segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A violência não poupa nem as escolas


A violência não poupa nem as escolas
Folha do Oeste
 
Na maioria dos casos da agressividade de jovens existe algum tipo de problema ou atitude violenta na família que acaba refletindo no comportamento dos filhos
 
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As ações da família e da sociedade, também são questões determinantes nas atitudes violentas de alunos
 
Para o SINTE, os atos de violência poderiam ser coibidos ou pelo menos minimizados com a instalação de câmeras de segurança e a contratação de vigias, pelo Estado. Na E.E.B.C.C, não há vigias, nem câmeras de monitoramento. Ao todo, cerca de 780 alunos estudam na escola nos períodos da manhã, tarde e da noite. “Após a retirada dos vigias da escola, a situação ficou quase incontrolável, quando atuavam aqui havia maior segurança”, diz o diretor Gritti.

Quanto ao monitoramento e a presença de vigias, a gerente de Educação pontua. “Eu não sei se isso é alternativa para maior segurança. Na verdade não tenho uma opinião formada a respeito, é algo que tem de ser mais bem discutido”, avalia. “Temos uma equipe pedagógica que tem que conversar com os alunos e tentar inseri-los de vez na escola e instigar com afetividade a vontade de aprender; vejo que isso minimizaria esse problema. Eu mesma fui da época dos vigias e mesmo assim isso não impedia que ocorressem brigas”, relata Nilza.

CONSELHO TUTELAR


O diretor da escola Claudino Crestani explica que os alunos que cometem delitos graves são encaminhados ao Conselho Tutelar, mas, segundo ele, a escola também toma providências. “Convocamos os pais para conversar e dependendo da gravidade aplicamos suspensão de até três dias. Quando o fato é grave, como no caso dos esfaqueamentos, a escola registra BO e a promotoria é que resolve”.


O conselheiro tutelar do município, Algemiro Antunes Fagundes diz que a equipe de conselheiros já atendeu alguns casos na Escola Claudino Crestani. “Desde setembro faço parte da nova equipe do Conselho Tutelar. Nesse período registramos uma briga seguida de agressão física, fomos acompanhados da Polícia Militar. Levamos o jovem ferido para atendimento de saúde. Tomamos os procedimentos necessários para o caso e levamos ao conhecimento dos pais dos envolvidos”.

Quanto a outros casos ocorridos antes de setembro deste ano, Fagundes diz não ter conhecimento, pois ainda não fazia parte do quadro de conselheiros tutelares do município. De acordo com ele, quando o Conselho Tutelar local atende questões de violência envolvendo jovens menores de 18 anos em qualquer ambiente social são tomadas as medidas cabíveis, dentre elas as socioeducativas. “Os jovens ou adolescentes que praticam violência não são presos e sim condenados a pagar serviços comunitários. Contudo, dependendo da gravidade dos fatos, os pais é que podem ser responsabilizados pelos crimes dos filhos e até serem presos, mas em casos considerados gravíssimos é a promotoria que resolve”, diz.

Segundo o diretor, alguns alunos mudam depois das penas, mas outros permanecem com o mesmo comportamento agressivo.

PERFIL DOS VIOLENTOS


Para o diretor Gritti, em geral os alunos problemáticos na escola são geralmente aqueles cujos pais não estão preocupados com a situação do filho. “Os estudantes com pais que se preocupam em acompanhar os estudos dificilmente apresentam problemas”. O conselheiro tutelar Fagundes acredita que em 90% dos casos de jovens agressivos há algum tipo de problema na família que reflete no comportamento do filho. “Em geral são casais separados, ou que trabalham demais e não têm tempo de ficar com os filhos. Também há registros de pais alcoólatras e violentos”.


“Já estamos no final do ano e temos exemplo em nossa escola de pais que até hoje não vieram retirar os boletins do aluno. Alguns só ficaram sabendo das notas do terceiro bimestre porque fomos obrigados a entregar o boletim para o próprio aluno. É lamentável que nos dias de hoje existam pais que sequer tem interesse em pedir o boletim do filho para acompanhar as notas da escola. Depois chega o final do ano e é aquela revolta com a escola e a culpa acaba sendo sempre do professor”, conta Gritti.

QUAL A SOLUÇÃO?


Alguns dos entrevistados destacaram a palavra afetividade como determinante para a coibição de atos violentos entre jovens. Mas o tema é complexo e exige inúmeras discussões. Não há como apontar um único culpado pela situação degradante da violência escolar. “Uma das soluções que vejo para a educação melhorar em nosso colégio é o interesse da comunidade em se unir à escola, é preciso maior interação. O Governo do Estado que coloque vigias nessas escolas que apresentam esses índices de violência elevados, para que esse problema não sobre sempre para os professores e a direção. A situação está incontrolável, acho que até que a comunidade não se una à escola, isso continuará inviável”, acredita Gritti.


A gerente de Educação comenta, ainda, que uma inversão de valores sociais contribui para os índices violentos. “Hoje não se tem muita tolerância, há uma inversão de valores; eu vejo que o ídolo dos jovens não são exemplos de boa conduta e eles acabam se autoafirmando com o que é negativo. Creio que não é um vigia que vai mudar essa situação”, comenta. “Isso é um problema social, uma questão que ocorre em praticamente todo o país. Precisaríamos de um projeto coletivo para minimizar esse problema, trazer à tona e discutir essa questão dos valores, mas acho complicado dizer o que e como isso deveria ser feito”, diz a gerente de Educação.

Como a escola não é a única responsável pela violência escolar, também não será a única responsável pela solução do problema. Toda a sociedade, incluindo principalmente autoridades, tem o dever de discutir amplamente o assunto, buscar as causas da violência e aplicar alternativas viáveis para coibir essa ação que tem tornado, em alguns casos, o ambiente escolar tão inseguro quanto andar na rua.

Fonte: Folha do Oeste

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