Gustavo Ribeiro*
O anúncio de que o delegado titular da 1ª DP (Praça Mauá), José Afonso Mota, descartou a hipótese de o menor J.P., de 12 anos, ter sido vítima de bullying no Colégio São Bento foi contestado pela mãe de um ex-aluno que cedeu ao SRZD, na quarta-feira, uma imagem exclusiva do hall de elevadores do quinto andar, o local exato de onde o menino teria se jogado na semana passada.Em entrevista ao SRZD, a mulher denunciou que vários filhos de desembargadores e autoridades que estudam na turma do menino formavam um "clubinho" para selecionar os colegas que poderiam ou não se relacionar com eles.
"Informações narram discriminação dentro da sala de aula, pois vários alunos são filhos de desembargadores e discriminam os colegas", afirmou a fonte, que não quis ser identificada por temer represálias.
Conforme apurou a nossa reportagem, o jovem é filho de uma professora do colégio e, por isso, tinha direito a estudar de graça. Segundo a denunciante, a maioria dos alunos que estuda na instituição, reconhecida por ser uma das mais caras e tradicionais da cidade, pertence a famílias de classe alta e o bullying no colégio é frequente.
"Não tenho informações sobre a mãe, mas sei que é professora e, como tal, o filho tem direito à bolsa, podendo sofrer deboche dos demais", completou.
Monitor é ouvido novamente
Nesta quinta-feira, a polícia dá sequência aos depoimentos da psicóloga do São Bento e de um monitor que teria visto o menino pendurado na janela. No início da semana, ele afirmou ter se deparado com o jovem pendurado no parapeito quando chegou ao hall dos elevadores. Segundo a polícia, o garoto deixou a carteira, os óculos, o sapato e a mochila em cima da mesa antes de pular.
"Precisamos esclarecer um ponto que não está bem claro, do momento do acontecido. De acordo com o depoimento de um dos monitores, surgiu essa controvérsia, então intimamos ele para depor novamente", disse o delegado-adjunto da 1ª DP, Aldrin Genuíno da Rocha.
Falha no esquema de segurança e histórico de bullying
Em setembro do ano passado, outra suspeita de bullying nos corredores do colégio católico foi alarmada pela imprensa. Os pais de um aluno de 6 anos registraram um boletim de ocorrência após a criança ter recebido três pancadas na cabeça de um adolescente de 14 anos.
De acordo com a denúncia feita à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), a agressão teria sido motivada pelo fato de o menino ter pedido para brincar com o grupo do estudante do ensino médio.
"Após o ocorrido no ano passado, foram prometidas câmeras de segurança. Elas não existem, por isso não entendo o que está escrito nas reportagens, e até hoje nada. Somente foram contratados mais alguns inspetores, número não suficiente para a extensão do colégio, que é bem grande".
O SRZD também publicou, nessa quarta-feira, fotos do pátio do 5º andar do colégio, onde os alunos do 6º ano em diante passam o horário do recreio, segundo a fonte. Ainda de acordo com esta mãe de um ex-aluno, o gradil da área da cantina também é baixo.
"Qualquer criança acima de 8 anos pode se jogar, cair, o que for. As janelas do refeitório também são baixas e ainda tem uma lajinha do lado de fora. A primeira foto é do hall dos elevadores do 5º andar. Neste andar, ficam os estudantes de 4º, 5º e 6º anos. Na foto, elas aparecem fechadas, mas isto está acontecendo só agora. Elas ficam abertas e como dá para perceber, são baixas", denuncia a mulher.
Quadro de saúde ainda é grave
Às 19h10 desta quinta-feira, a Secretaria Municipal de Saúde informou ao SRZD que a vítima permanecia internada no CTI pediátrico do Hospital Souza Aguiar, no Centro, em estado gravíssimo. A assessoria do órgão não detalhou, no entanto, se ele está ou não em coma.
O garoto sofreu traumatismo craniano e precisou passar por uma cirurgia para retirada do baço, que rompeu com o impacto. No percurso do quinto andar até o térreo, não havia obstáculos para amortecer a queda.
Procurada pela nossa equipe, a assessoria de imprensa do colégio não quis se pronunciar sobre o caso.
Fonte: SRZD
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