Ações amenizam, mas não resolvem problema

Iniciativas para modificar a realidade de algumas escolas em zonas vulneráveis da Capital tentam amenizar os problemas. Polícia, Prefeitura e Governo do Estado indicam o que fazem para combater a violência nas escolas 

FOTO: DEIVYSON TEIXEIRA

Em quatro escolas públicas visitadas pela reportagem, diretores precisam apelar a traficantes para manter a tranquilidade nas aulas

 

De tão insuportável que estava a violência ao redor de uma escola municipal no Barroso, professores foram cobrar da diretoria uma solução eficaz para poder dar aula em segurança. “A gente tinha medo até de ir à unidade. De ser assaltada na esquina do colégio”, informa uma professora que preferiu não se identificar. A gestora, então, conseguiu com o Distrito de Educação da Secretaria Executiva Regional (SER) VI o reforço de uma viatura do Ronda do Quarteirão. A equipe começou a circular na véspera do feriado de Nossa Senhora Aparecida.
“Ainda não sabemos se vai resolver o problema. A gente fica naquela apreensão. Mas já é um começo”, conta, aliviada, a professora. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da regional.

Ontem, O POVO mostrou que, para manter as aulas, diretores de escolas públicas na Capital, visitadas pela reportagem, pedem a traficantes que brigas e venda de drogas não aconteçam nas proximidades dos colégios. Foram visitados três colégios municipais e três estaduais, em bairros apontados como violentos.

Projetos

O Ronda do Quarteirão é o que atende o maior número de escolas, por meio do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd). O projeto começou em 2001 com a PM e foi incorporado ao Ronda em 2007. O Proerd atendeu, somente em 2012, 34.199 alunos.

O coordenador do Proerd, tenente Messias Mendes, conta que, durante o ano passado, o programa chegou a orientar 58 mil alunos. O militar acredita que esse ano superará 2011. “O projeto usa de linguagem divertida para, através de ferramentas internas de fortalecimento e compartilhamento, ajudar os jovens a combater as drogas e a violência”, ensina Mendes.

O funcionamento é bem simples: por meio de policiais militares treinados como educadores sociais, o Proerd promove um curso continuado durante um semestre letivo, duas vezes por semana. Na sala de aula, temas como violência, drogas, respeito ao próximo são debatidos com foco nos alunos do ensino fundamental. Atualmente, o Proerd atende a 531 escolas, em 60 cidades, sendo 42 em Fortaleza. Mais de 80 policiais militares são educadores sociais e atuam no projeto.

Coordenador do ensino fundamental da Secretaria Municipal da Educação (SME), Arlindo Araújo esclarece que a Prefeitura recebe adolescentes infratores em sua rede escolar. “O acesso à escola tem de ser democrático. O Ministério Público faz essa cobrança porque compreende que só interrompemos trajetos violentos através da inclusão”, aponta. Uma série de ações é tomada para combater a violência e o consumo de drogas, como palestras e seminários nas escolas. “Os professores são orientados para conversar sobre o assunto cotidianamente”, diz.

A assessoria de imprensa da Secretaria da Educação do Ceará (Seduc) informou que está formalizando uma parceria com o Proerd para a formação do membros da Comissões de Prevenção à Violência. Essa parceria compõe uma ação do Programa Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE), no Eixo da Prevenção, composta de diferentes programas desenvolvidos pela Seduc. Além disso, um tipo de programa é realizado para combater a violência nas escolas estaduais: as Comissões nas Escolas de Prevenção à Violência.

ENTENDA A NOTÍCIA

Iniciativas para modificar a realidade de algumas escolas em zonas vulneráveis da Capital tentam amenizar os problemas. Ronda, Guarda Municipal e secretarias Municipal e Estadual da Educação mostram o que fazem para combater a violência nas escolas.

Serviço
Proerd
A escola que desejar ter o curso do Proerd pode ligar para o telefone (85) 3101 6580.
Saiba mais

O clima de tensão era facilmente percebido pela reportagem na
visita às seis escolas públicas. No Conjunto Palmeiras, por exemplo, no momento em que O POVO ia embora, a diretora pediu que uma moradora da comunidade acompanhasse repórter e fotógrafo até o carro, “para evitar abordagens”

O Sindiute é o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará e o Apeoc é o Sindicato dos Servidos Públicos Lotados na Secretaria da Educação e da Cultura do Estado do Ceará e nas Secretarias ou Departamentos de Educação e/ou Cultura dos Municípios do Ceará.
 As Comissões nas Escolas de Prevenção à Violência têm o papel de divulgar a lei e direitos das crianças e dos adolescentes vigentes no País. Também tem como finalidades: identificar, atender, notificar, acompanhar e tomar as medidas cabíveis do ponto de vista educacional e psicossocial; notificar às autoridades competentes os casos de violência doméstica, fornecendo dados necessários e sugerindo soluções, caso julgue necessário; entre outros.

Bairros
Locais onde o Ronda do Quarteirão vai intensificar o Proerd:

1. Jangurussu
2. Barra do Ceará3. Bom Jardim
4. Conjunto Palmeiras5. Messejana
6. Pirambu7. Mondumbim
8. Barroso9. Quintino Cunha
10. Genibaú11. Jardim das Oliveiras
12. Praia do Futuro13. Aerolândia
14. Cais do Porto15. Curió
16. Granja Portugal17. Jardim Iracema
18. Pici19. Conjunto Prefeito José Walter
20. Autran Nunes

Fonte: Jornal de Hoje