domingo, 24 de julho de 2011

Intolerância avança e faz vítimas

ALINE MAGALHÃES CERON

Assistimos estarrecidos às notícias sobre as 84 pessoas que foram executadas por um atirador na na ilha de Utoeya, na Noruega. As vítimas mortas por um suposto militante de extrema direita e cristão radical eram jovens em sua maioria, hospedadas numa colônia de férias. O número de mortos ainda não está fechado, e o mesmo extremista é acusado pela explosão na capital norueguesa, Oslo, onde sete pessoas perderam a vida.

A violência extrema ocorrida na Noruega fecha uma semana onde outros fatos ligados à intolerância também foram notícia. Não precisamos ir muito longe para encontrar casos onde pessoas movidas por preconceito se acham no direito de tirar vidas, agredir e ofender. Foi o que aconteceu, por exemplo, em São João da Boa Vista, onde pai e filho foram agredidos por um grupo de homens durante uma festa. A “desculpa” dos agressores é que as duas vítimas foram confundidas com um casal gay. E se fossem mesmo, isso seria motivo para espancamento? A justificativa é na verdade um agravante, porque escancara o preconceito.

Esses casos de agressão merecem uma reflexão sobre os cidadãos que estão sendo formados no mundo moderno. Enquanto a ciência e as inovações tecnológicas avançam a passos largos, no comportamento o ser humano regride. Quando não concorda com os valores, ideologias, crenças e orientação sexual do outro, simplesmente se acha no direito de agredir.

Mais preocupante ainda é encontrar os jovens como maioria nestes tipos de crimes. A intolerância começa dentro das escolas, onde os próprios alunos protagonizam os casos de “bullying”, atacando os próprios colegas. A qualidade da educação que estamos oferecendo hoje aos nossos jovens precisa ser revista. Não somente nos conteúdos vistos dentro dos colégios, como, principalmente, quanto aos valores que os pais estão transmitindo dentro de casa. A convivência em sociedade deve ser ensinada às crianças, assim como o respeito às leis que vigoram numa democracia e aos ensinamentos cristãos. Elas precisam aprender que podemos não concordar com muitas situações, mas isso não nos dá o direito de atacar. Não podemos prever contra quem a intolerância vai se voltar, quais serão as suas vítimas. O respeito aos direitos do próximo é uma premissa para a vida em sociedade.

(A autora é diretora administrativa do Jornal Cidade. E-mail: aline@jcrioclaro.com.br - www.jornalcidade.net)

Fonte: Jornal Cidade

Nenhum comentário:

Postar um comentário