Inspetores reforçaram que o perfil do jovem era de uma pessoa quieta e introspectiva e que pouco se misturava com os colegas
Foto: Mônica Garcia/Especial para Terra
Foto: Mônica Garcia/Especial para Terra
Dois monitores do sexto andar do colégio São Bento, no centro do Rio, prestaram depoimento na 1ª DP (Praça Mauá) na tarde de quarta-feira, sobre o caso do aluno de 12 que caiu da janela do quinto andar. Ele estudava no sexto. Segundo o delegado-titular, José Afonso Mota, o motivo de bullying está praticamente descartado.
"De acordo com os depoimentos de ontem e hoje, o bullying está descartado. Não temos nada fechado ainda, mas os depoimentos de hoje nos deram subsídios para ouvir os depoimentos de mais dois monitores do quinto andar. Já que esses inspetores não viram o aluno sair da aula, e nem como ele chegou ao andar do ocorrido, mas com certeza ele estava sozinho na hora dos fatos", disse Mota.
Os depoimentos que começaram no início da tarde e duraram em torno de 7h, pouco ajudaram a polícia a esclarecer o motivo da queda. Os inspetores reforçaram que o perfil do jovem era de uma pessoa quieta e introspectiva e que pouco se misturava com os colegas. Mas de acordo com o delegado ainda é muito cedo para saber o perfil exato, ele pretende ouvir amanhã a psicóloga do colégio, mas dependerá da disponibilidade da profissional, já que ela presta serviço e não é funcionária da escola.
"Ele era introspectivo, quieto, não era de muitos amigos, preferia ficar na mesa dos inspetores lendo um livro do que descer para o pátio para brincar na hora do recreio. Eles contaram que poucas vezes ele descia para jogar bola com os colegas", afirmou.
Segundo o Mota, os dois monitores revelaram os últimos segundos antes da queda. "Um dos monitores que prestou depoimento ontem viu o estudante no corredor em frente ao elevador. No momento ele não conseguiu ver quem era o aluno, já que o corredor tem aproximadamente 40m de comprimento. Tudo indicava que ele estava parado esperando o elevador chegar. Então ele virou e continuou conversando com outro inspetor. Segundos depois, ele olhou novamente para o hall do elevador, e já viu o estudante na janela, que fica ao lado do elevador. Foi quando ele gritou 'o que é isso? O quê está acontecendo?' e o J.P. (iniciais do garoto) soltou às mãos", contou o delegado.
No início da noite, comissários da Vara da Infância e da Juventude estiveram na delegacia para saber detalhes sobre o caso e pediram para Mota um panorama das investigações, que prometeu levar todos os dados coletados até agora.
Sem câmeras no interior da escola
O delegado confirmou que não existem câmeras de monitoramento dentro da escola, somente nos pátios e nos locais de entrada e saída da instituição. Portanto somente os depoimentos podem ajudar a esclarecer os fatos.
"O controle interno é bem rígido com monitores nos corredores. No sexto andar, onde fica a sala dele, tem apenas três salas, e dois monitores. Já no quinto, onde tem mais salas, e onde tudo aconteceu, há quatro monitores. As câmeras ficam somente na parte externa. Mas eles acreditam que o controle é feito com toda rigidez, e realmente é mesmo", afirmou o investigador.
O advogado do colégio São Bento, Saulo Salles, falou com jornalistas durante o depoimento dos inspetores. De acordo com ele, a instituição só irá se pronunciar após o fim das investigações, em respeito ao estado de saúde do estudante, quando será feita uma coletiva com toda a imprensa.
"A pedido da família, pela situação de saúde do aluno, a instituição não vai se pronunciar antes do fim das investigações. Estamos dando todo o apoio aos funcionários que estão sendo intimados a depor", concluiu Salles.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, a situação do estudante não teve nenhuma mudança durante o dia, e ele continua no Centro de Tratamento Intensivo do hospital municipal Souza Aguiar, em estado muito grave.
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