Luana Freitas
Há exatamente um ano, a escola Tasso da Silveira, em Realengo, Zona
Oeste, foi palco de uma das maiores tragédias já ocorridas no Rio de
Janeiro. A ação violenta resultou na morte de 12 crianças, com idades
entre 12 e 14 anos.
O responsável por transformar o ambiente escolar em um cenário de
guerra foi Wellington Menezes, que era ex-aluno do colégio e entrou no
local com a desculpa de que daria uma palestra, por volta de 8h15 do dia
7 de abril de 2011. Logo os professores e alunos perceberam que não se
tratava disso, mas sim de um massacre, cujas cenas de horror ficariam
gravadas para sempre em suas memórias.
O assassino, de 23 anos, tirou a vida de 12 crianças, deixou outros
feridos gravemente, e, por fim, se matou na escada da escola. A
motivação para cometer a atrocidade teria partido de preconceitos e
bullying que Wellington sofreu na sua adolescência, por ter sido um
menino reservado e excluído socialmente.
Para saber as condições e o clima atual no colégio, o SRZD
conversou com a professora Leila D´Angelo, que dava aula na primeira
sala onde Wellington entrou para fazer as primeiras vítimas. Ela lembra
de todos os detalhes do triste dia e relatou como os últimos minutos das
vidas de alguns alunos começaram.
"Lembro
perfeitamente de tudo. Eu estava dando minha aula e, por volta de 8h15,
ele bateu à porta. Eu abri e ele não disse nada. Ele foi entrando e eu
perguntei o que ele queria, foi quando respondeu que estava ali para dar
uma palestra. Mentira. Ele foi dizendo isso e já atirando", lembrou.
Leila disse que, no início, achou que ele tivesse invadido a sala
para executar um aluno, mas quando ele começou a atirar em outras
crianças, percebeu que se tratava de algo diferente. Foi então que
correu para a cozinha e ligou para a polícia. Neste momento, o aluno
Alan correu para pedir ajuda até que encontrou um policial na rua.
Leila disse que viu dois alunos serem baleados e mortos e contou sobre o que teve que enfrentar após o massacre.
"Eu voltei a dar aula para mesma turma, inclusive pelos milhares de
pedidos nas redes sociais para eu voltar para a escola. Apesar das
famílias de algumas crianças mortas terem ficado revoltadas, queriam
colocar a escola abaixo. Muitos parentes me acusaram de ter fugido da
sala para me proteger e ter deixado os alunos lá para morrer. Tentaram
colocar as crianças contra mim".
Por conta disso, a professora de Língua Portuguesa deu aula para a
turma por apenas dois meses, precisou se afastar e fazer terapia, o que
faz até hoje. Apenas meses depois, retornou para dar aula e hoje
continua com suas atividades, mas dando aula para outras crianças.
Sobre o assassino, Leila disse que era uma pessoa com muitos
problemas mentais e sem apoio. Ela ainda falou sobre a lição que tira do
triste episódio.
"Tenho muita pena de Wellington, porque ele era um desequilibrado, que não tinha ajuda. Todo mundo fala em 12 mortos, mas
foram 13, porque ele também morreu. O que eu tiro disso tudo é que
temos que reavaliar os nosso valores, olhar mais para os nossos
semelhantes".
Atualmente, a Tasso da Silveira passa por uma fase de esperança e
renovação. O cenário de guerra e as lembranças, aos poucos, vão sendo
afastados. Os alunos e funcionários receberam apoio médico e a escola
está sendo reformada.
Fonte: SRZD
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