O filho diz para a mãe: “hoje eu não quero ir para escola”, e a mãe sem refletir responde... “se não for ficará de castigo!” Este fato se repete em inúmeras famílias, e o importante é observar que não querer ir à escola, pode ser a primeira manifestação de que a criança está com algum problema. Ela inclusive pode até apresentar sinais como dores, mal-estar ou até mesmo não querer sair da cama. Às vezes, a criança ou o adolescente diz que tem uma prova difícil, ou não fez a lição; mas este sintoma pode estar diretamente relacionado com situações em que crianças e jovens costumam viver na escola, e no fundo a ela gostaria de dizer “não quero ir à escola porque a minha vida está se tornando insuportável naquele lugar”.
Em uma brincadeira de faz de conta entre amigos, quando apenas um sorri, algo está errado, pois, de acordo com Nietzsche – filósofo alemão do século XIX – no desfecho de sua obra “Humano, demasiado humano” faz uma considerável reflexão “Entre amigos, é belo calar-se juntos, mais belo é rir juntos...”.
Nesta brincadeira de faz de conta, pode ser observado o fenômeno Bullying Escolar, isto é, um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, vivenciado por um ou mais alunos contra o outro, causando dor, angústia e sofrimento. São insultos, intimidações, apelidos cruéis e constrangedores, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos, levando-os à exclusão, além de danos físicos, psíquicos, morais e materiais.
O comportamento Bullying entre escolares pode ser desempenhado pelos seus protagonistas, sendo:
“Vítima típica” - aquele que serve de bode expiatório para o grupo;
“Vítima provocadora” - aquele que provoca determinadas reações contra as quais não possui habilidades para lidar;
“Vítima agressora” - aquele que reproduz os maus tratos sofridos;
“Agressor” - aquele que vitimiza os mais fracos;
“Espectador” - aquele que presencia os maus tratos, porém não o sofre diretamente e nem o pratica.
As causas deste tipo de comportamento abusivo se deve, muitas vezes, à carência afetiva e ausência de limites; para isto, a família e a escola são pilares fundamentais de sustentação de valores que podem fornecer subsídios necessários dentro dos conceitos morais e sociais que seguirão por toda uma vida.
Dependendo do grau de sofrimento vivido pela criança, ela poderá desenvolver pensamentos de vingança e de suicídio, ou manifestar comportamentos agressivos ou violentos, prejudiciais a si mesma e à sociedade; isto se não houver intervenção diagnóstica, preventiva e psicoterápica.
Esta forma de violência é de difícil identificação por parte dos familiares e da escola, uma vez que a vítima teme denunciar seus agressores, por medo de sofrer represálias e vergonha de admitir que está apanhando ou passando por situações humilhantes na escola, ou, ainda, por acreditar que não terá crédito. Então diz: “hoje eu não quero ir para a escola”.
É importante estarmos “sempre” atentos ao comportamento das crianças e adolescentes!
Ignêz Aparecida Piotto Faria
Professora de Psicologia do Instituto Monitor
http://www.institutomonitor.com.br
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