sexta-feira, 27 de abril de 2012

Escolas dizem ‘basta!’ à violência

Diretoria Regional de Ensino lançará concurso de redação e produções artísticas para que os alunos exponham problemas

Bruna Dias
O tema violência preocupa e assusta cada vez mais a população. Apesar disso, não se esperava que chegasse tão rápido e de forma tão severa às escolas, onde os alunos aprendem lições de vida. Preocupada em acabar com o problema, assim como a família e professores, a Diretoria Regional de Ensino de Bauru decidiu lançar uma campanha de “basta!” para a violência nas escolas, no próximo dia 2 de maio.
 
“Assustada e preocupada” com a onda de violência que está acontecendo nas escolas estaduais, conforme o JC vem divulgando, a dirigente de Ensino Gina Sanchez, com o apoio da diretora da Escola Estadual Professor Christino Cabral, Maria Helena Catini Campagnucci, - que representa a União dos Diretores de Escola do Magistério Oficial de Bauru e coordena a campanha -, decidiu unir alunos e professores em prol da paz nas escolas. 
 
“Para saber o que realmente está acontecendo, nada como os próprios alunos exporem o problema. Por isso pensamos na campanha ‘Diga não à violência nas escolas’. A ideia é que, por meio de redações e produções artísticas, os alunos nos mostrem onde está o problema e como podemos solucioná-lo”, destaca Gina. A campanha tem apoio do Jornal da Cidade.
 
A iniciativa contra a violência engloba cerca de 60 mil alunos a partir de 6 anos, ou seja, do 1º ao 9º ano do ensino fundamental e do 1º ao 3º ano do ensino médio das 83 escolas estaduais abrangidas pela diretoria (Bauru mais 15 municípios da região). 
 
Os alunos do 1º ao 3º ano do ensino fundamental participarão com um desenho, os do 4º e 5º anos com uma redação no gênero carta. Os estudantes do 6º e 7º anos farão uma redação em estilo narrativo, e os do 8º e 9º ano uma redação no formato de artigo de opinião, bem como para os alunos do ensino médio.
 
“Primeiro queremos que eles mostrem quais as perguntas para que possamos procurar as respostas. Não podemos ficar omissos ao problema, porque o medo é que ele caia na normalidade. A educação é um desafio para todos nós”, opinou a diretora Catini.
 
 
 
Valores
 
Infelizmente, tem sido constante no JC a veiculação de matérias retratando casos de violência nas escolas (leia mais abaixo). No entanto, isso está no noticiário do Brasil todo e, para a dirigente regional de Ensino, alguns valores fundamentais foram a mola propulsora para que o problema, já existente na sociedade, fosse deflagrado dentro das escolas.
 
“Existem alguns valores fundamentais que a família já plantou, por isso o apoio dos pais, avós, entre outros familiares é essencial. A violência já existia na sociedade e chegou às escolas de uma forma que me preocupa”, disse. “O aluno já deve ter uma base da educação vinda de casa para que essa seja complementada pela escolar, e para isso é necessário impor mais limites”, diz Catini.
 
Gina pontua que visitas constantes às escolas escancaram a tristeza e angústia dos professores com a situação. “Eles estão ali para trabalhar e não têm condições. O mesmo acontece com os alunos bons, que querem estudar, estão empenhados. E estes são a maioria entre os problemáticos e nos pedem ajuda”. 
 
 
 
Firmeza e amor
 
Para a diretora da Escola Estadual Professor Christino Cabral, Maria Helena Catini Campagnucci, - que representa a União dos Diretores de Escola do Magistério Oficial de Bauru e coordena a campanha -, o segredo para controlar a violência nas escolas é firmeza e amor, o que também deve existir no ambiente familiar.
 
“É preciso que os pais imponham mais limites e também deem atenção aos filhos. Se não forem os pais, que sejam outros familiares. Isso também deve acontecer dentro das escolas”.
 
A dirigente regional de Ensino de Bauru, Gina Sanchez, pede que a sociedade também abrace a causa. “As escolas particulares também nos expõem esses problemas, por isso queremos mobilizar a sociedade para a campanha”.
 
O lançamento da campanha “Diga não à violência nas escolas” será no dia 2 de maio, próxima quarta-feira, em uma reunião de todos os diretores da Diretoria Regional de Ensino. Os alunos terão até o dia 10 de maio para concluir os seus trabalhos. 
 
As cinco melhores redações serão premiadas e veiculadas pelo Jornal da Cidade. O vencedor do concurso ganhará um notebook, o 2º e 3º lugares bicicletas e os 4º e 5º lugares receberão rádios como prêmio. Os cinco melhores desenhos ganharão kits de desenho e pintura para que sirvam de motivação para os alunos continuarem a desenvolver os talentos artísticos.
 
A cerimônia de premiação acontecerá no dia 25 de maio na Escola Técnica Estadual (Etec) de Cabrália Paulista.
 
 
 
Ano é marcado por casos graves de agressão em escolas estaduais
 
O ano de 2012 vem sendo marcado por casos de violência e confusão em escolas públicas de Bauru. Em 26 de março, na escola estadual José Viranda, Vila Giunta, um estudante foi suspenso por três dias após agredir um colega. Uma semana antes, um coordenador da E.E. Francisco Alves Brizola, no Jardim Olímpico, teria levado socos e chutes ao pedir que um estudante de 16 anos entrasse na sala de aula. 
 
Segundo o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp), outra situação na E.E. Ana Zucker Dannuziata, no Parque Paulista, teria acontecido no dia 20 de março, quando um aluno de apenas 7 anos teria agredido com socos e pontapés cerca de cinco funcionários da escola.
 
Já na E.E. Luiz Zuiani, no Parque São Jorge, quatro alunos foram responsabilizados por aterrorizar outros colegas com uma pistola de brinquedo e um deles por ofender a inspetora da instituição.
 
A E.E. Guia Lopes, na Vila Dutra, também não escapou das ocorrências, e na tarde de 19 de março, um caso de agressão entre dois estudantes de 13 anos foi parar no plantão da Polícia Civil.
 
Um dos casos mais graves foi o de uma aluna de 18 anos teria agredido uma professora e um policial militar na escola estadual Eduardo Velho Filho, na rua Vangélio Mondelli, Jardim Santana. De acordo com o boletim de ocorrência (BO), policiais militares foram até a escola, onde a professora P.A.O. relatou que a aluna N.K.A.P. teria discutido com ela dentro da sala de aula e, inclusive, arremessado uma carteira contra ela, ferindo seu braço e pé.
 
No momento em que os PMs detiveram N. e tentaram levá-la para a viatura, a aluna se exaltou e teria xingado os policiais e os agredido com chutes e socos. Ela também teria rasgado a farda de um deles, ainda segundo o BO, que foi registrado como desacato e lesão corporal. A aluna foi encaminhada à Polícia Civil para prestar esclarecimentos.
 
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo enviou nota em que lamenta a atitude da aluna. “A docente agredida registrou um boletim de ocorrência e o caso será abordado em reunião da Diretoria Regional de Ensino de Bauru com o Ministério Público. A jovem solicitou transferência para outra unidade da rede”.
 
Casos de violência na Escola Estadual (EE) da Pousada da Esperança também têm desafiado até a Secretaria de Estado da Educação. Conforme divulgado pelo JC, recentemente cerca de 20 estudantes do ensino fundamental foram suspensos na unidade. 
 
No início desta semana, policiais da Base Comunitária de Segurança Leste foram acionados pela direção para contornar mais um tumulto causado por alunos. No mais recente ato de violência causado por estudantes na escola, nesta segunda-feira, uma funcionária foi atingida por um tênis arremessado contra uma inspetora.
 
Fonte: JC Net

 

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