada. À medida que ocorre a desvalorização, essa relação vem mudando”, fala a diretora de imprensa do Sinpro, Rosilene Correia.
A diretora diz que é difícil mensurar a violência nas escolas porque muitos casos não são formalizados. “Muitas vezes, o professor que é agredido nem registra isso, o caso não sai das escolas. Mas a gente sabe que existe e que o número é alto.”
Dados da Prova Brasil 2011, divulgados no ano passado, mostram que a violência é recorrente nas escolas do DF. Dos 2.221 docentes que responderam uma pergunta do questionário, 10% (221) afirmaram ter testemunhado agressão físicas de alunos contra professores no ano pesquisado. Um total de 1.528 (69% dos entrevistados) falaram ter visto agressão verbal de alunos contra professores.
Entre os estudantes os dados também chamam a atenção. Um total de 1.081 professores, de um universo de 2.222 (49%), falaram que houve agressão física entre alunos nas escolas do DF em 2011.
Rosilene Correia diz que a violência nas instituições de ensino é recorrente porque há um conflito entre a escola e a família. "Vivemos em uma sociedade em que as crianças e jovens estão tendo dificuldade para seguir normas. A escola coloca essas regras e o aluno resiste. A escola e a família têm de ter uma parceria para formar crianças e adolescentes capazes de ter uma boa convivência em sociedade."
Ações do GDF
De acordo com o coordenador de educação em direitos humanos da Secretaria de Educação do DF, Mauro Evangelista, o fenômeno da violência no ambiente escolar existe, mas “não estamos caminhando para a barbárie”.
De acordo com o coordenador de educação em direitos humanos da Secretaria de Educação do DF, Mauro Evangelista, o fenômeno da violência no ambiente escolar existe, mas “não estamos caminhando para a barbárie”.
“[A violência nas escolas] não tem aumentado, tem sido desnudada, tipificada, mas sempre esteve aí”, fala Evangelista.
O coordenador avalia que a violência nas escolas é o resultado de uma série de problemas. “Há um mal-estar do docente, um mal-estar da criança e do jovem no papel de aluno, um mal-estar cultural. A escola é o lugar onde esses mal-estares se encontram e se desencontram.”
Para ele, a solução não está no reforço do policiamento e na segurança. O que pode trazer paz para escolas é o diálogo. “Outros países já colocaram policiais, câmeras, detector de metais, mochilas transparentes, mas não resolveu. Na verdade, piorou”, diz Mauro Evangelista.
No combate à violência nas escolas, o governo do Distrito Federal conta com o Plano de (COM)vivência Escolar, que promove discussões nas instituições sobre o tema, na tentativa de entender e resolver os conflitos.
Outra iniciativa envolve a rede de proteção social, para o enfrentamento de situações emergenciais, como o tráfico de drogas. “Acionamos a polícia, por exemplo, para fazer o trabalho que é dela, para as ações mais coercitivas”, explica o coordenador da Secretaria de Educação.
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