“Ninguém respeita mais nada. Antes o problema era mais no turno da noite, no escuro. Agora, invadem a escola a qualquer hora e o que nos resta é o sentimento de insegurança. Aqui o medo é constante”, comenta Irvyen Monteiro, 16 anos, estudante do 2º ano do ensino médio um dos poucos alunos que diz nunca ter sido vítima direta da violência escolar.
“Fui roubada diversas vezes. Levaram meu ‘passe inteligente’ [cartão de acesso ao transporte coletivo no município], comecei a vir pra escola de bicicleta. Levaram também e olha que estava no cadeado. Agora tô vindo de carona pra escola. É um absurdo o que acontece aqui”, queixa-se Reyjane Oliveira, 14 anos, aluna do 1º ano do ensino médio. A amiga, Lara Vaz, 13 anos, completa. “Chegaram a roubar uma maçã já que eu não tinha nada de valor. Não perdoam nada”, constata.
O último assalto ocorreu na turma 301. O professor de língua portuguesa, Cristóvão Nunes, acabara de entrar e ainda estava sentado à sua mesa quando dois rapazes uniformizados entraram e se puseram de pé no meio da sala. “Eles estavam armados. O que aparentava ser menor de idade estava com uma pistola e o mais velho que veio em minha direção estava com um 38. Eles foram rápidos. Levaram muitos celulares, notebook e tablet. Algumas alunas passaram mal, houve desespero”, descreve o professor que durante todo o momento ficou na mira de um dos assaltantes. ”Não é um problema de simples solução. A rapaziada está tendo acesso fácil a armas de fogo e tem o adendo de que o muro da escola é muito baixo. De imediato, o que agente precisa é de uma ronda mais presente. A farda pode intimidar um pouco”, diz o professor que participou da manifestação de ontem.
Com cartazes que pediam o fim da violência, funcionários e estudantes percorreram as principais vias do bairro chamando atenção da comunidade local para o problema. “A verdade é que nós não estamos mais conseguindo trabalhar. Alunos e pais estão apavorados.
Estamos à mercê dos marginais. A segurança que tem na escola não é armada e fica de mãos atadas diante dos fatos. Todo mundo tem família e do jeito que está a comunidade não funciona”, lamenta a professora de física Lizangela Almeida. Desde o incidente, as aulas estão suspensas na escola. “É uma pena essa situação. O Godim é uma escola polo. Temos bons professores. Muitos projetos. Espaço amplo. Mas a violência tomou conta. A gente evita sair nos corredores, ir ao banheiro porque o perigo é constante”, afirma Ana Flávia Vaz, 16 anos.
(Diário do Pará)
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