Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
As
agressões físicas que sofria do ex-marido fizeram a costureira Maria
das Graças de Souza, 40 anos, ter problemas na gravidez. Sua filha,
atualmente com 15, sofre de epilepsia desde os 2. Se na infância os
ataques eram controlados e ela conseguia ter vida normal, a adolescência
passou a ser marcada pelo bullying. Perseguição passou a ser rotina em
sua vida no retorno aos estudos, no Ensino Fundamental na Escola
Estadual Jardim Oratório, no bairro de mesmo nome, em Mauá.
O problema começou há três anos. Em 2009, Maria decidiu tirar sua filha da escola, cansada das agressões que ela sofria. "Em casa tinha a garantia de que ela estava bem", disse. No ano passado, a própria menina pediu para voltar aos estudos. E os problemas recomeçaram. Chamada de "louca" pelos colegas, a menina já foi internada quatro vezes neste ano na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com crises epiléticas.
Assustada, a mãe decidiu tirá-la de vez da escola. "Ninguém faz nada. Não me dão nenhuma garantia de que ela voltará com segurança para casa", disse.
A menina faz tratamento mensal no Hospital das Clínicas, na Capital. Mas as situações de estresse e contrariedade a fizeram piorar. Além das humilhações constantes na escola, em casa costumava presenciar a mãe ser agredida pelo ex-marido - Maria só conseguiu se separar há dois anos. A estudante age como criança. Se não está dormindo - a sonolência é um dos efeitos colaterais dos dez comprimidos diários que toma -, brinca com bonecas e vê desenhos animados.
A costureira procurou escola para crianças especiais, mas os médicos acharam melhor que a jovem frequentasse um ambiente normal. Cabe ao irmão, um ano mais novo, protegê-la dentro do possível e avisar a mãe quando há crises epiléticas. Tímido, o menino evita entrar em choque com os colegas.
Proteção é uma necessidade. Em agosto de 2010, seis vizinhos agarraram a menina à força, tiraram sua roupa e tentaram violentá-la. Ninguém foi autuado. Neste ano, um pai de aluna a teria procurado na porta da escola para agredi-la. Maria conta que ele teria desistido ao ver que a epilepsia não era mentirosa. "Tenho medo do que possa acontecer com minha filha."
Escola diz que agressores foram identificados
Em nota enviada pela Secretaria Estadual da Educação, a direção da Escola Estadual Jardim Oratório disse que tomou conhecimento da gravidade da doença da menina depois de reunião com a mãe e que já identificou quatro alunos que seriam os responsáveis pelas agressões. Reunião com os pais desses alunos está marcada para tratar do assunto e evitar que aconteçam outros ataques.
A escola afirma que os familiares da jovem precisam apresentar seu histórico médico para que os funcionários possam estar cientes do quadro clínico. Maria alega que tentou por quatro vezes conversar com a direção e tem sido ignorada desde o início do ano. Só foi chamada para o diálogo no começo do mês, após o filho ter o celular furtado dentro da instituição.
Para o psicólogo Miguel Perosa, especializado em adolescentes, a costureira deve fazer avaliação completa para saber em que grau está a epilepsia e incentivar campanhas na escola para que os outros alunos tenham conhecimento da gravidade da doença.
"Provavelmente a regressão dela não seja influência da doença, mas sim de fatores externos. Acompanhamento psicoterapêutico é ideal. Se permanecer assim, não terá condições de assumir comportamento adulto", disse.
Tratamento ajuda aluno de S.Bernardo a superar trauma
A professora de História Roseli Tadeu Tavares Santana parou de fazer pregações religiosas antes de suas aulas na Escola Estadual Antônio Caputo, no Riacho Grande, em São Bernardo, depois de o Diário revelar a história de um menino de 15 anos que sofria perseguição de seus colegas de sala por seguir o candomblé.
Segundo o pai do jovem, o aposentado Sebastião da Silveira, 64, ele voltou a frequentar a escola e o bullying dos amigos parou após a repercussão que o caso teve. "Ele iniciou tratamento mais intensivo e, desde então até voltou a falar com mais naturalidade", disse.
Os familiares, contudo, esperam resposta definitiva por parte do Estado sobre o assunto. A Secretaria estadual da Educação prometeu que a Diretoria Regional de Ensino de São Bernardo faria uma avaliação e divulgaria os resultados em 30 dias. O Ministério Público deu menos tempo: 15 dias para a professora e a direção provarem que não faziam oração antes das aulas. O resultado sairá na próxima semana.
Fonte: Diário do Grande ABC
O problema começou há três anos. Em 2009, Maria decidiu tirar sua filha da escola, cansada das agressões que ela sofria. "Em casa tinha a garantia de que ela estava bem", disse. No ano passado, a própria menina pediu para voltar aos estudos. E os problemas recomeçaram. Chamada de "louca" pelos colegas, a menina já foi internada quatro vezes neste ano na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com crises epiléticas.
Assustada, a mãe decidiu tirá-la de vez da escola. "Ninguém faz nada. Não me dão nenhuma garantia de que ela voltará com segurança para casa", disse.
A menina faz tratamento mensal no Hospital das Clínicas, na Capital. Mas as situações de estresse e contrariedade a fizeram piorar. Além das humilhações constantes na escola, em casa costumava presenciar a mãe ser agredida pelo ex-marido - Maria só conseguiu se separar há dois anos. A estudante age como criança. Se não está dormindo - a sonolência é um dos efeitos colaterais dos dez comprimidos diários que toma -, brinca com bonecas e vê desenhos animados.
A costureira procurou escola para crianças especiais, mas os médicos acharam melhor que a jovem frequentasse um ambiente normal. Cabe ao irmão, um ano mais novo, protegê-la dentro do possível e avisar a mãe quando há crises epiléticas. Tímido, o menino evita entrar em choque com os colegas.
Proteção é uma necessidade. Em agosto de 2010, seis vizinhos agarraram a menina à força, tiraram sua roupa e tentaram violentá-la. Ninguém foi autuado. Neste ano, um pai de aluna a teria procurado na porta da escola para agredi-la. Maria conta que ele teria desistido ao ver que a epilepsia não era mentirosa. "Tenho medo do que possa acontecer com minha filha."
Escola diz que agressores foram identificados
Em nota enviada pela Secretaria Estadual da Educação, a direção da Escola Estadual Jardim Oratório disse que tomou conhecimento da gravidade da doença da menina depois de reunião com a mãe e que já identificou quatro alunos que seriam os responsáveis pelas agressões. Reunião com os pais desses alunos está marcada para tratar do assunto e evitar que aconteçam outros ataques.
A escola afirma que os familiares da jovem precisam apresentar seu histórico médico para que os funcionários possam estar cientes do quadro clínico. Maria alega que tentou por quatro vezes conversar com a direção e tem sido ignorada desde o início do ano. Só foi chamada para o diálogo no começo do mês, após o filho ter o celular furtado dentro da instituição.
Para o psicólogo Miguel Perosa, especializado em adolescentes, a costureira deve fazer avaliação completa para saber em que grau está a epilepsia e incentivar campanhas na escola para que os outros alunos tenham conhecimento da gravidade da doença.
"Provavelmente a regressão dela não seja influência da doença, mas sim de fatores externos. Acompanhamento psicoterapêutico é ideal. Se permanecer assim, não terá condições de assumir comportamento adulto", disse.
Tratamento ajuda aluno de S.Bernardo a superar trauma
A professora de História Roseli Tadeu Tavares Santana parou de fazer pregações religiosas antes de suas aulas na Escola Estadual Antônio Caputo, no Riacho Grande, em São Bernardo, depois de o Diário revelar a história de um menino de 15 anos que sofria perseguição de seus colegas de sala por seguir o candomblé.
Segundo o pai do jovem, o aposentado Sebastião da Silveira, 64, ele voltou a frequentar a escola e o bullying dos amigos parou após a repercussão que o caso teve. "Ele iniciou tratamento mais intensivo e, desde então até voltou a falar com mais naturalidade", disse.
Os familiares, contudo, esperam resposta definitiva por parte do Estado sobre o assunto. A Secretaria estadual da Educação prometeu que a Diretoria Regional de Ensino de São Bernardo faria uma avaliação e divulgaria os resultados em 30 dias. O Ministério Público deu menos tempo: 15 dias para a professora e a direção provarem que não faziam oração antes das aulas. O resultado sairá na próxima semana.
Fonte: Diário do Grande ABC
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