Meta de qualidade não é cumprida em Bauru e quadro atual provoca preocupação
Em meio à onda de violência que atingiu as escolas estaduais em Bauru
no último mês, outra informação preocupante se soma a essa realidade.
Dos 47 estabelecimentos no município, 25 não atingiram as metas mínimas
de desempenho traçadas pelo Idesp em 2011.
O índice, que foi elaborado pelo governo do Estado e tem como objetivo
de medir a qualidade da educação paulista, foi superado por apenas 10
escolas na cidade. Em nota, a Secretaria da Educação do Estado alega que
o Idesp tem apontado resultados positivos e que é preciso uma análise
detalhada para avaliação do quadro do ensino em Bauru.
Criado em 2007, o Idesp é um indicador de qualidade dos chamados ciclos
escolares do Ensino Fundamental e Médio. O Ciclo I é composto por
alunos de 1ª a 4ª séries e o Ciclo II por estudantes de 5ª a 9ª séries. O
objetivo da proposta lançada pelo governo é de oferecer um incentivo
financeiro para os servidores que atuam nas escolas, de modo que, ano a
ano a meta é modificada para a evolução do desempenho e
Na avaliação, as unidades que cumprem as metas estipuladas pelo
indicador recebem uma bonificação salarial, que pode ultrapassar até
dois salários, dependendo da porcentagem alcançada. (leia mais abaixo).
A avaliação leva em conta os resultados obtidos com as provas do
Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo
(Saresp) e também dados da progressão escolar, que refletem a aprovação
nos estabelecimentos de ensino.
Em Bauru, 53,2% das 47 escolas estaduais avaliadas pelo indicador não
conseguiram atingir, em nenhum dos níveis de ensino, a evolução do
desempenho calculada para 2011. Apenas 10 estabelecimentos conseguiram
alcançar e até superar as metas propostas pelo governo.
Essas unidades, somadas a outras 12 escolas que atingiram resultados
parciais e outras 4 unidades, que atingiram ao menos 10% da meta, serão
gratificadas com uma bonificação.
Para entender
A E.E. Ada Cariani, por exemplo, além de não ter apresentado o
resultado estipulado ainda registrou, nas séries iniciais, uma queda de
1,78 nos pontos em relação a 2010. De 5,38 a pontuação em 2011 atingiu
3,60. A decadência também é observada nos outros ciclos escolares da
unidade.
Na E.E.Carlos Chagas, a nota obtida, também pelas séries iniciais em
2010, era de 6,06 e no ano passado a pontuação caiu para 3,24. Apesar da
defasagem, a escola conseguiu superar os pontos obtidos no Ensino Médio
e os funcionários deverão receber uma pequena bonificação.
Já sobre as escolas que superaram o indicador do governo, a E.E. Major
Fraga, localizada em Tibiriçá, distrito de Bauru, apresentou maior
evolução por ciclo escolar. Alguns ciclos chegaram a atingir um ponto a
mais que o proposto pelo Idesp de 2011.
Em relação ao índice negativo do Idesp em Bauru, a Secretaria da
Educação do Estado preferiu não se pronunciar alegando que o caso
exigiria uma análise detalhada de cada uma das escolas.
“As respostas às perguntas formuladas requerem uma análise minuciosa e
aprofundada, inclusive nos aspectos pedagógicos, mas que não seria
possível realizar em poucos dias. A explicação dessas variações exige
uma análise não só de cada uma das escolas cujos dados são mencionados
pela reportagem, mas também do conjunto da rede estadual de ensino nos
últimos anos, para que se possa avaliar uma série histórica”
Sobre as oscilações apontadas, o órgão informa que o avanço dos dados
globais do Idesp tem mostrado que a Educação do Estado de São Paulo está
no caminho da melhoria da qualidade, visto que o ciclo II do Ensino
Fundamental já começa a refletir a tendência dos resultados positivos
que vêm sendo sistematicamente obtidos no ciclo I.
Bonificação entra em debate
Se as metas foram 100% alcançadas, as equipes escolares ganham 2,4
salários a mais. Se a unidade atingiu 50% de sua meta, por exemplo, os
funcionários recebem 50% do bônus (ou seja, 1,2 salário a mais).
Se a instituição chegou a 10% da meta, seus funcionários recebem 10% do bônus (0,2 salário).
Os servidores das escolas que superaram os patamares estipulados
recebem também pelo resultado superior. As equipes escolares que
ultrapassaram em 20% suas metas ganharão 2,9 salários extras.
Entretanto, as faltas dos profissionais são consideradas no cálculo do bônus.
Para receber, os professores devem ter atuado, no mínimo, em dois
terços do ano. No caso de faltas, é descontado um valor proporcional no
benefício. Além dos professores, também recebem o prêmio diretores,
supervisores, professores-coordenadores, agentes de organização escolar,
agentes de serviços escolares, assistentes de administração,
secretários de escola e demais profissionais da educação. A equipe
escolar recebe de acordo com a média da unidade.
Reflexão, alcance e realidade
Para a diretora estadual do Sindicato dos Professores do Ensino
Oficial de São Paulo (Apeoesp), Suzi Silva, o índice negativo do Idesp
em Bauru é um resultado que comprova a ineficiência do Estado em relação
às políticas implantadas, atualmente, na educação.
“O não alcance das escolas à meta do Idesp reflete nossa realidade. O
governo se preocupa com reformas estruturais e com projetos que estão
fora da nossa realidade diária. As superlotações em sala, o salário
baixo, a progressão continuada tudo isso faz com que a classe acabe se
subordinando aos interesses do governo, mas como você pode ver nem isso
mais os professores estão conseguindo”, aponta a diretora estadual da
Apeoesp.
A pedagoga Eveline Ignácio da Silva, que ressalta que a solução
estaria na mudança da postura governamental em relação à educação. “Só
iremos evoluir quando pensarmos na educação e ouvirmos nossos agentes
principais que são os alunos e os professores. Não adianta bônus, é
preciso pensar na escola”, enfatiza.
Segundo a diretora estadual da Apeoesp, o índice mostra uma situação
preocupante do ensino no município que é preciso ser revisto pelas
autoridades. “A escola virou um depósito de crianças”.
Falta preparo
De acordo com Eveline, o sucesso do Idesp assim como de outros índices
serve como garantia para que o Brasil seja beneficiado com verbas
estrangeiras. “Para que o país receba é preciso que os índices estejam
na meta. Mas grande parte dos professores nem internet possui em casa.”
O governo, por sua vez, afirma agir para a melhoria cosntante da educação, incentivo aos professores e motivação dos alunos.
Fonte: JC Net
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