domingo, 8 de abril de 2012

Tasso da Silveira: um ano após massacre, clima é de esperança e renovação

Luana Freitas

Foto: Reprodução de Internet

Há exatamente um ano, a escola Tasso da Silveira, em Realengo, Zona Oeste, foi palco de uma das maiores tragédias já ocorridas no Rio de Janeiro. A ação violenta resultou na morte de 12 crianças, com idades entre 12 e 14 anos.

O responsável por transformar o ambiente escolar em um cenário de guerra foi Wellington Menezes, que era ex-aluno do colégio e entrou no local com a desculpa de que daria uma palestra, por volta de 8h15 do dia 7 de abril de 2011. Logo os professores e alunos perceberam que não se tratava disso, mas sim de um massacre, cujas cenas de horror ficariam gravadas para sempre em suas memórias.

O assassino, de 23 anos, tirou a vida de 12 crianças, deixou outros feridos gravemente, e, por fim, se matou na escada da escola. A motivação para cometer a atrocidade teria partido de preconceitos e bullying que Wellington sofreu na sua adolescência, por ter sido um menino reservado e excluído socialmente.

Para saber as condições e o clima atual no colégio, o SRZD conversou com a professora Leila D´Angelo, que dava aula na primeira sala onde Wellington entrou para fazer as primeiras vítimas. Ela lembra de todos os detalhes do triste dia e relatou como os últimos minutos das vidas de alguns alunos começaram.
Foto: Acervo Pessoal 
"Lembro perfeitamente de tudo. Eu estava dando minha aula e, por volta de 8h15, ele bateu à porta. Eu abri e ele não disse nada. Ele foi entrando e eu perguntei o que ele queria, foi quando respondeu que estava ali para dar uma palestra. Mentira. Ele foi dizendo isso e já atirando", lembrou.

Leila disse que, no início, achou que ele tivesse invadido a sala para executar um aluno, mas quando ele começou a atirar em outras crianças, percebeu que se tratava de algo diferente. Foi então que correu para a cozinha e ligou para a polícia. Neste momento, o aluno Alan correu para pedir ajuda até que encontrou um policial na rua.

Leila disse que viu dois alunos serem baleados e mortos e contou sobre o que teve que enfrentar após o massacre.

"Eu voltei a dar aula para mesma turma, inclusive pelos milhares de pedidos nas redes sociais para eu voltar para a escola. Apesar das famílias de algumas crianças mortas terem ficado revoltadas, queriam colocar a escola abaixo. Muitos parentes me acusaram de ter fugido da sala para me proteger e ter deixado os alunos lá para morrer. Tentaram colocar as crianças contra mim".

Por conta disso, a professora de Língua Portuguesa deu aula para a turma por apenas dois meses, precisou se afastar e fazer terapia, o que faz até hoje. Apenas meses depois, retornou para dar aula e hoje continua com suas atividades, mas dando aula para outras crianças.

Sobre o assassino, Leila disse que era uma pessoa com muitos problemas mentais e sem apoio. Ela ainda falou sobre a lição que tira do triste episódio.


Foto: Acervo Pessoal"Tenho muita pena de Wellington, porque ele era um desequilibrado, que não tinha ajuda. Todo mundo fala em 12 mortos, mas foram 13, porque ele também morreu. O que eu tiro disso tudo é que temos que reavaliar os nosso valores, olhar mais para os nossos semelhantes".

Atualmente, a Tasso da Silveira passa por uma fase de esperança e renovação. O cenário de guerra e as lembranças, aos poucos, vão sendo afastados. Os alunos e funcionários receberam apoio médico e a escola está sendo reformada.




Fonte: SRZD

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