sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Uso de óculos na infância pode ser um problema sem apoio dos pais

Afirmação é de especialistas de Uberaba, MG, que dão dicas e orientação.

Deixar as crianças escolherem armações pode evitar bullying e insatisfação

Marcela Matarim Do G1 Triângulo Mineiro

Gustavo começou a usar óculos com apenas um anos e sete meses (Foto: Iara Florencio/Arquivo pessoal) 
Gustavo começou a usar óculos com 1 ano e 7
meses (Foto: Iara Florencio/Arquivo pessoal)

O uso do óculos de grau na infância pode se tornar um problema quando não existe apoio dos pais e orientação, segundo duas especialistas de Uberaba, no Triângulo Mineiro. Contudo, de acordo com elas, atitudes como a compra de um óculos colorido e diferente pode ser a solução para evitar o bullying e a insatisfação na infância.

O filho da auxiliar contábil, Iara Florencio, se chama Gustavo. Ele tem nove anos e começou a usar óculos com apenas um ano e sete meses. Na época, o médico diagnosticou miopia e um grau alto: 7,5. Hoje, o problema na visão já melhorou um pouco e o grau abaixou para 3,75 de um olho e 4,25 de outro. Ela diagnosticou a falha, pois o filho chegava muito perto para ver os livros e assistir televisão.

“Ele era muito pequeno e ainda não falava, mas conseguimos fazer o exame com o aparelho que mede o grau preciso. Só no primeiro dia que ele quis tirar o óculos do rosto duas vezes, mas depois disso ele não tirou mais para nada, nem para tomar banho. Ele passou a enxergar o mundo que antes não enxergava. Mas como ele brincava e caía, como toda criança,o que acontecia era de quebrar o óculos de três em três meses, por isso tínhamos sempre que comprar um novo”, contou.

De acordo com Iara, o filho nunca sofreu bullying e preconceito, nem por parte da família e nem na escola. “Nós trabalhamos muito com a questão do respeito e ele estuda em uma escola espírita que também prioriza muito isso. Ele nunca manifestou insatisfação de ter que usar óculos, nunca questionou e nem recebeu constrangimento em lugar nenhum”, confessou.

A auxiliar também destacou que é o filho quem escolhe o óculos. “Ele experimenta vários para ver se está legal e escolhe a armação que mais gosta. Nós respeitamos muito a vontade dele. Ele já teve óculos da Turma da Mônica, Senninha, Sítio do Picapau Amarelo e de todas as cores, como vários tons de azul, verde e branco. Como trocava muito, ele teve uma coleção”, completou.

De acordo com a oftalmologista Ésther Hercos Fatureto, é recomendável que crianças a partir de três anos façam exame de vista, anualmente. “Nessa idade eles já informam bem se tem algum problema na visão. Em relação às crianças com menos de três anos, os pais devem levar ao médico se ela tiver estrabismo, porque já mostra que tem baixa visão, ou alguma história familiar de alto grau. O mais difícil é detectar a baixa visão quando é em apenas um olho, nos dois olhos é mais fácil”, explicou.

Ainda segundo ela, até uma certa idade algumas crianças chegam a mentir que não enxergam só para usarem óculos, mas depois, quando realmente não enxergam, elas mentem que não têm problemas de visão, só para não usar. “Algumas crianças querem usar o óculos, mas quando precisam de fato, acabam até deixando-o de lado. Com isso, muitas acabam sofrendo porque não querem mais", alertou.

Para a oftalmologista, o problema é que muitas vezes a discriminação começa dentro da própria casa. “Às vezes os próprios pais falam: 'Ai que coisa horrorosa meu filho vai ter que usar óculos’. São os adultos que colocam isso na cabeça delas, porque criança não tem preconceito. O importante são os pais e professores estarem sempre orientados e apoiarem o uso. É preciso trabalhar a lógica, porque se ele está usando o óculos, é porque assim será melhor”, ressaltou. Ésther explicou também que não é indicado o uso de lente de contato antes dos 13 anos de idade, pois as crianças não têm os cuidado de higiene necessários.

A psicóloga especialista em psicologia da educação, Suemy Hamada, explicou que quando o médico diagnostica a necessidade de a criança usar óculos, é importante a orientação dos pais. “É muito importante conversar, incentivar e explicar para o filho porque ele está usando o óculos. Ele deve compreender isso. A experiência também é essencial, então os pais devem levar as crianças para experimentar e escolher uma armação bonita, que elas gostem mais”, ressaltou. Ela explicou que a ajuda do médico nessa hora é fundamental. “As crianças devem entender que nem todas usam óculos e que alguns colegas podem achar bonitinho, mas outros não. Esse diálogo e estímulo é muito importante”, disse.

Segundo Suemy, geralmente quando o grau é muito alto, dificilmente a criança não se adapta ao óculos. “Quando a criança não quer usar é preciso ir aos pouquinhos e no começo usar apenas de vez em quando colocando na hora de fazer as tarefas e assistir televisão, por exemplo. O que os pais nunca devem fazer é forçar, chantagear, bater e colocar de castigo, pois só piora. De acordo com a Teoria Comportamental, isso se chama reforço negativo chegando a ser até aversivo”, enfatizou a especialista.

A psicóloga reforçou que o trabalho também deve ser feito na escola. “É um trabalho em equipe e é preciso da ajuda da professora para trabalhar essa diferença com o restante das crianças. Quando há bullying, ela tem que dialogar entre os colegas, principalmente com o grupo que está praticando. O bullying acontece em decorrência do que é diferente, mas a professora deve destacar a importância do óculos para o colega”, completou Suemy.

 

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