quinta-feira, 26 de abril de 2012

Escola vira refém de alunos violentos em Batatais

Mães dizem que filhos foram agredidos e que diretora pediu afastamento após ser ameaçada por estudantes suspensos

Correa Junior / Especial

Foto: F.L.Piton / A Cidade
 Grupo de alunos teria agredido pelo menos três estudantes e até professores e funcionários da escola estadual Candido Portinari 
 
A escola estadual Cândido Portinari, localizada no bairro Castelo, em Batatais, tornou-se palco de violência. Professores, inspetores e alunos se tornaram reféns da situação. Casos de agressão dentro e fora da sala de aula são comuns e dois estudantes já tiveram ferimentos mais graves. A situação fez até a diretora da escola solicitar afastamento, segundo pais de alunos. Ela seria alvo de ameaças por parte de estudantes que foram suspensos por conta da violência.

"A diretora foi ameaçada, os alunos ficaram revoltados com a punição, ela está com medo e pediu afastamento", afirma Hanaí Cordeiro, mãe de um estudante de 11 anos agredido dentro da classe. A diretora, que terá seu nome preservado, não quis falar com a reportagem.

"Meu filho está com medo de retornar à escola, ele foi agredido por outros alunos com vários chutes no abdome", diz a mãe, que contou que o filho teve uma inflamação no abdome por conta das lesões.

Outro estudante agredido, de 13 anos, teve que ir ao hospital. "Ele levou um chute na barriga na sala de aula, ficou uma semana em casa se queixando de dores até descobrirmos que havia estourado o apêndice", comenta Débora Volpi, mãe do aluno.

Hanai registrou boletim de ocorrência e lamentou a postura da diretora diante do episódio. "Ela não permitiu a entrada da polícia na escola. A diretora entende que a responsabilidade de disciplinar os alunos cabe aos inspetores", diz.

A situação caótica fez com que alguns estudantes fossem transferidos pelos pais, de acordo com Hanai.

"Cerca de 80 alunos já deixaram a escola. Os pais estão com medo e eu também quero tirar o meu filho daqui. Ficamos à mercê da violência", diz.
Uma inspetora de alunos que trabalha no local, que pediu para não ser identificada por temer uma eventual represália, confirmou que professores e funcionários da escola são vitimas dos alunos rebeldes.

"Eu fui insultada diversas vezes e já vi companheiros de trabalho serem agredidos dentro da escola. A situação, lamentavelmente, fugiu do controle", declara.

Diante da situação desfavorável, a funcionária da escola pediu a colaboração dos pais. "Pedimos para que os pais orientem seus filhos, percebemos que a atitude de rebeldia apresentada na escola são costumes e hábitos que foram concebidos fora dela".

Com a finalidade de amenizar a onda de violência, representantes da escola fizeram uma proposta aos pais de alunos. "Eles pediram para nós trabalharmos como voluntários, mas eu não tenho coragem", disse Debora Volpi, mãe de um estudante de 13 anos vítima da violência.


Drogas
Além de promover atos de violência dentro da escola estadual Cândido Portinari, de acordo com as informações, os alunos indisciplinados consomem drogas no interior do colégio. Alguns casos de furto também foram registrados.

"Um aluno foi pego consumindo droga na sala de aula. A camisa do meu filho sumiu e já roubaram celulares dentro da escola", garante Cintia Ferreira, mãe de um estudante de 16 anos.

A Diretoria Regional de Ensino de Ribeirão Preto, por meio de sua assessoria de imprensa, prometeu enviar uma equipe de supervisores à escola para avaliar as medidas necessárias.

O Conselho Tutelar de Batatais será acionado e uma reunião com estudantes, responsáveis e comunidade, de acordo com a diretoria, será marcada ainda esta semana.

A escola conta com câmeras de monitoramento e apoio da Ronda Escolar da Polícia Militar, além de promover atividades para prevenção de conflitos e uso de drogas, informou o departamento. 

Fonte: Jornal a Cidade

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