A variante de bullying que tem dado mais trabalho para
escolas, pais e estudantes é o virtual, também chamado de
cyberbullying. “Na faixa dos 13, 14 anos, a mais crítica de todas, é
frequente o desrespeito pela internet. Os alunos criam comunidades no
Orkut, entram de forma anônima ou não e falam mal de outros”, diz Fábio
Aidar, vice-diretor-geral do colégio do Santa Cruz, em São Paulo.
“Para prevenir, fazemos um trabalho verbal, orientando os alunos para o
bom uso da internet e lembrando a importância do respeito ao próximo.”
De modo geral, os colégios particulares vetam o
uso de celular em sala de aula - o que evita que se filme alguma cena
constrangedora para depois jogá-la na web,
um tipo possível de cyberbulling. Em algumas instituições, ele é
liberado no recreio e nos intervalos, ou quando há uma ligação
importante a ser feita pelo aluno (desde que ele avise antes a direção
da escola). Em algumas redes estaduais, como na do Paraná, há
orientação para as escolas proíbam o celular, mas cabe a cada uma vetar
concretamente ou não.
Sufocar completamente o cyberbullying é, porém,
uma missão complexa, porque muitas das agressões virtuais são feitas
pelos alunos a partir de suas casas. “Hoje, a nossa preocupação maior é
com o que os alunos fazem fora da escola: as festas, as drogas e a
internet”, reconhece o psicólogo Cristiano Braune Wiik, coordenador
pedagógico do 1º ano do ensino médio do São Luís. Aqui, mais uma vez,
as escolas centram fogo na prevenção. “Nós monitoramos a navegação no
colégio e orientamos as família a fazê-lo em casa, ficando ao lado do
aluno e verificando seus hábitos on-line”, afirma Nívea Fabrício, do
Graphein, chamando atenção para o outro lado do combate ao bullying: a
ação dos pais.
Xingamentos eletrônicos –
Frederico, de 12 anos, identificado aqui por nome fictício, chegou a
deixar três escolas por envolvimento em brigas. Em suas próprias
palavras, estava sempre disposto a entrar em combate. “Quando me
xingavam, eu já partia para a briga”, lembra. Era um agressor, mas
também vítima do bullying – visto como vilão, acabou sendo perseguido e
se tornando o bode expiatório da turma.
Ao lado de colegas de um de seus colégios
anteriores, participou de uma comunidade na rede social Orkut que era
um exemplo claro de bullying virtual: “Eu odeio a Gisela” – outro nome
fictício. A página, que chegou a reunir 120 participantes, propunha uma
enquete em que os visitantes podiam escolher uma maneira de ofender
Gisela. “Burra”, “escrota” e “tonta” eram os adjetivos mais leves.
Transferido para o colégio Graphein, especializado em estudantes com dificuldades de adaptação, Frederico começou a deixar para trás as práticas. Mais calmo e sociável, é considerado um jovem em “reabilitação”.
Fonte: Veja
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