POR RAFAEL PAIVA
Rio - Bullying é uma palavra nova, em inglês, para explicar o que os lutadores Rony Jason e Wagner Caldeirão já conheciam por quase duas décadas. Vítimas de cruéis brincadeiras de criança, que colocam apelidos menosprezando tipos físicos, os dois entraram nas artes marciais em busca de fortalecer músculos e espírito contra violências verbais.
Escalados para o UFC Rio 3, o esmirrado Jason encorpou e apareceu ao vencer o TUF Brasil, enquanto o gordinho Wagner espichou e vai atrás do sonho de brilhar no maior evento de MMA do planeta.O termo que anda na moda nos dias de hoje tem origem na palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão, mas remete à ideia de opressão, intimidação e humilhação. Só mesmo a disciplina marcial para mudar a rotina de maus tratos.
“Antigamente, se procurasse a palavra bullying no dicionário veriam minha foto ao lado”, conta o peso-pena Jason, de 28 anos, sorrindo. O cearense, sempre pequeno para sua idade, buscou no jiu-jítsu uma forma de se defender.
“Apanhava muito no colégio. Com 16 anos, pesava 45kg e era raquítico. Sempre assistia filmes de combate e queria fazer luta. Mas o interesse principal era ser respeitado. Por isso entrei nas artes marciais. Mas o que não me mata, me fortalece. Aquilo me fez ser um cara mais pacato”, afirma, tirando proveito das situações que passou. Dia 13, veremos um Jason tranquilo e consciente contra Sam Sicilia.
Se um era magro e esmirrado demais, o outro era gordinho e alvo de piadas dos coleguinhas. Para o meio-pesado Wagner Caldeirão, o problema foi solucionado com intimidação. O fato de ter a língua presa, porém, gera piadinhas até hoje. Mas ele sabe que não passa de zoação dos companheiros de treino.
“Na infância, sofri muito bullying, mas resolvi meus problemas. Tenho a língua presa e era gordinho, mas sempre limitei os deboches. E avisava: ‘Se não parar, vou meter a porrada’. Aí, todos paravam com as brincadeiras ofensivas”, revela o campinense, de 24 anos.
Fã dos filmes de Jean-Claude Van Damme, Wagner conheceu o muay thai na adolescência e não deu brecha para que o bullying mexesse tanto com seu psicológico. Ele, porém, lembra o quanto sofria na hora de praticar esportes.
“Sofri preconceito por ser gordinho e reprimi. Os garotos passaram a falar pelas costas, porque eu não dava mole. No futebol, o pessoal não me escolhia, mas sempre lidei bem com isso”, decreta o adversário de Phill Davis, no Rio.
Para Jason e Caldeirão, o bullying foi apenas um round em vida marcada por esforço, superação e volta por cima.
Fonte: Marca Brasil
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