Agressão aconteceu na escola Álvares de Azevedo. Educadores dizem monitorar os alunos para evitar prática em sala de aula.
“Pensei em tomar remédio para me matar”. A frase é de uma estudante de 19 anos, vítima de bullying dentro de uma escola estadual de Vilhena (RO). Chamada pelos colegas de “neguinha do cabelo duro”, a jovem também foi discriminada por ter mais de 18 anos e ainda estar no Ensino Fundamental.
Esse tipo de violência é comum dentro das escolas, de acordo com a professora Cidinha Barbosa Reis. Foi pensando em combater esta prática que a educadora criou um projeto para conscientizar os alunos das escolas Álvares de Azevedo e Deputado Genival Nunes da Costa.
“Com a palestra, queremos que os estudantes agredidos verbalmente pelos colegas, tenham coragem e confiança para procurar a gente”, explica Cidinha. Os primeiro resultados do projeto da educadora já apareceram. Três estudantes, cansados de chacotas e humilhações, denuciaram os agressores à instituição.
Uma estudante de 15 anos da 9ª série relatou ao G1 que foi alvo do bullying desde o inicio do ensino fundamental. “Eu era tímida e ficava sobrando na sala. Ninguém queria fazer grupo comigo”, relata. Com a exclusão, a adolescente pensou em parar de estudar, mas a família não deixou.
Situação parecida foi enfrentada por um garoto do 8° ano. “Me chamavam de baixinho e discriminavam por ser negro. Quando cheguei ao limite, resolvi contar para as professoras”, diz. Mesmo com as chacotas dos colegas, o menino nunca pensou em partir para a agressão.
O caso mais grave registrado na escola Álvares de Azevedo foi o da estudante de 19 anos, chamada pelos estudantes de “neguinha do cabelo duro”. A mãe da garota, Maria Tereza dos Santos, de 56 anos, acompanhou de perto o sofrimento da filha. “Foi o momento mais difícil da vida dela. Ela chegava em casa e se trancava. Via que tinha algo errado”, relembra.
Ao G1, a dona de casa revelou que sofre preconceito por ser negra. “Quando vinha à escola, os alunos me olhavam torto. Nós temos que respeitar a todos, pois o sangue de todo mundo é vermelho. Não existe sangue azul”, diz Tereza.
Para as educadoras Savanelle Tavares e Maria Claudete, são vários os alunos vítimas do bullying. “Trabalhamos para identificar os casos enquanto estamos dando aula”, explicam.
O orientador educacional da escola Genival Nunes, Gilberto Corrêa, não sabe dizer em números precisos quantos alunos sofrem agressões de colegas, mas afirma ser vários. “Sempre tem alguém procurando a gente por estar ofendido com comentários de colegas”, relata o educador.
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