Traçar um planejamento...
Traçar um planejamento com estratégias eficazes intersetoriais para prevenir e acabar com a violência escolar é o principal objetivo do 1º Encontro dos Coordenadores dos Núcleos de Educação e Prevenção às Violências na Escola (NEPREs), que iniciou nesta segunda-feira, 6, no auditório da Secretaria de Estado da Educação. O evento foi aberto pela secretária-adjunta, Elza Moretto, e a diretora de Educação Básica e Profissional, Marilene Pacheco.
O encontro termina nesta terça-feira, 7, com mesa de debates: o NEPRE da escola articulando a rede intersetorial (das 8h30min às 12h); Organização da Webconferência para NEPRE/Escola (das 13h30min às 16h30min); e Organização do plano de trabalho para os NEPRE/Gered em relação às escolas (das 16h30min às 17 horas).
Participam do evento os responsáveis pelos núcleos nas 36 Gerências Regionais de Educação (Gereds) e do Instituto Estadual de Educação (IEE). O encontro está focado na implantação da Política de Educação, Prevenção, Atenção e Atendimento às Violências na Escola da SED.
A diretora de Educação Básica reforçou a necessidade de se fortalecer os núcleos das Gereds e os que já existem na maioria das 1.100 escolas da rede pública estadual, além de ampliar para outras unidades escolares. “Precisamos definir metas para se trabalhar em rede e colocar em prática tudo que já foi estudado”, declarou.
A secretária-adjunta também destacou a importância de políticas intersetoriais sobre o tema violência escolar. “Vamos socializar, ampliar e aprofundar as discussões em torno do tema em função do cenário que nos preocupa. São tempos em que vemos a juventude ceifada em função da violência em todo o mundo e vamos discutir políticas para que possamos avançar em estratégias com outros setores”, ressaltou a secretária.
A coordenadora do NEPRE na SED, Rosemari Kock Nunes, traçou uma trajetória do projeto criado pela em 2009 e da implementação de políticas públicas que resultou, em 2011, no documento Política de Educação, Prevenção, Atenção e Atendimento às Violências na Escola. Ela lembrou que foi implantado a partir de uma comissão instituída por portaria. “As violências ocorrem em vários contextos, incluindo na a educação, tanto pública como privada”, declarou.
De acordo com coordenadora, a secretaria aplicou uma pesquisa em 80% das escolas com a pergunta: como se classifica, segundo a percepção do gestor da unidade escolar, o fenômeno da violência no contexto da sua escola? Do total, 68,32% foram classificados em uma proporção baixa, seguidos de 22,65% classificados como média. Ainda, segundo a pesquisa, identifica-se nestas classificações como tipo de violência predominante o bullyng, seguido da depredação de patrimônio público.
A coordenadora do NEPRE da Grande Florianópolis, Natália Meneguetti, proferiu a palestra Mediação de Conflitos. “Mediação é um processo de negociação no qual as partes envolvidas no conflito buscam chegar a uma solução de consenso, contando com a ajuda de um mediador, imparcial, neutro, que não pode ter poder de decisão e que foi escolhido em comum acordo”, define. Para ela, “nós na educação temos condições de mediar os conflitos na unidade escolar”.
Projetos - Entre projetos e ações se destacam: o Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd); o Programa de Saúde na Escola (PSE), “Crack, é possível vencer”; Bullying; isso não é brincadeira!; Escola Segura; Aviso por Infrequência do Aluno (Apoia); Aviso Maus Tratos (Apomt); Campanha de valorização da Vida - “Conte até dez , a Raiva passa, a Vida fica”; e “Paz, Essa é a atitude”.
Dez passos da prevenção das violências na escola
1º - O primeiro passo é reconhecer que a escola trabalha prioritariamente com o conhecimento. Assim, é imprescindível estudar a temática das violências tanto nas 25 vertentes clássicas da Sociologia e Antropologia, entre outras áreas do saber, quanto nas pesquisas acadêmicas que buscam pensar sobre situações mais vivenciais do fenômeno, em um comitê que reúna professores, outros trabalhadores das escolas, estudantes e pais.
2º - O passo seguinte é um diagnóstico dos tipos mais frequentes de violência escolar: agressão, brigas, xingamentos, ameaças, bullying, depredações.
3º - Além de ter um diagnóstico dos problemas na escola, é importante fazer um diagnóstico do entorno dela: há segurança? Existe tráfico de drogas ou outros tipos de gangues? Existem bares com venda de cigarros, álcool, jogos?.
4º - Com o conhecimento na mão, o próximo passo é construir uma cultura de proteção compartilhada, uma forma de atuação em que professores, trabalhadores, estudantes e pais se sintam corresponsáveis uns pelos outros, firmem compromisso de autocuidado e cuidado coletivo.
5º - Outro ponto importante é buscar parcerias para que seja realizado um trabalho em rede. Dá para envolver órgãos da justiça, assistência social, saúde, segurança pública, Ministério Público e instituições da sociedade civil.
6º - Trabalhar o aluno como um multiplicador das ações é outro ponto importante, mesmo porque não há ninguém melhor que o jovem para falar com o jovem. Produzir materiais que tratem da prevenção da violência tanto em sala de aula quanto em veículos de comunicação interna (como rádios, jornais ou blogs) ajuda a combater a violência.
7° - Fazer mediação pedagógica intervindo, mesmo nas indisciplinas consideradas menores, como um falar mais ríspido, inicia uma reconstrução de outro patamar de conduta onde educação e gentileza circulam mais do que a rispidez.
8° - Introduzir formas de mediação pacífica de conflitos (inerentes a qualquer grupo humano) constrói o dialogo como o melhor condutor dos problemas.
9° - A estética dos ambientes escolares é outro fator importante. Sabemos que a organização dos espaços configura a mente tanto quanto os conteúdos. Assim, melhorar os espaços qualifica a convivência.
10° - Entender e socializar a ideia de que as diversidades humanas são o grande patrimônio da escola e da sociedade. Assim, acolher, entender e aprender com o diverso é o que nos faz melhores.
Mais informações
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