Manhê, sabe o que me aconteceu? / Manhê, o Tonico me bateu / Roubou meu saco de pipoca / O pirulito e o picolé / E depois ainda por cima, mamãezinha / Deu uma pisada no meu pé/ Ai, ai, ai. (…)
Quem se lembra desta música diga “Eu!!!!” Não vale se envergonhar do fato de ela fazer parte do disco do Balão Mágico de 1983; de repente serviu com fundo musical no berçário da maternidade, sei lá…
Mas esta postagem não será sobre o meu baú de recordações. Lembrei-me desta singela canção por acaso e me veio à mente a seguinte reflexão: há exatos 28 anos, o Balão Mágico já nos alertava sobre o bullying, mas parece que, naquela época, esse tema não tinha o “status” que têm hoje.
Foi preciso um estrangeirismo para que as pessoas começassem a colocar esse assunto na pauta de discussões, afinal, nada como um termo em inglês para agregar importância a alguma coisa.
Às vezes me incomoda essa característica da sociedade brasileira de trazer à tona certos problemas para depois, com relativa naturalidade, guardá-los novamente na gaveta.
A tragédia de Realengo já não ocupa nem mesmo as notas de rodapé dos jornais e revistas, mas serviu para que até uma lei sobre o tema fosse criada, numa atitude bem “oportuna” das autoridades, conforme já escrevi aqui no blog (“Papo Cabeça” – 27/06/11).
Esses dias um aluno me perguntou “Professora, você nunca foi vítima de bullying?”.
Sinceramente? Acho que não. E vocês sabem que, com a memória prodigiosa que tenho, certamente eu me recordaria se houvesse algum episódio marcante em minha infância ou adolescência.
E tenho três ressalvas sobre esse tema:
1ª – o sofrimento causado por situações decorrentes de preconceito e perseguição – na escola e fora dela – é terrível, merece atenção hoje e sempre, e não somente quando houver algum episódio que vire capa de revista semanal.
2ª – é preciso ponderação para o bullying não se tornar um “modismo”; mesmo que em tom de brincadeira, muitas crianças e adolescentes estão banalizando o assunto e qualquer situação que aconteça na sala de aula é motivo para dizer “Isso é bullying, professora!”
3ª – como bem já lembrou o leitor Junior Vilela em um dos seus comentários, precisamos preparar nossos filhos para também lidarem com críticas, até com ironias e piadas, sem que isso seja, necessariamente, motivo de grandes traumas.
Afinal, o vida está cheia de “Tonicos” e precisamos estar preparados para enfrentá-los.
Fonte: odiario.com por Lu Oliveira
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