Mais de 400 mil pessoas já curtiram a página criada por Isadora Faber no Facebook
Foto: Reprodução
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Professores e pais de alunos da escola básica Maria Tomázia Coelho,
em Florianópolis (SC), alegam que a "superexposição" do blog Diário de
Classe, criado pela estudante Isadora Faber, 13 anos, estaria
prejudicando o ambiente escolar. Eles divulgaram um manifesto via
internet e acusam a blogueira de ter "desviado o foco" em seu perfil do
Facebook.
O caso ganhou repercussão nacional e as relações chegaram a ser muito tensas esta semana, quando a casa da garota teria sido apedrejada, ferindo a avó da estudante, de 65 anos. Uma discussão entre a mãe de Isadora e um aluno da oitava série diante da unidade escolar acirraram ainda mais o clima. O problema teria surgido após as cobranças da jovem pelo "Seu Francisco", responsável pela pintura da quadra de esportes.
Na internet, professores e pais de alunos vem usando uma comunidade criada para trazer "o outro lado da história". O "Diário de ClasseSC" traz vários depoimentos e informações de pais de alunos, que acusam o blog de desrespeitar a comunidade local.
Em um dos textos, os professores da escola afirmam trazer um "novo olhar" sobre o tema e repudiam o que qualificam como "ataques pessoais". "Estamos trazendo um outro olhar sobre o Diário de Classe, que no início era positivo e estimulou o rápido reparo na estrutura (não reforma, que seria muito maior, pois a escola tem apenas 7 anos), e passou a focar-se em ataques pessoais a professores e trabalhadores", afirmam, destacando que os profissionais locais teriam tido falas "deturpadas" por veículos de comunicação.
"Quando nós, trabalhadores da escola, demos entrevistas à mídia, as falas foram 'editadas' e novamente sofremos as consequências do sensacionalismo e da visão unilateral difundida pelas mídias. As pessoas leem e veem as notícias como verdades, e não procuram conhecer a realidade ou ouvir outras versões dos fatos, criando assim uma legião de defensores da menina, e ao mesmo tempo 'inquisidores' da escola".
De acordo com o manifesto, que teve a autoria confirmada pela direção da escola, o incidente entre a mãe de Isadora, Mel Faber, e um aluno provocou a realização de um boletim de ocorrência durante essa semana. Os professores ainda questionam a autoria dos textos no Diário de Classe. "Sobre os textos da página, que no início eram sim da menina e sua colega, hoje não condizem com sua escrita e discurso em sala de aula, qualquer pessoa pode ver a diferença".
A superexposição do caso tem gerado a revolta de pais de alunos, que antes chegaram a apoiar o Diário de Classe. "Nós nunca fomos contra o que a Isadora fez. Que pai vai ser contra uma pessoa que luta por melhorias para o local onde seu filho estuda?", diz Wilson Venturini, que tem duas filhas na escola Maria Tomázia (na terceira e sétima séries). "O problema é que no meio do caminho o foco mudou e começaram perseguições a pessoas de bem, que não tiveram como se defender".
As filhas de Wilson estudam há sete anos na escola, segundo ele, mas o clima de tensão pode fazer com que ele as matricule em outro local. "Sou um pai presente e vou quatro vezes ao dia à escola para buscar e levar as meninas. Não vejo tudo isso. Começou um exagero exacerbado, com inverdades duras", afirmou. "O clima está chato e pesado e estou sendo obrigado a tirar as minhas filhas e as matricular em outra escola".
A mesma opinião tem Vanderson Silva, que tem um filho de 12 anos estudando na escola Maria Tomázia. Ele disse estar preocupado com o "clima tenso" no local e destacou que professores estariam enfrentando problemas de saúde. "Professores citados no blog tiram licença de um ou dois dias. Isso pode prejudicar o ensino de meu filho. O que lamento é que o espaço vem trazendo uma posição unilateral, como se ela fosse a portadora da única verdade", disse. "Não queremos que Isadora pare com a sua luta. Queremos que ela volte ao foco de antes".
Na página criada para expor o "outro lado", um pai de dois alunos ainda acusa Isadora Faber de tentar "arrumar problemas". "Quando pensamos que o assunto acabou, o Diário de Classe tenta arrumar mais problemas. A escola estava bem melhor antes desta página, não pelos profissionais, claro, que são um exemplo de dedicação e ensino", escreveu Dri Neto Oliveira. "Os problemas que ela causou são bem maiores do que uma maçaneta quebrada ou uma quadra não pintada".
Contraponto
Mel Faber, mãe da estudante, comentou o manifesto na tarde deste sexta-feira. Ela lamentou o fato da filha ter sido xingada na porta da escola na quarta-feira e destacou que as melhorias realizadas no local atendem toda a comunidade. "Não tem por que ela ser xingada de todos palavrões possíveis. Tem quem faz campanha contra a Isadora dentro de sala de aula", disse. "Um garoto a ofendeu na minha frente. Sou mãe e vejo que qualquer mãe faria isso para defender seu filho".
Desde a criação do blog, Isadora teria passado a ler ainda mais e, segundo mãe, "evoluído". "Desde que o Diário de Classe começou ela evoluiu. E evoluiu muito. Passou a ler ainda mais e buscar conhecimento para debater os assuntos em que era questionada. Ela está crescendo como pessoa e isso vem incomodando", afirmou. "Falo o quê? Para Isadora desistir? Ela está buscando os direitos e melhorias e por isso virou uma criminosa?".
Ato cívico
A diretora Liziane Dias Faria quebrou o silêncio nesta sexta-feira (09) e comentou que deverá pedir à Guarda Municipal de Florianópolis o reforço de segurança na porta da escola. Ela lamentou o clima de tensão existente na unidade e salientou que o manifesto divulgado seria uma "ação coletiva" de servidores e professores. "Essa sempre foi uma escola tranquila, que atende a comunidade. Agora estamos convivendo com esses atos de violência", disse. "Queremos paz e tranquilidade para trabalhar".
Na próxima segunda-feira, segundo a diretora, será realizado um ato cívico na porta da escola para pedir por paz e tranquilidade. O movimento reunirá funcionários e pais de alunos.
Fonte: Terra
O caso ganhou repercussão nacional e as relações chegaram a ser muito tensas esta semana, quando a casa da garota teria sido apedrejada, ferindo a avó da estudante, de 65 anos. Uma discussão entre a mãe de Isadora e um aluno da oitava série diante da unidade escolar acirraram ainda mais o clima. O problema teria surgido após as cobranças da jovem pelo "Seu Francisco", responsável pela pintura da quadra de esportes.
Na internet, professores e pais de alunos vem usando uma comunidade criada para trazer "o outro lado da história". O "Diário de ClasseSC" traz vários depoimentos e informações de pais de alunos, que acusam o blog de desrespeitar a comunidade local.
Em um dos textos, os professores da escola afirmam trazer um "novo olhar" sobre o tema e repudiam o que qualificam como "ataques pessoais". "Estamos trazendo um outro olhar sobre o Diário de Classe, que no início era positivo e estimulou o rápido reparo na estrutura (não reforma, que seria muito maior, pois a escola tem apenas 7 anos), e passou a focar-se em ataques pessoais a professores e trabalhadores", afirmam, destacando que os profissionais locais teriam tido falas "deturpadas" por veículos de comunicação.
"Quando nós, trabalhadores da escola, demos entrevistas à mídia, as falas foram 'editadas' e novamente sofremos as consequências do sensacionalismo e da visão unilateral difundida pelas mídias. As pessoas leem e veem as notícias como verdades, e não procuram conhecer a realidade ou ouvir outras versões dos fatos, criando assim uma legião de defensores da menina, e ao mesmo tempo 'inquisidores' da escola".
De acordo com o manifesto, que teve a autoria confirmada pela direção da escola, o incidente entre a mãe de Isadora, Mel Faber, e um aluno provocou a realização de um boletim de ocorrência durante essa semana. Os professores ainda questionam a autoria dos textos no Diário de Classe. "Sobre os textos da página, que no início eram sim da menina e sua colega, hoje não condizem com sua escrita e discurso em sala de aula, qualquer pessoa pode ver a diferença".
A superexposição do caso tem gerado a revolta de pais de alunos, que antes chegaram a apoiar o Diário de Classe. "Nós nunca fomos contra o que a Isadora fez. Que pai vai ser contra uma pessoa que luta por melhorias para o local onde seu filho estuda?", diz Wilson Venturini, que tem duas filhas na escola Maria Tomázia (na terceira e sétima séries). "O problema é que no meio do caminho o foco mudou e começaram perseguições a pessoas de bem, que não tiveram como se defender".
As filhas de Wilson estudam há sete anos na escola, segundo ele, mas o clima de tensão pode fazer com que ele as matricule em outro local. "Sou um pai presente e vou quatro vezes ao dia à escola para buscar e levar as meninas. Não vejo tudo isso. Começou um exagero exacerbado, com inverdades duras", afirmou. "O clima está chato e pesado e estou sendo obrigado a tirar as minhas filhas e as matricular em outra escola".
A mesma opinião tem Vanderson Silva, que tem um filho de 12 anos estudando na escola Maria Tomázia. Ele disse estar preocupado com o "clima tenso" no local e destacou que professores estariam enfrentando problemas de saúde. "Professores citados no blog tiram licença de um ou dois dias. Isso pode prejudicar o ensino de meu filho. O que lamento é que o espaço vem trazendo uma posição unilateral, como se ela fosse a portadora da única verdade", disse. "Não queremos que Isadora pare com a sua luta. Queremos que ela volte ao foco de antes".
Na página criada para expor o "outro lado", um pai de dois alunos ainda acusa Isadora Faber de tentar "arrumar problemas". "Quando pensamos que o assunto acabou, o Diário de Classe tenta arrumar mais problemas. A escola estava bem melhor antes desta página, não pelos profissionais, claro, que são um exemplo de dedicação e ensino", escreveu Dri Neto Oliveira. "Os problemas que ela causou são bem maiores do que uma maçaneta quebrada ou uma quadra não pintada".
Contraponto
Mel Faber, mãe da estudante, comentou o manifesto na tarde deste sexta-feira. Ela lamentou o fato da filha ter sido xingada na porta da escola na quarta-feira e destacou que as melhorias realizadas no local atendem toda a comunidade. "Não tem por que ela ser xingada de todos palavrões possíveis. Tem quem faz campanha contra a Isadora dentro de sala de aula", disse. "Um garoto a ofendeu na minha frente. Sou mãe e vejo que qualquer mãe faria isso para defender seu filho".
Desde a criação do blog, Isadora teria passado a ler ainda mais e, segundo mãe, "evoluído". "Desde que o Diário de Classe começou ela evoluiu. E evoluiu muito. Passou a ler ainda mais e buscar conhecimento para debater os assuntos em que era questionada. Ela está crescendo como pessoa e isso vem incomodando", afirmou. "Falo o quê? Para Isadora desistir? Ela está buscando os direitos e melhorias e por isso virou uma criminosa?".
Ato cívico
A diretora Liziane Dias Faria quebrou o silêncio nesta sexta-feira (09) e comentou que deverá pedir à Guarda Municipal de Florianópolis o reforço de segurança na porta da escola. Ela lamentou o clima de tensão existente na unidade e salientou que o manifesto divulgado seria uma "ação coletiva" de servidores e professores. "Essa sempre foi uma escola tranquila, que atende a comunidade. Agora estamos convivendo com esses atos de violência", disse. "Queremos paz e tranquilidade para trabalhar".
Na próxima segunda-feira, segundo a diretora, será realizado um ato cívico na porta da escola para pedir por paz e tranquilidade. O movimento reunirá funcionários e pais de alunos.
Fonte: Terra
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