segunda-feira, 27 de maio de 2013

Diálogo na escola


Cuidados especiais com a segurança nas escolas devem ser motivo de permanente preocupação dos governos nos seus três níveis: federal, estadual e municipal

Antigamente, professores reconhecidos como verdadeiros mestres do ensino tentavam convencer os alunos de que a escola tinha que ser vista como o templo do saber, do conhecimento, da construção do futuro. Com o passar dos anos, a sociedade mudou e a escola, como uma de suas principais instituições, também se transformou. Em muitos casos, o sonho do templo do saber foi substituído pela dura realidade da violência num ambiente que deveria ser porto seguro exclusivo para o ensino e a paz. 

As autoridades públicas recorreram a câmeras, guarda na porta da escola e outras medidas como forma de conter o clima de insegurança. A mais nova medida adotada pelo governo do Estado de São Paulo foi a criação da figura do professor-mediador de conflitos. Em Sorocaba há 79 professores com essa qualificação, segundo reportagem publicada pelo Cruzeiro do Sul na edição de quinta-feira (23/5), pág. A12. Eles atendem às escolas do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e também os três anos do ensino médio.

A medida faz parte do Sistema de Proteção Escolar criado pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo em 2009 para ser implantado em todas as escolas da rede estadual de ensino. O professor que tem a função de mediar conflitos passa o dia todo na escola e convive com os alunos. O gestor regional do Sistema, José Cândido Mendes, avaliou que houve diminuição dos casos de agressão nas escolas com a atuação desses professores.

Como modelo de ação, a presença dos professores-mediadores significa a opção pelo diálogo para a solução dos problemas de convivência na comunidade escolar. O procedimento, por suas características e necessidades, é absolutamente louvável. Mas ele não deve substituir ou reduzir a frequência de outras medidas já tomadas. Os usos de câmeras e rondas escolares, por exemplo, têm que ser mantidos e até ampliados nos casos graves de problemas de segurança.

Estatística da Apeoesp (o sindicato dos professores), divulgada no dia 9 deste mês na sede da entidade, em São Paulo, mostra que os alunos são os principais autores da violência nas escolas para 95% dos professores da rede estadual de ensino. Os alunos também são apontados como as vítimas mais frequentes por 83% dos docentes. E 52% dos professores relataram ter conhecimento de casos de agressão física ocorridos nas escolas onde trabalharam em 2012.

A pesquisa foi executada pelo Instituto Data Popular entre 18 de janeiro e 5 de março deste ano, por telefone. Os resultados mostram que as brigas entre alunos são os casos de violência mais comuns presenciados pelos professores em 2012. Foram apontadas por 72% dos entrevistados. As ameaças entre alunos foram testemunhadas por 57% dos professores. Os motivos são os mais variados: assédio moral, bullying, agressão física, discriminação e furtos.

A escola, assim como a família, o local de trabalho, o clube social, também é reflexo da sociedade. Nos últimos anos, as preocupações com a segurança nos corredores de salas de aula têm aumentado e a presença dos professores-mediadores nesse ambiente tende a melhorar comportamentos e a produzir efeitos como ação preventiva.

Cuidados especiais com a segurança nas escolas devem ser motivo de permanente preocupação dos governos nos seus três níveis: federal, estadual e municipal. Até porque, erros e omissões numa área tão delicada de governo podem resultar em consequências de difícil conserto e recuperação.

Cuidados adicionais devem ser tomados com total emergência. Até mesmo para evitar que professores-mediadores, de repente, acabem também como vítimas da violência nas escolas.
Fonte: Cruzeiro do Sul

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