quarta-feira, 4 de abril de 2012

Testando a segurança nas escolas da região


FOTO: SIDCLEY PORTO
No Colégio Getúlio Vargas, no Laranjalem Volta Redonda, a entrada não é difícil

SUL FLUMENSE/COSTAVERDE

Faltam três dias para completar um ano do massacre ocorrido na Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, no Rio de Janeiro. Na ocasião, 12 crianças morreram e outras ficaram feridas. Desde o episódio, o país começou a se preocupar mais para a segurança das unidades escolares. Para testar se os cuidados continuam, repórteres do A VOZ DA CIDADE passaram alguns dias tentando entrar em algumas escolas de diversos municípios. Foi constatado que, em certos estabelecimentos, as crianças estão seguras e em outras, ainda correm perigo.

Na escola de Realengo, Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, conseguiu entrar na instituição, alegando apenas que era ex-aluno e que gostaria de fazer algumas palestras. Na hora, ele conseguiu entrar na unidade armado e começou a atirar contra as crianças das primeiras salas. Nas cidades da região a segurança foi testada em escolas das redes municipal, estadual e particular.

Em Barra Mansa, a primeira instituição testada foi da rede particular. Nela, não foi difícil entrar. Os jornalistas passaram pelo porteiro e seguiram até as salas de aula. Foi possível até se aproximar das criancinhas, que não passavam de oito anos de idade. Em um dos principais colégios da rede estadual, o Barão de Aiuruóca, localizado no Centro da cidade, a dificuldade foi bastante. Depois de passar pela secretaria, a pessoal encontra outra barreira, a da portaria principal. Nenhuma alegação faz com que alguém entre na unidade sem ser convidado.

Essa segurança, de acordo com a diretora da escola, Carla Filomena Campello Lima, há 60 dias no cargo, faz parte das novas normas de disciplina implantadas por ela. “Aqui ninguém entre ou sai sem nossa autorização. Aluno daqui não sai sozinho sem a presença do responsável. Estamos colocando todos no ritmo. É para o bem de todos”, explica a diretora, ressaltando que a escola atende, atualmente, 2.500 alunos entre 11 e 60 anos. “Adotamos uma nova regra em nossa escola. A de manter o portão fechado durante o intervalo para que as crianças tenham mais segurança”, completa.

Aindaem Barra Mansa, a equipe de reportagem tentou entrar no Colégio Municipal Marcelo Drable, no Ano Bom, e, mesmo diante de várias desculpas, foi barrada. De acordo com a diretora da unidade, Valéria Negrão, ninguém entra na escola sem passar por ela. “Temos uma equipe para atender na recepção em seguida passar para a secretaria. Ninguém pode ter contato com os alunos sem ser convidado. A pessoa entra pelo portão, é barrada na grade e somente depois das explicações chega até a mim”, garante a diretora, lembrando que como em qualquer unidade escolar a Guarda Municipal está sempre atenta. “Quando precisamos acionamos os guardas e eles nos atendem em poucos minutos”, completa.

Em Barra Mansa, o gestor de Segurança Pública do município, Jefferson Mamede, garantiu que a cidade conta com um serviço de patrulha escolar, mas que no caso de tráfico de drogas a direção da própria escola prejudicada deve fazer denúncia para a Polícia Militar. De acordo com ele, a guarda faz apenas o patrulhamento para inibir a prática de crimes aos arredores das unidades escolares, mas o combate ao tráfico de drogas deve ser pela PM.

 
Diretora do Barão de Aiuruoca diz que segurança faz parte das novas regras de disciplina da escola

Pais e visitantes são obrigados a se identificar nas escolas de Angra

Na maioria das escolas visitadas pela reportagem, a dificuldade para entrar foi constante. A Escola Municipal Prefeito José Luiz Ribeiro Reseck, localizada no bairro Frade, foi uma delas. Para entrar na unidade o visitante tem que chamar no portão, que fica trancado com cadeado e só é aberto por um vigilante ou algum funcionário da unidade escolar. A escola atende cerca de 940 alunos e os visitantes precisam se identificar e anunciar com quem gostaria de falar.

Esses cuidados, segundo a diretora da unidade, Milene Lima, são para garantir a segurança dos alunos. “Milene ainda contou que quando os pais precisam falar com os alunos devem ter autorização e não podem entrar na sala de aula. Qualquer outra pessoa que entra na escola é observada pelos funcionários”, disse a diretora. Ela contou ainda que tem pais que reclamam de não terem acesso livre ao filho. Outros reclamam da demora durante a saída.”Todos os alunos menores  são conduzidos até o portão com a professora e são anunciados aos responsáveis que os pegam com segurança. “Temos parceria com a Polícia Militar, que  faz visitas todos os dias. Em caso de perigo ou alguma suspeita, acionamos os PMs que de imediato nos ajudam”,  conclui Milene.


Escolas de destaque de Resende contam com segurança eficiente 

No município, em duas unidades de ensino de destaque pelo quantitativo de alunos, a segurança no acesso de visitantes teve eficiência nos procedimentos. Trata-se da Escola Municipal Noel de Carvalho, na Nova Liberdade, e o Colégio Municipal Getúlio Vargas, na Cidade Alegria. A direção da Escola Noel de Carvalho informou que os cuidados com a segurança dos alunos e profissionais são constantes. A unidade escolar mantém um inspetor de disciplina no portão de acesso, abordando os visitantes.

Segundo a diretora Sandra Valéria, todo cuidado é pouco para resguardar a integridade física dos estudantes. “Nós sempre tivemos a preocupação com a segurança da escola, existem pessoas que não têm limites, não respeitam a autoridade dos profissionais e alunos. Algumas vezes são pessoas alcoolizadas e por isso mantemos um inspetor de disciplina em alerta constante no portão principal de entrada”, afirma, ressaltando o apoio da Guarda Municipal. “Digo que é muito difícil alguém entrar na Escola Noel de Carvalho sem que haja alguma abordagem, nos pegar desprevenidos. Nunca tivemos problema de violência no interior da unidade. Houve tentativa de adotar catracas com cartão magnético, mas não foi adiante. Nas aulas noturnas mantemos um inspetor de disciplina e a Guarda Municipal auxilia com as rondas”, completa a diretora.

A Escola Noel de Carvalho é voltada para o Ensino Fundamental e Pro-EJA na formação de jovens e adultos. “A gente recomenda aos alunos que evitem contato com pessoas estranhas ao redor da escola. Nossa campanha segue ainda dicas para os alunos contra drogas e armas”, orienta.

No Colégio Municipal Getúlio Vargas, referência na região da Grande Alegria, o acesso é controlado por funcionários constantemente. De acordo com a diretora da unidade, Marci Guilherme Thomaz, são 2.970 alunos do Ensino Fundamental, Médio e Ensino Técnico com ênfase em Mecânica e Informática e mantém inspetores, guardas municipais e orientadores educacional e pedagógico em alerta. “Temos o auxilio da Guarda Municipal e vigias na escola, quando acontece de não termos um dos dois, imediatamente solicito que seja feita a reposição junto ao comando da Guarda. Quanto à entrada de estranhos no interior do colégio, temos um vigia no portão principal que dá acesso à secretaria, e temos vigia no outro portão próximo ao orelhão público. Eles abordam todos os visitantes, tanto que as crianças entram às 7 horas e os familiares só têm acesso para tratar de qualquer assunto cerca de 15 minutos depois. É vedada entrada conjunta de pais e estudantes”, comenta. O Colégio Getúlio Vargas é dividido em quatro galpões com 42 salas de aula. Em cada galpão ficam os orientadores educacional e pedagógico e um inspetor de disciplina. “Em breve pretendemos adotar monitoramento por câmeras. A Coordenadoria de Informática da Secretaria de Educação está viabilizando esse projeto, que vai nos auxiliar na segurança durante horários de pico.


MONITORAMENTO
A iniciativa de monitoramento das unidades de ensino municipal é uma determinação que será transformada em lei pelo prefeito José Rechuan (PP) com base no projeto do vereador Kiko Besouchet (PP). O Projeto de Lei nº 028 estipula que as câmeras sejam instaladas proporcionalmente pela quantidade de alunos, sendo que cada unidade deve ter, no mínimo, quatro câmeras. Os equipamentos serão instalados em locais estratégicos, respeitando normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas, vedado em áreas de uso restrito, como banheiros, vestiários e similares. O governo analisa o planejamento de recursos para implantar o projeto.

 

Colégio Getúlio Vargas de Resende é uma das instituições com acesso controlado a visitantes

Volta Redonda investe na segurança dos estudantes com algumas falhas
Em Volta Redonda, a segurança foi testada em várias unidades de ensino, como nas três principais da cidade. No Colégio Estadual Professor Manoel Marinho, na Vila Santa Cecília, não foi possível entrar sem antes se identificar com o porteiro. Primeiro o visitante precisa informar com quem quer falar, o assunto, e só depois é levado até o local pelo funcionário.

A diretora Áurea Lino Passos Machado, responsável por cerca de 1.500 alunos do Ensino Fundamento ao Ensino Médio, explica que a maior parte das pessoas que vai à escola se dirige à secretaria. Como a repartição fica no meio do pátio, o visitante acaba tendo acesso a outros lugares, como as salas de aula.

“Infelizmente, a secretaria fica no meio. O que fazemos é orientar o porteiro para que só deixe entrar pessoas autorizadas. Outro dia mesmo teve uma pessoa que queria falar comigo lá do lado de fora. Ela não quis adiantar o assunto, então eu tive que ir lá ver o que é”, diz a diretora.

No Colégio Getúlio Vargas, localizado no bairro Laranjal, a entrada não é difícil. Pelo menos no dia em que um repórter esteve lá, na semana passada. Com o portão encostado, o jornalista não teve dificuldade para entrar. Somente quando já estava dentro da instituição foi abordado por um porteiro. Ao ser perguntado onde era a direção, o funcionário somente indicou o caminho, sem pedir qualquer identificação ou perguntar sobre o assunto. 

Procurado, um diretor, identificado apenas como Vicente, se mostrou apto a falar sobre a questão da segurança. Mas pediu que outro diretor, que não foi identificado, falasse sobre a situação, mas ele não estava no momento. Foi pedido, então, para que ele ligasse para o repórter, o que acabou não acontecendo.

No Colégio Dulce Horta, no bairro Aterrado, a facilidade é ainda maior. Com o cadeado do portão aberto, não foi difícil para o repórter entrar e percorrer os corredores da unidade de ensino, no térreo. Dois funcionários estavam no pátio, mas nenhum deles o abordou para saber o que desejava.

A direção do colégio, que tem 40 turmas de Ensino Fundamental e Médio, informou que atualmente muitos pais de alunos têm procurado a unidade para fazer inscrições para cursos. Como a secretaria fica logo na entrada, pode ter ocorrido essa facilidade. A direção informou ainda que, normalmente, um porteiro é responsável pelo controle da entrada.

Para qualquer situação, a cidade conta com o serviço da Guarda Escolar, desenvolvido entre a Guarda Municipal, com auxilio da Polícia Militar

Fonte: A Voz da Cidade

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