A crise está a deixar os pais sem paciência e os filhos revelam cada vez mais agressividade na escola, conclui a psicóloga Eliana Neves, num estudo sobre o "bullying" em escolas de Águeda.
"As crianças estão a tornar-se mais agressivas e continuamente. A parte do suporte afetivo e a disponibilidade da família está ser afetada e a revelar-se através das crianças. Os pais estão menos pacientes com os filhos e menos tolerantes, dando-lhes menos atenção" disse à Lusa Eliana Neves.
O trabalho de Eliana Neves, que integra o Serviço de Psicologia da Câmara de Águeda, foi realizado já neste terceiro período escolar de 2013.
Em questionários distribuídos a 211 alunos, entre os oito e os 11 anos, de várias escolas do 1º ciclo do concelho de Águeda, 35,7% responderam terem sido vítimas da agressividade dos colegas "uma ou duas vezes" desde que recomeçaram as aulas, e 34.8% queixam-se de que foram agredidas 34,8% "mais de três vezes".
Significativo é também o número dos que referiram terem sido excluídos pelos colegas: 32,9%.
"Vinte e nove por cento das vítimas referem ter sido agredidas através de violência física, como murros e pontapés. Esse modo de agressão é mais sentido pelos rapazes do que por raparigas, mas mesmo elas são vítimas desse tipo de violência", disse à Lusa.
Perante os resultados das amostras aleatórias, a psicóloga não tem dúvidas de que se assiste a um aumento generalizado da agressividade no espaço escolar, e de forma continuada.
"Hoje, devido à conjuntura económica do país, eu noto em consulta um aumento de características de psicopatia nas crianças de forma significativa", diz.
Quanto aos agressores, o estudo revela que 45,5% dos alunos admitiram que "já fizeram mal a outros meninos" pelo menos "uma ou duas vezes" desde o início do período, e é comum a mesma criança ser vítima e agressor.
"Muitas vezes o que os pais lhes dizem é que respondam com a mesma moeda: «se te baterem, bate tu também» e isso conduz a uma escalada de violência", descreve.
Quanto ao local onde ocorre a maior parte destas práticas de "bullying" é no recreio: 63,5%.
"O número de auxiliares é reduzido para a população escolar e os recreios deviam ser melhorados, no sentido de criar espaços mais lúdicos, e das crianças terem com que brincar, de uma forma mais orientada. Neste momento, não sabem brincar e as brincadeiras são a agressividade", conclui.
O trabalho "A Prevalência do Bullying nos alunos do 1º CEB: programas de informação e prevenção nas escolas do concelho de Águeda" é apresentado dia 16 por Eliana Neves no II Congresso de Psicologia de Estarreja.
Fonte: RTP de Portugal
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