A americana Haley Moris retrata a reação das pessoas à sua obesidade sem que elas percebam
A ideia de ser o centro das atenções me apavora. Ou melhor, a ideia de estar sendo observada e julgada me apavora. O bullying é isso só que no pior dos contextos, que é expor ridicularizando. E o pior é que o bullying não termina na hora em que a tortura acaba, pois suas consequências, como qualquer tortura, podem durar uma vida inteira. A fotógrafa americanaHaley Moris sabe exatamente o que isso significa. “Passei a vida tentando controlar o peso. Isso determinou meu lugar na sociedade e muitas vezes esse lugar é excludente e estranho”, escreveu em seu site. O que fazer com isso? Haley recorreu à arte.
Em 2011, em Barcelona, ela estava parada numa rua, em um ponto de onde podia avistar seu reflexo no vidro. Foi quando percebeu que atrás dela dois caras tiravam sarro por suas costas. Eles faziam gestos com as mãos comparando a silhueta magra da menina ao lado com a dela. Para representar a moça, faziam gestos no ar como se estivessem pintando uma ampulheta. Para representar a de Haley giravam os dedos no formato de uma bola. E aí riam e falavam: “Gorda”.Durante um ano, ela fotografou a reação que as pessoas têm à sua imagem. “Sempre soube que as pessoas faziam caretas, riam e comentavam sobre meu tamanho. Agora inverti. Expus a reação deles a mim”.
O projeto ganhou o nome de "Wait Watchers", um trocadilho com weight watchers, que em português significa “vigilantes do peso”. Junto com um assistente, ela posiciona a câmera e sem que as pessoas percebam faz a foto. Com o passar do tempo, Haley percebeu que se estivesse fazendo alguma coisa conseguia extrair mais reações se estivesse fazendo alguma coisa. Certa vez ela estava tomando um sorvete enquanto esperava o semáforo abrir na faixa de pedestre. De longe o assistente fez a foto. Quando observou a sequência de imagens notou que uma menina ficava batendo na barriga para tirar sarro dela comendo. “Ela fez isso várias vezes. Tenho cinco quadros dela com várias expressões faciais”, disse. “Eu suspeito que, se confrontar essas pessoas de mente estreita, as minhas palavras não terão nenhum efeito. A câmera me deu a minha voz”, afirmou recentemente Haley, que também é chefe do departamento de fotografia do Memphis College of Art, ao site americano de notícia Salon. Para conhecer o projeto, clique aqui.
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