quarta-feira, 11 de abril de 2012

Rede de proteção pode ser a saída para a violência na escola


Umuarama - Tema de formação para diretores, pedagogos, funcionários, alunos e instâncias colegiais, a violência na escola é um dos problemas que a educação enfrenta diariamente. Percebendo a necessidade prevenir e preparar os personagens da educação para esse fenômeno, o Núcleo Regional da Educação de Umuarama vai realizar o seminário Violência e o Processo Ensino-Aprendizagem.
 

De acordo com a APP Sindicato e a Patrulha Escolar (Polícia Militar), a questão da violência na escola ainda é tranquila em Umuarama, se comparada a cidades do mesmo porte. Mas, quando aprofundado, o assunto diverge em vários aspectos para esses profissionais. Todos, porém, são unânimes em ressaltar que o papel da escola está sendo distorcido.
 

 “A escola está perdendo a especificidade de ensinar. Claro que o ensino implica no trabalho educativo do cidadão, mas estamos desviando do foco principal”, ressaltou o presidente da APP, o professor Sérgio Marson.
 

Para o professor, apenas o trabalho de repressão com câmeras e policiais na escola não vai resolver a situação cultural dos alunos. “Não devia haver repreensão através da polícia. Também sou contra as câmeras dentro da sala de aula, mas a favor de um trabalho pedagógico através da transformação das pessoas. A recriminação não vai fazer mudar a cultura de uma pessoa”, informou.
 

Porém, Marson reconhece que essa transformação é difícil, pois a violência é inerente dos setores sociais. O que acontece na escola é o reflexo de uma sociedade violenta e doente. “Várias vezes vemos noticiários de atentados em escolas de países mais evoluídos, então não basta mudar a mentalidade. O capitalismo faz você querer, enquanto não mudar o sistema, nada vai mudar. Mas isso está longe”, desabafou.
 

De acordo com pesquisa realizada em 2006 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), 35% dos estudantes já viram armas nas escolas, assim como 29% do corpo técnico. Realizado em seis capitais do país, o estudo mostrou que os aparatos mais frequentes são os canivetes (22%), facas (13%) e revólveres (12%).
 

Em algumas situações, em Umuarama, conseguimos relembrar fatos ocorridos em grandes centros. Ontem, por volta das 08h24, a Guarda Municipal se deslocou até a Escola Vinicius de Moraes, no Parque das Jabuticabeiras, por solicitação da diretora. Segundo a solicitante, o ex-aluno L. F., no ano passado, ameaçou os demais com uma faca. Ontem, L.F. retornou de São Paulo e espalhou que voltaria ao colégio para terminar o serviço e atentar contra a vida da diretora. A patrulha escolar esteve no local por duas vezes e acompanhou a saída dos alunos, porém o rapaz não apareceu.


Patrulha Escolar
Segundo o tenente Hemom, responsável pela Patrulha Escolar, em Umuarama a situação não é crítica e para melhorar, a patrulha, em parceria com as escolas, está resgatando os pais para dentro das instituições escolares. “Muitos pais nem olham a bolsa do filho, o caderno ou têm uma conversa. Apenas deixam as crianças na escola e vão trabalhar. Quando chamamos esses adultos para mostrar o que o filho está fazendo eles ficam chocados. Muitas vezes descobrem que a criança está fumando, matando aula e fazendo arruaça na escola”, informou.
 

O tenente ressalta que o trabalho de parceira entre as instituições da rede de proteção a criança e o adolescente está ajudando muito no combate a violência escolar. “Ainda encontramos armas de brinquedo, canivete, drogas e denúncias de ameaças, xingamentos. Mas visamos realizar palestras e trabalhos para informar e mostrar os valores, como também orientar as famílias para o seu papel de educar”, noticiou.


Prevenção
Diante desta grande preocupação, o Núcleo Regional da Educação de Umuarama através da Coordenação de Desenvolvimento Socioeducacional, em parceria com a Secretaria de Estado da Educação, Secretaria da Família e Desenvolvimento Social, Ministério Público do Paraná, Universidade Paranaense (UNIPAR) e APP- Sindicato vai oferecer o seminário “Violência e o processo Ensino-Aprendizagem”. A formação acontecerá no dia 18 de Abril de 2012 na UNIPAR- Campus III, com carga horária de 8 horas e certificação pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná.

Para o chefe do NRE/Umuarama, Adalberto Carlos Rigobello, o encontro visa fortalecer a rede de proteção à criança e adolescente para promover trabalhos de prevenção. “O tema é prevenir, não deixar acontecer. O aluno tem que ir para escola para estudar e o professor ir para lecionar, num ambiente bom para todos e com a participação da família”, diz.

O chefe do núcleo informou que o fortalecimento dessa rede parte do princípio que todos saibam o seu papel. Como a escola saiba diferenciar uma questão disciplinar de uma situação a ser informada a uma das instituições que compreende a rede de proteção. “Temos que envolver todos para que a educação vença”, exclamou.

Fonte: Umuarama Ilustrado

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