segunda-feira, 13 de maio de 2013

Professores dizem que aluno drogado é o principal fator de violência nas escolas. Mandem o resultado para Dilma, FHC, Paulo Texeira e a Comissão Brasileira Sobre Drogas e Democracia


reinaldo-azevedo
A Apeoesp, o sindicato dos professores da rede estadual de ensino, que tem um neurônio petista e o outro também, fez uma pesquisa sobre a violência nas escolas. Deve ser parte da sua campanha contra o governo do estado, o PSDB, o capitalismo, a privatização do ensino, a propriedade privada, sei lá eu… De todo modo, existe, é evidente, violência nas escolas país afora. E é coisa grave! O resultado, já falo a respeito, não é nada surpreendente.
Os dados deveriam ser enviados à presidente Dilma Rousseff, cujo governo patrocinou, na semana passada, um seminário em favor da descriminação de todas as drogas; deveriam ser enviados ao deputado Paulo Teixeira (SP), um dos capas-vermelhas do PT, que quer discriminação total das drogas e acha que quem for flagrado com uma quantidade suficiente para até DEZ DIAS de consumo não pode ser incomodado; deveriam ser enviados, claro!, ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele é o principal responsável por ter conferido credibilidade aos liberacionistas: “Se até o FHC é a favor…”. Deveriam ser enviados à tal Comissão Brasileira Sobre Droga e Democracia, com seu incrível nefelibatismo… Aliás, a página dessa entidade na Internet limitava-se, até outro dia, a tratar a questão como matéria de política pública, ligada à segurança e à saúde. Na semana passada, havia lá o texto (sobre um ator) que fazia claramente a apologia da maconha.
Os dados deveriam ser enviados, enfim, a todos os “pensadores” que usam o discurso da medicalização do vício para liberar a droga e, assim, produzir ainda mais viciados… A sistema de saúde no Brasil passaria a girar em torno desse eixo. O que essa turma pretende, na prática, é tornar a droga disponível a cada esquina, a preços bem mais baratos, claro!, e jogar o ônus de sua escolha — CONTRA A VONTADE DO POVO — no sistema público de saúde.
Leiam trecho de reportagem da Folha . Volto depois.
A presença das drogas no ambiente escolar é o principal motivo apontado por professores da rede estadual de ensino de São Paulo para a criação de situações de violência dentro da escola. A constatação é de pesquisa divulgada ontem pela Apeoesp (sindicato estadual dos professores). Em 42% dos casos, os entrevistados disseram que o aluno sob efeito de drogas foi a razão que motivou a violência. Em seguida, com 29%, estão as ações do tráfico de drogas e alunos sob efeito de álcool como as motivadores.
O levantamento, realizado pelo instituto Datapopular, ouviu 1.400 professores, por telefone, em 167 cidades paulistas entre janeiro e março deste ano e tem margem de erro de 2,61%. A pesquisa indicou também que 84% dos entrevistados disseram ter tido conhecimento de algum caso de agressão dentro da escola onde trabalham, e 44% dos professores pesquisados afirmam ter sofrido algum tipo de agressão (física, verbal ou assédio) no ambiente escolar.
(…)
Voltei
Outro dia, um desses que andam com a cabeça nas nuvens, embora tenha se mostrado um empirista empedernido, mandou pra cá um comentário duro, exigindo que eu demonstrasse que a descriminação acarretaria uma elevação do consumo. Ele não quer que eu prove nada. Ele está mentindo — talvez até para si mesmo. Ele é da turma que pretende:
a: acabar com qualquer abordagem repressiva aos consumidores de drogas;
b: diminuir (e, no limite, acabar) com a interdição social que ainda resiste em relação a elas;
c: oferecer tratamento público e gratuito para os que eventualmente se tornaram “dependentes” e quiserem se livrar do vício;
Depois de tudo isso, ele quer que seja eu a provar que haverá elevação do consumo… Santo Deus! Essa gente acha que nas periferias — na pobreza, enfim —, puxa-se um fuminho com a mesma ligeireza, graça e manemolência com que se acende um baseado em Higienópolis, Vila Nova Conceição, Moema, Vila Madalena, Ipanema, Copacabana, Leblon ou Botafogo. O médico que foi detido com um floresta de maconha no apartamento, no Rio, foi tratado em certos veículos quase como um poeta. A cara da pobreza é diferente!
A estupidez militante
Aí a estupidez militante resolve pensar: “Tá vendo? Mesmo com as drogas proibidas, a gente tem esse resultado…”. Sim, é verdade! E aí, então, esses gênios resolvem criar condições para aumentar a circulação das ditas-cujas. A tese é a seguinte: se, com menos drogas circulando, temos isso, quem sabe com mais? É um modo de pensar.
Venham cá: por que se instituiu a tal Lei Seca para motoristas? Por que existe a restrição à venda de álcool para menores? Aqui perto da minha casa mesmo, numa dessas lojas de conveniência de postos de gasolina, já vi a lei sendo fraudada. Um rapaz maior de idade entrou, comprou meia dúzia de latinhas de cerveja e distribuiu depois para os amigos, provavelmente menores. Por que ninguém vem a público, nesses dois casos, para afirmar que as medidas repressivas são ineficazes?
Ineficazes para “resolver” o problema podem ser, mas não inúteis. Elas têm a eficácia possível. Uma coisa é certa: sem elas, a situação seria pior. A existência de uma lei não impede que um crime aconteça ou que um grupo de pessoas deixe de correr riscos e mesmo de pôr terceiros em risco. Mas certamente age como fator de inibição.
Os lobistas da liberação das drogas foram hábeis em inverter, vamos dizer assim, o ônus da prova. Eles é que teriam de provar que elevar a exposição da sociedade brasileira às drogas não acarretará um aumento do consumo; eles é que querem mudar a lei. Eles é que têm de apelar a alguma instância secreta do conhecimento para justificar que, quanto mais droga circulando (e mais barata), menor será o consumo.
Comissão Brasileira Sobre Drogas e Democracia conta com gente sem dúvida sábia em sua área de atuação. Estão lá, por exemplo, o brilhante economista Edmar Bacha e o banqueiro Pedro Moreira Salles. A comissão defende a descriminação, mas, que eu saiba, continua favorável à repressão ao tráfico. Eu continuo a aguardar um ensaio de Bacha e Salles demonstrando que o estímulo à demanda não provocará a) ou uma elevação da oferta b) ou a explosão da inflação no setor. Em qualquer caso, o traficante sairia ganhando. Se conseguir suprir a demanda, mantendo sua margem, vai expandir o negócio porque poderá reinvestir o lucro crescente na própria atividade. Se não conseguir, restará elevar os preços, mantendo fixos os custos. Nesse caso, ganhará ainda mais dinheiro vendendo o mesmo. Resta a alternativa improvável de que a lei da oferta e da procura não funcione para o mercado de drogas. Mas eu posso esperar por esse ensaio e a história do pensamento econômico também.
No momento, a Comissão deveria é dar uma resposta aos professores de São Paulo, tentando explicar que a descriminação das drogas minimizaria o problema da violência. Noto, para encerrar mesmo, que os professores apontaram como o maior problema o aluno sob efeito de drogas, não o aluno traficante!
Por Reinaldo Azevedo

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