Segundo coordenadora da Unesco, ausência de regras claras entre professores e alunos contribuiu para o aumento dos casos de agressão.
Em Brasília, dois casos de agressão chamaram a atenção do país. Na maior universidade da capital, um professor acabou no hospital após ser agredido por um estudante. Em uma escola pública de ensino básico, um aluno foi morto a facadas pelo colega. “A violência nas escolas reproduz a violência na sociedade, não é um fenômeno intramuros isolado”, afirma a coordenadora de Ciências Humanas e Sociais da Unesco no Brasil, Marlova Noleto.
Segundo a educadora, os ambientes escolares deixaram de ser lugares protegidos e muitos pais perderam a tranquilidade ao levar os filhos à escola. Ela destaca que a ausência de regras claras de convivência entre alunos e professores contribui para o aumento da violência.
Para o professor da faculdade de Educação da Universidade de Brasília e da Universidade Católica Célio da Cunha, há uma profunda crise de valores humanos. “A violência na escola vem da Idade Média, é uma prática inconcebível no século XXI. A escola tem que refletir uma cultura de respeito da merendeira ao diretor”, diz. Cunha defende que é preciso recuperar a dimensão humana da educação, que foi transformada em um negócio.
A educadora Marlova Noleto aponta para a importância de um bom clima escola. “Na escola, aprendemos não só a ser, mas a fazer, a viver juntos e a conhecer. Um conjunto de regras e valores educam para a vida, não educam apenas no ambiente escolar”, acredita. A especialista reconhece que, em primeiro lugar, é preciso que o professor goste do que faz. “Ensinar é um ato de amor e é sempre uma via de mão dupla. É preciso estar aberto para ensinar e aprender”, aponta.
Em muitos casos, a violência na escola é decorrente do medo de ser reprovado ou de ameaças que o aluno sofre em casa. A coordenadora da Unesco no Brasil diz que é preciso incluir as famílias no processo de educação e ajudar as crianças desde cedo a desenvolver um sentido ético. “Quando estimulamos nossos alunos a respeitar a diferença, estamos também evitando a violência”, observa.
Em última instância, destaca Marlova, a educação deve propiciar também a satisfação dos alunos. “Se o processo de aprendizagem não trouxer também felicidade, dificilmente aprenderemos com qualidade”, afirma.
Fonte: G1
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