Presidida pelo vereador Erádio Gonçalves (DEM), a audiência pública realizada no âmbito da Comissão de Educação Cultura e Desporto, na última quinta-feira, dia 7 de julho, tratou da questão do bullying e das políticas adotadas para coibir este tipo de agressão nas escolas públicas e privadas de Florianópolis.
A reunião foi solicitada através do requerimento do presidente da Câmara de Vereadores, Jaime Tonello (DEM), autor da Lei 8473, de 16 de dezembro de 2010, que determinou a inclusão no projeto pedagógico das escolas públicas de educação básica do Capital medidas de conscientização, prevenção e combate ao bullying. Participaram do encontro, além dos democratas já citados, o vereador Dalmo Meneses (vice-presidente da comissão), professores, pedagogos, representantes do Sindicato das Escolas Particulares - Sinepe/SC, alunos e vereadores-mirim de Florianópolis e de Biguaçu.
Jaime Tonello abriu o debate dizendo que o seu projeto se assemelha ao do deputado estadual Joares Ponticelli (PP), aprovado na Assembleia Legislativa, e também às ações praticadas pelo Ministério da Educação. De acordo com o vereador, a audiência pública teria como objetivo saber como o bullying é tratado nas escolas e quais as especificidades para abordar a questão na educação infantil.
"Como perceber? Qual é o papel do educador? O que fazer? O professor também é alvo de bullying? Como agir com os alunos, e com os pais? Como lidar quando a vítima sofre alguma deficiência? E o racismo, e a intolerância? Entre meninos e meninas? Como tratar os casos extremos? E o ciberbullying nos meios eletrônicos, como controlar e coibir? Enfim, uma série de perguntas que podem ser feitas sobre o tema encontram espaço nesta audiência pública", disse Tonello, lembrando que muitos dos problemas de violência têm origem na escola, coisas que acontecem há muitos anos, na formação do indivíduo, e que terão reflexos posteriormente, numa alusão à chacina na escola do Realengo, no Rio de Janeiro, em abril deste ano, onde 12 crianças morreram.
O vereador Dalmo Meneses disse que a preocupação quanto ao assunto é muito forte, e que o bullying é um problema social que pode ocorrer fora do ambiente escolar. Dalmo distribuiu aos participantes da audiência a cartilha intitulada "Bullying, isso não é brincadeira", feita através de uma parceria entre a Assembleia Legislativa e o Ministério Público de Santa catarina e distribuida nas escolas da rede estadual.
Professor de filosofia do Colégio Catarinense, Pedro Lucino da Silva, disse que a escola tem em seu programa encontros regulares com os alunos para conversar sobre o tema, e que a melhor maneira de tratar o bullying é através de um diálogo franco com a garotada. "Todos sabem que isso existe nas escolas, sempre existiu, não é nenhuma novidade, mas muita gente esconde os fatos. O professor não pode se omitir", afirmou.
O vereador mirim da Capital, Luigi Mauri Bellei, estudante do Educandário Imaculada Conceição, disse que, na sua opinião, o comportamento agressivo de alguns alunos é, na verdade, uma carência educacional que vem da família. Para o vereador mirim de Biguaçu, André Leal, o bullying geralmente é praticado por um grupo, quase sempre alunos mais velhos e mais fortes que se provalecem dos menores e mais fracos.
Educadora que trabalha com os vereadores mirins da Câmara de Biguaçu, Dagomar Pereira disse que a experiência das crianças com o legislativo tem tido resultados muito positivos na questão da formação da cidadania, e eles acabam se tornando replicadores (ou porta-vozes) nas escolas.
Professora de ética e geografia no Colégio Jardim Anchieta, no bairro Córrego Grande, Maria Cristina Victorio disse que o importante, ao se tratar a questão, é unir família e escola, e que, em sua instituição, nas aulas do laboratório de informática, o ciberbullying é um assunto bastante discutido com os alunos.
Representante da Secretaria Estadual de Educação, a professora Júlia Siqueira da Rocha pesquisa o tema há mais de dois anos, recentemente, publicou o livro Violências na escola: da banalidade do mal à banalização da pedagogia (Editora Insular, 2010). Segundo ela, na 6ª Delegacia de Polícia, a cada quatro dias letivos, uma ocorrência de violência em uma escola (tanto nas públicas, quanto nas particulares) é registrada em Florianópolis. Em sua pesquisa, a professora Júlia identificou 35 tipos jurídicos, da agressão verbal à violência sexual.
Júlia afirmou também que o bullying cresce entre as meninas, e que o dado novo nesta triste realidade é a violência espetacularizada, aquela que é anunciada na internet, filmada, e depois exibida e debatida nas redes sociais. "Nossa mediação precisa ser feita. A omissão do pedagogo não deixa de ser, também, uma forma de violência. A boa escola é aquela que protege", disse, acrescentando que muitos trabalhadores da educação têm adoecido por estarem expostos à violência.
Fonte: Câmara Municipal de Florianópolis
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