Mesmo ainda bem pequenas, as crianças já
começam a receber lições importantes %u2013 que servem para toda a vida.
E %u2018aulas de tolerância%u2019 partem de duas frentes essenciais: a
família e a escola.
Quem entra na creche escola Casa da Tia Léa percebe que aquele é um
local onde todos têm acolhida: pequenos com dificuldades motoras e
síndromes diversas convivem harmoniosamente com o restante das crianças –
e a algazarra não cede espaço à discriminação. Mãe de três alunos,
Karla Ximenes conta que certa vez houve um leve preconceito com uma
aluna ‘diferente’, mas que a questão foi trabalhada de forma especial,
com a participação dos pais, e hoje a dificuldade ficou no passado.
Os
filhos dela, inclusive, se dão muito bem com todos os amigos. É o caso
de João Davi, 6. Dois colegas de classe dele têm algum tipo de
deficiência, mas, para a felicidade da mamãe coruja, no ano passado, uma
professora elogiou o pequeno e afirmou que ele se dava muito bem com
as duas crianças.
A boa convivência entre as crianças pode
ser explicada, em parte, por um projeto implantado em 2007 cuja meta é
nobre: diminuir as dificuldades de relação interpessoal e fortalecer os
vínculos de amizade. “O projeto Conviver atende todas as turmas do
ensino fundamental I (do primeiro ao quinto ano), promovendo vivências
nas salas de aula com frequência semanal, nas quais são desenvolvidas
debates, discussões e dinâmicas de grupo que possibilitam a troca de
experiências e construção de estratégias para uma melhor convivência
consigo próprio e com o outro”, explica a vice-diretora da escola,
Rafaela Sampaio.
As atividades que visam trabalhar as emoções
e gerar o respeito às diferenças também fazem parte do ‘currículo’ da
creche-escola Espaço Inteligente. “Desenvolvemos mensalmente o projeto
nomeado de ‘Conhecendo os Sentimentos’, que tem a finalidade de
aproximar as crianças dos valores vigentes da sociedade, formando
pessoas emocionalmente capazes de resolver problemas”, explica a
diretora, Vanêssa Queirós.
Aos seis anos, Graziela é aluna
veterana da escola e se dá muito bem com todos, conta orgulhosa a mãe – a
advogada Gabriela Férrer. Na escola, a menina também participou de um
projeto conhecido como “Gentileza gera Gentileza”, e reforçou o uso de
algumas palavrinhas mágicas como ‘por favor’ e ‘obrigado’ – que são
fundamentais também no mundo infantil.
Um momento especial
que representa a união das crianças, independentemente das diferenças,
foi relatado ao O POVO pela supervisora-geral da escola, Gláucia
Teixeira. Ela conta que no ano passado uma criança que não tinha um dos
bracinhos recebeu comida e muito afeto dos próprios colegas. “As mães
ficaram emocionadas”, revela.
Bom exemplo
Outra
escola que incluiu a disciplina da tolerância e do respeito às
diferenças no currículo dos pequenos foi a Vila, inaugurada em 1981. E
em três décadas de atividades, os resultados desse trabalho têm sido
animadores. A psicóloga Cândida Câmara explica que não são comuns casos
de bullying no local. De acordo com ela, a presença de crianças com
algum tipo de deficiência em sala de aula sempre foi bem-vinda. “Desde
muito cedo, nossos alunos convivem de forma a aprender com a diferença,
valorizando a presença e o potencial que cada um acrescenta ao seu
grupo”, reforçou.
Outro diferencial da escola Vila é uma aula
oferecida aos alunos do 6º ao 9º ano chamada ‘Desenvolvimento Humano’.
Semanalmente, meninos e meninas discutem questões relacionadas ao
desenvolvimento interpessoal, além de temas atuais em discussão na
sociedade. “A participação da família também é de fundamental
importância na construção desses valores”, enfatiza Cândida.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
O
combate ao bullying deve começar ainda na infância. Reforçando lições
de respeito e tolerância, a parceria escola e família pode dar bons
aprendizados aos pequenos.
Por Rita Brito
Fonte: O Povo OnLine
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