SUL FLUMENSE/COSTAVERDE
Faltam três dias para completar um ano
do massacre ocorrido na Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de
Realengo, no Rio de Janeiro. Na ocasião, 12 crianças morreram e outras
ficaram feridas. Desde o episódio, o país começou a se preocupar mais
para a segurança das unidades escolares. Para testar se os cuidados
continuam, repórteres do A VOZ DA CIDADE passaram
alguns dias tentando entrar em algumas escolas de diversos municípios.
Foi constatado que, em certos estabelecimentos, as crianças estão
seguras e em outras, ainda correm perigo.
Na escola de Realengo, Wellington
Menezes de Oliveira, 23 anos, conseguiu entrar na instituição, alegando
apenas que era ex-aluno e que gostaria de fazer algumas palestras. Na
hora, ele conseguiu entrar na unidade armado e começou a atirar contra
as crianças das primeiras salas. Nas cidades da região a segurança foi
testada em escolas das redes municipal, estadual e particular.
Em Barra Mansa, a primeira instituição
testada foi da rede particular. Nela, não foi difícil entrar. Os
jornalistas passaram pelo porteiro e seguiram até as salas de aula. Foi
possível até se aproximar das criancinhas, que não passavam de oito anos
de idade. Em um dos principais colégios da rede estadual, o Barão de
Aiuruóca, localizado no Centro da cidade, a dificuldade foi bastante.
Depois de passar pela secretaria, a pessoal encontra outra barreira, a
da portaria principal. Nenhuma alegação faz com que alguém entre na
unidade sem ser convidado.
Essa segurança, de acordo com a diretora
da escola, Carla Filomena Campello Lima, há 60 dias no cargo, faz parte
das novas normas de disciplina implantadas por ela. “Aqui ninguém entre
ou sai sem nossa autorização. Aluno daqui não sai sozinho sem a
presença do responsável. Estamos colocando todos no ritmo. É para o bem
de todos”, explica a diretora, ressaltando que a escola atende,
atualmente, 2.500 alunos entre 11 e 60 anos. “Adotamos uma nova regra em
nossa escola. A de manter o portão fechado durante o intervalo para que
as crianças tenham mais segurança”, completa.
Aindaem Barra Mansa, a equipe de
reportagem tentou entrar no Colégio Municipal Marcelo Drable, no Ano
Bom, e, mesmo diante de várias desculpas, foi barrada. De acordo com a
diretora da unidade, Valéria Negrão, ninguém entra na escola sem passar
por ela. “Temos uma equipe para atender na recepção em seguida passar
para a secretaria. Ninguém pode ter contato com os alunos sem ser
convidado. A pessoa entra pelo portão, é barrada na grade e somente
depois das explicações chega até a mim”, garante a diretora, lembrando
que como em qualquer unidade escolar a Guarda Municipal está sempre
atenta. “Quando precisamos acionamos os guardas e eles nos atendem em
poucos minutos”, completa.
Em Barra Mansa, o gestor de Segurança
Pública do município, Jefferson Mamede, garantiu que a cidade conta com
um serviço de patrulha escolar, mas que no caso de tráfico de drogas a
direção da própria escola prejudicada deve fazer denúncia para a Polícia
Militar. De acordo com ele, a guarda faz apenas o patrulhamento para
inibir a prática de crimes aos arredores das unidades escolares, mas o
combate ao tráfico de drogas deve ser pela PM.
Diretora do Barão de Aiuruoca diz que segurança faz parte das novas regras de disciplina da escola
Pais e visitantes são obrigados a se identificar nas escolas de Angra
Na maioria das escolas visitadas pela
reportagem, a dificuldade para entrar foi constante. A Escola Municipal
Prefeito José Luiz Ribeiro Reseck, localizada no bairro Frade, foi uma
delas. Para entrar na unidade o visitante tem que chamar no portão, que
fica trancado com cadeado e só é aberto por um vigilante ou algum
funcionário da unidade escolar. A escola atende cerca de 940 alunos e os
visitantes precisam se identificar e anunciar com quem gostaria de
falar.
Esses cuidados, segundo a diretora da
unidade, Milene Lima, são para garantir a segurança dos alunos. “Milene
ainda contou que quando os pais precisam falar com os alunos devem ter
autorização e não podem entrar na sala de aula. Qualquer outra pessoa
que entra na escola é observada pelos funcionários”, disse a diretora.
Ela contou ainda que tem pais que reclamam de não terem acesso livre ao
filho. Outros reclamam da demora durante a saída.”Todos os alunos
menores são conduzidos até o portão com a professora e são anunciados
aos responsáveis que os pegam com segurança. “Temos parceria com a
Polícia Militar, que faz visitas todos os dias. Em caso de perigo ou
alguma suspeita, acionamos os PMs que de imediato nos ajudam”, conclui
Milene.
Escolas de destaque de Resende contam com segurança eficiente
No município, em duas unidades de ensino
de destaque pelo quantitativo de alunos, a segurança no acesso de
visitantes teve eficiência nos procedimentos. Trata-se da Escola
Municipal Noel de Carvalho, na Nova Liberdade, e o Colégio Municipal
Getúlio Vargas, na Cidade Alegria. A direção da Escola Noel de Carvalho
informou que os cuidados com a segurança dos alunos e profissionais são
constantes. A unidade escolar mantém um inspetor de disciplina no portão
de acesso, abordando os visitantes.
Segundo a diretora Sandra Valéria, todo
cuidado é pouco para resguardar a integridade física dos estudantes.
“Nós sempre tivemos a preocupação com a segurança da escola, existem
pessoas que não têm limites, não respeitam a autoridade dos
profissionais e alunos. Algumas vezes são pessoas alcoolizadas e por
isso mantemos um inspetor de disciplina em alerta constante no portão
principal de entrada”, afirma, ressaltando o apoio da Guarda Municipal.
“Digo que é muito difícil alguém entrar na Escola Noel de Carvalho sem
que haja alguma abordagem, nos pegar desprevenidos. Nunca tivemos
problema de violência no interior da unidade. Houve tentativa de adotar
catracas com cartão magnético, mas não foi adiante. Nas aulas noturnas
mantemos um inspetor de disciplina e a Guarda Municipal auxilia com as
rondas”, completa a diretora.
A Escola Noel de Carvalho é voltada para
o Ensino Fundamental e Pro-EJA na formação de jovens e adultos. “A
gente recomenda aos alunos que evitem contato com pessoas estranhas ao
redor da escola. Nossa campanha segue ainda dicas para os alunos contra
drogas e armas”, orienta.
No Colégio Municipal Getúlio Vargas,
referência na região da Grande Alegria, o acesso é controlado por
funcionários constantemente. De acordo com a diretora da unidade, Marci
Guilherme Thomaz, são 2.970 alunos do Ensino Fundamental, Médio e Ensino
Técnico com ênfase em Mecânica e Informática e mantém inspetores,
guardas municipais e orientadores educacional e pedagógico em alerta.
“Temos o auxilio da Guarda Municipal e vigias na escola, quando acontece
de não termos um dos dois, imediatamente solicito que seja feita a
reposição junto ao comando da Guarda. Quanto à entrada de estranhos no
interior do colégio, temos um vigia no portão principal que dá acesso à
secretaria, e temos vigia no outro portão próximo ao orelhão público.
Eles abordam todos os visitantes, tanto que as crianças entram às 7
horas e os familiares só têm acesso para tratar de qualquer assunto
cerca de 15 minutos depois. É vedada entrada conjunta de pais e
estudantes”, comenta. O Colégio Getúlio Vargas é dividido em quatro
galpões com 42 salas de aula. Em cada galpão ficam os orientadores
educacional e pedagógico e um inspetor de disciplina. “Em breve
pretendemos adotar monitoramento por câmeras. A Coordenadoria de
Informática da Secretaria de Educação está viabilizando esse projeto,
que vai nos auxiliar na segurança durante horários de pico.
MONITORAMENTO
A iniciativa de monitoramento das
unidades de ensino municipal é uma determinação que será transformada em
lei pelo prefeito José Rechuan (PP) com base no projeto do vereador
Kiko Besouchet (PP). O Projeto de Lei nº 028 estipula que as câmeras
sejam instaladas proporcionalmente pela quantidade de alunos, sendo que
cada unidade deve ter, no mínimo, quatro câmeras. Os equipamentos serão
instalados em locais estratégicos, respeitando normas técnicas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas, vedado em áreas de uso
restrito, como banheiros, vestiários e similares. O governo analisa o
planejamento de recursos para implantar o projeto.
Colégio Getúlio Vargas de Resende é uma das instituições com acesso controlado a visitantes
Volta Redonda investe na segurança dos estudantes com algumas falhas
Em Volta Redonda, a segurança foi
testada em várias unidades de ensino, como nas três principais da
cidade. No Colégio Estadual Professor Manoel Marinho, na Vila Santa
Cecília, não foi possível entrar sem antes se identificar com o
porteiro. Primeiro o visitante precisa informar com quem quer falar, o
assunto, e só depois é levado até o local pelo funcionário.
A diretora Áurea Lino Passos Machado,
responsável por cerca de 1.500 alunos do Ensino Fundamento ao Ensino
Médio, explica que a maior parte das pessoas que vai à escola se dirige à
secretaria. Como a repartição fica no meio do pátio, o visitante acaba
tendo acesso a outros lugares, como as salas de aula.
“Infelizmente, a secretaria fica no
meio. O que fazemos é orientar o porteiro para que só deixe entrar
pessoas autorizadas. Outro dia mesmo teve uma pessoa que queria falar
comigo lá do lado de fora. Ela não quis adiantar o assunto, então eu
tive que ir lá ver o que é”, diz a diretora.
No Colégio Getúlio Vargas, localizado no
bairro Laranjal, a entrada não é difícil. Pelo menos no dia em que um
repórter esteve lá, na semana passada. Com o portão encostado, o
jornalista não teve dificuldade para entrar. Somente quando já estava
dentro da instituição foi abordado por um porteiro. Ao ser perguntado
onde era a direção, o funcionário somente indicou o caminho, sem pedir
qualquer identificação ou perguntar sobre o assunto.
Procurado, um diretor, identificado
apenas como Vicente, se mostrou apto a falar sobre a questão da
segurança. Mas pediu que outro diretor, que não foi identificado,
falasse sobre a situação, mas ele não estava no momento. Foi pedido,
então, para que ele ligasse para o repórter, o que acabou não
acontecendo.
No Colégio Dulce Horta, no bairro
Aterrado, a facilidade é ainda maior. Com o cadeado do portão aberto,
não foi difícil para o repórter entrar e percorrer os corredores da
unidade de ensino, no térreo. Dois funcionários estavam no pátio, mas
nenhum deles o abordou para saber o que desejava.
A direção do colégio, que tem 40 turmas
de Ensino Fundamental e Médio, informou que atualmente muitos pais de
alunos têm procurado a unidade para fazer inscrições para cursos. Como a
secretaria fica logo na entrada, pode ter ocorrido essa facilidade. A
direção informou ainda que, normalmente, um porteiro é responsável pelo
controle da entrada.
Para qualquer situação, a cidade conta
com o serviço da Guarda Escolar, desenvolvido entre a Guarda Municipal,
com auxilio da Polícia Militar
Fonte: A Voz da Cidade
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