Da Redação
Campanha vai abranger toda a comunidade escolar oficial em 2014 / Foto: Rodrigo Lima
O tema é complexo. Falar de bullying, violência gratuita que traz grandes prejuízos e afeta toda a comunidade escolar, é uma ameaça difícil de lidar. Em razão dessa dificuldade, o governo do Estado e a rede Cartoon Network fizeram parceria e apresentaram nesta quarta-feira (15) kits sobre como atracar o bullying. O material será utilizado em escolas da América Latina a partir de 2014. No Estado, deve atingir os 4,2 milhões de alunos da rede, sendo 302 mil matriculados nas 332 escolas estaduais da região.
A ação integra a campanha Chega de bullying, não fique calado, iniciada em 2011, com o objetivo de ensinar professores, estudantes, pais e funcionários das instituições de ensino maneiras práticas de como combater a questão muitas vezes mal compreendida e tratada de forma errada.
O kit, composto de seis apostilas, foi elaborado especificamente para cada integrante da comunidade educativa, do ensino fundamental I, II e médio, e aborda as três partes envolvidas: o assediado, o agressor e a testemunha. "Até o início do próximo ano, treinaremos os educadores da rede estadual para otimizar o uso do material que, na sequência, será distribuído às escolas para aplicação dos conceitos", afirma Felippe Angeli, coordenador do Sistema de Proteção Escolar da Secretaria Estadual de Educação.
Angeli acredita no combate efetivo do bullying apesar da banalização do tema. "Nos últimos cincos anos o termo começou a ser exposto, mas não foi levado a sério", completa.
O governo do Estado não tem controle de quantos casos de bullying foram até agora detectados nas escolas. Mas pesquisas conduzidas pelos parceiros da campanha - Plan International e UNICEF -, estimam que entre 50% e 70% de todos os estudantes da América Latina já testemunharam ou sofreram bullying.
Segundo informações disponibilizadas no site da campanha (www.chegadebullying.com.br), as crianças de menor idade são mais vulneráveis aos agressores. Estudantes considerados diferentes, que não usam roupas da moda, ou que pertencem à minoria étnica, social ou racial também estão na mira dos praticantes do bullying.
Menina precisou de psicólogo
"Minha filha tem sete anos e sofreu bullying numa escola estadual em São Bernardo. Há três meses vai ao psicólogo, pois não teve apoio. Soube que a ridicularizavam por ser a mais alta da turma, um pouco gordinha e quieta. Ela não me contou e a professora me comunicou somente três dias depois. Pedi explicação e ela me disse que não sabia como proceder e levei o caso à direção, mas nada adiantou. Aos poucos minha filha contou os detalhes. Disse que durante a agressão havia uma inspetora perto que não reagiu.
Se nem os profissionais a quem confio a educação dela não sabem como agir, como eu vou saber? Procurei um psicólogo, que me instruiu a não tirá-la da escola para que o problema não seja apenas transferido de lugar.
A minha filha melhorou e já não tem aversão à escola. O pai de um dos agressores me procurou para pedir desculpas. Disse que havia instruído o filho a não repetir isso. Hoje, o menino conversa com minha filha. A transparência entre a família e a escola deve ser estimulada para combatermos o bullying, que pode acontecer com qualquer um".
Colaborou Iara Voros
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