Por André Alves
A escola estadual Raimundo Nogueira, localizada no conjunto Ajuricaba, Zona Centro-Oeste de Manaus, que foi palco nas últimas semanas de confrontos entre alunos e ameaças a professores, funcionará como projeto-piloto da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) para ação que prevê o monitoramento dos alunos por câmeras instaladas dentro das salas de aulas. A meta da pasta é estender a ideia para todas as 230 escolas estaduais de Manaus. Juntas, as unidades educacionais do Estado, na capital, mantém 280 mil estudantes.
Conforme informou a Seduc, por meio das imagens os pais poderão acompanhar o comportamento e desempenho dos estudantes via Internet, ao vivo. Cada pai ou responsável terá direito a um login e senha para acessar as filmagens por meio de um endereço eletrônico específico. “Nosso objetivo é levar mais segurança à escola e compartilhar com os pais o que acontece dentro da sala de aula”, disse o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares. Ele afirmou que até quarta-feira, as câmeras já estarão instaladas em todas as salas da Escola Estadual Raimundo Nogueira. O monitoramento também está sendo instalado nas áreas externas do colégio.
“Escola não pode ser um depósito de crianças e adolescentes. Deve funcionar como uma guarda compartilhada. Precisamos ter uma divisão de responsabilidades. Os pais têm que ajudar e apoiar na educação dos filhos”, sustentou o titular da Seduc.
Ampliação
Ele informou que a ampliação do projeto para as demais escolas da capital depende dos resultados dos testes de transmissão das imagens, bem como da qualidade da conexão na Internet. “Não há como fazer um projeto dessa amplitude sem antes testar a usabilidade. Mas o objetivo é instalar uma câmera em cada sala de aula”, comentou Rossieli Soares.
Segundo ele, os testes vão levar em consideração se o número de usuários (pais ou responsáveis) da página virtual irá implicar no acesso aos serviços prestados pela Secretaria de Estado de Educação em seu próprio site (www.seduc.am.gov.br), onde as imagens deverão ficar hospedadas. De acordo com o secretário, a iniciativa da Seduc é uma tentativa de “chamar os pais à responsabilidade” pela educação dos filhos, além de incluir a família ao ambiente escolar.
Promessa de vigilância no entorno
A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) prometeu, no dia 18 de abril, instalar câmeras de monitoramento 24 horas dentro e fora do prédio da escolas públicas estaduais. Conforme o projeto anunciado pela pasta, as imagens seriam transmitidas para uma central de segurança com profissionais especializados. A Seduc ainda afirmou que todas as escolas do Estado passariam a ter agentes de portaria, que se revezariam diuturnamente, para controlar o acesso às escolas.
De acordo com a pasta, “tanto o sistema de monitoramento eletrônico quanto os agentes de portaria são procedimentos que serão adotadas, de forma gradativa, nas demais unidades de ensino estaduais da capital”.
Na escola estadual Raimundo Nogueira, para tentar garantir a segurança de alunos e professores, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP/AM) iniciou um trabalho de policiamento feito pela 10ª Cicom, dentro e no entorno da escola, com patrulhamento e distribuição de cartilhas com orientações sobre segurança.
Medida deve gerar polêmica
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas (Sinteam), Marcus Libório, afirmou que a decisão tomada pela Seduc, de instalar câmeras dentro das salas de aula, vai gerar polêmica.
Na avaliação dele, a medida deveria ter sido debatida com pais, alunos, professores e com os conselhos de educação. Para o representante sindical, os educadores poderão ficar constrangidos em virtude do monitoramento eletrônico.
“A questão é muito polêmica. Entendo a iniciativa da Seduc em tentar minimizar a violência nas escolas. Mas isso não garante que a violência vai acabar. Por outro lado, vai constranger o professor. Penso que antes dessa decisão, seria interessante e pertinente que houvesse uma discussão com os conselhos, alunos, professores, para ouvir as partes da real necessidade de se instalar câmeras de seguranças dentro das salas de aulas”, disse ele.
De acordo com Marcus Libório, a providência vai dividir a categoria. “Essas medidas que são impostas pela Seduc agradam a uns e a outros, não. Alguns professores vão se sentir constrangidos por achar que estão sendo monitorados no exercício da profissão”.
Ele lembrou que, nas escolas municipais, foram instaladas câmeras de segurança com Central de Monitoramento sob o argumento de que isso reduziria os índices de assalto e violência nas unidades educacionais. “Mas a gente percebe que a violência continua. Tem que haver uma ampla discussão para que essa solução seja compartilhada com pais e responsáveis. É uma discussão polêmica”, acentua Marcus Libório.
Fonte: A Crítica
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