José Manuel Ferreira Filho destacou que é preciso tomar medidas enérgicas
Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
Indisciplina, brigas e bullying são cada vez mais comuns no ambiente escolar. Professores inseguros e alunos mais intimidadores são personagens de um cenário que não acontece somente no Brasil, mas em Votuporanga também. O Conseg (Conselho Comunitário de Votuporanga) - Centro fez uma reunião ontem pela manhã pra tratar de violência nas escolas e reuniu todas as autoridades envolvidas.
Para o juiz da Vara da Infância e da Juventude, José Manuel Ferreira Filho, é preciso ter tolerância zero contra atos indisciplinados que geram brigas. "Em 2007, fizemos uma reunião nesta mesma sala, com quase as mesmas pessoas presentes. Na época, quem promoveu foi o Conselho Tutelar. Demos início a um trabalho, dei uma cópia para cada diretor de escola e celebramos um compromisso, cada um na sua esfera. Uma ação semelhante é a do juiz de Fernandópolis, Evandro Pelarin. Fui falar com ele para ver o que dava para aproveitar em Votuporanga. Não precisamos partir do zero, as escolas têm o documento", frisou.
José Manuel disse ainda que visitou cinco escolas estaduais em quatro anos. "Assumi o compromisso de ir. Estive no Esmeralda, Cícero, Enny, Manoel Lobo e Uzenir. Depois, tive outras obrigações e o serviço foi aumentando, o corpo foi ficando mole. Mudou o comando da Polícia e houve rompimento do trato", contou.
Ele explicou ainda sobre os procedimentos das escolas. "Mera disciplina não é caso de Polícia. O camarada leva um facão [referindo-se a ocorrência na escola Enny Tereza Longo Fracaro, na última terça-feira], foi apreendido o material, a Polícia Civil precisa comunicar a Vara da Infância e da Juventude para tomar medidas enérgicas e imediatas. Não pode esperar dois meses para ser comunicado do boletim de ocorrência, porque perde o caráter pedagógico. Se vai deixando, as coisas vão perdendo o controle e chega uma hora que o diretor terá um problema ainda maior", destacou.
O juiz ressaltou que a escola não pode ser ambiente para indivíduo drogado. "Ele nem pode entrar na escola. A escola é o melhor projeto social. Se houvesse investimento nas unidades, com toda a estrutura possível, não teríamos tantos problemas. Para surtir efeito, temos que começar agora, para colher frutos daqui a 10 anos", afirmou.
José Manuel contou que foi militar por oito anos e aprendeu no exército a disciplina de atributos na área afetiva. "A nossa realidade mudou. Hoje não adianta o diretor expulsar o aluno porque outra unidade tem que pegá-lo. A criança tem que estar na escola. O complicado, de estrutura familiar desorganizada, também deve estar na escola. Bullying sempre teve, eu já fui vítima. Mas depende de como a familia encara o problema", disse.
O juiz propôs que os alunos que necessitam de mais atenção sejam colocados em salas diferentes. "É muito triste saber que tem um pai de família que não tem condições de pagar uma escola particular, tem um filho na mesma sala que um que gera problemas. É preciso separá-los e isso não é violar o direito de igualdade, porque estaremos tratando os iguais de um jeito, e os desiguais de outro", ressaltou.
Ele frisou que os boletins devem ser encaminhados para o Poder Judiciário. "A família era a base da sociedade e hoje está confusa. Ninguém respeita ninguém. A escola tem que preencher o vácuo para formar um cidadão e isso não acontece só com o conhecimento acadêmico, mas deve passar valores. Em Votuporanga, ainda não chegamos no patamar de violência grave. As medidas precisam ser enérgicas e o diretor não pode ser a figura ingrata", destacou.
José Manuel apontou que faltam inspetores de alunos nas escolas. "É um cargo importante porque controla a entrada e a saída", afirmou. O dirigente regional de ensino, Edélcio Roosevelt Martins, disse que até outubro, todas as grades serão completas nas escolas.
Fonte: A Cidade - Jornal de Votuporanga
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