quinta-feira, 7 de julho de 2011

Prevenção de bullying, rapto e abusos sexuais de crianças

Numa altura em que se voltou a falar de bullying e que se pretende combater a violência nas escolas, a Infancoop, nas Caldas da Rainha, pelo 3º ano consecutivo, voltou a realizar os workshops para crianças do Programa CAP – Child Abuse Prevention.

Este programa de prevenção, originário nos EUA, foi adaptado e está a ser implementado em Portugal pela APPEPASC – Associação Portuguesa para o Estudo e Prevenção dos Abusos Sexuais de Crianças, desde 2004.

“As crianças precisam de ser cuidadosas e não medrosas”, disse a psicóloga Susana Maria, presidente da APPEPASC, que trabalha junto das crianças estratégias para evitar ao máximo os casos de abuso, rapto e bullying (formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, adoptadas por um ou mais estudantes contra outro).

O Projecto CAP considera que as crianças necessitam de ter informação sobre prevenção para se prepararem e reconhecerem uma situação potencialmente perigosa. Assim, ensinar às crianças estratégias de prevenção no sentido de reduzir a sua vulnerabilidade aos abusos é tão importante como ensinar às crianças estratégias de prevenção rodoviária (como por exemplo, como atravessar uma rua em segurança). Neste sentido um dos objectivos prioritários do Projecto CAP é dotar as crianças de estratégias de prevenção dos abusos.

Segundo a psicóloga, para que essas estratégias resultem “os adultos com quem as crianças podem contar devem ter informações semelhantes de como prevenir os abusos de forma a reforçar as estratégias adquiridas pelas crianças. Desta forma, outro dos objectivos do CAP é dotar os pais/educadores (ou outros familiares) e professores (e outros profissionais do contexto escolar) de conhecimentos e estratégias para colaborarem na garantia da segurança das crianças com que contactam”.

Esta responsável acrescentou ainda que por “vezes as situações de abuso já aconteceram e, como tal, as crianças, bem como os adultos, devem ter conhecimentos de como identificar situações abusivas e de como lidar com elas. Consequentemente, outro objectivo deste Projecto é dotar os destinatários (crianças, pais/educadores – ou outros familiares e professores – e outros profissionais do contexto escolar) de conhecimentos e estratégias de como intervir nas várias situações de abuso”.

O Projecto CAP utiliza como estratégia para atingir os seus objectivos a metodologia de workshop. Esses workshops têm três componentes: Junto dos professores e outros profissionais do contexto escolar; pais e outros familiares; e crianças em contexto de sala de aula. Na Infancoop estes dois primeiros momentos tiveram lugar no dia 24 de Maio, e a instituição abriu as suas portas a todos os elementos da comunidade que quisessem participar neste evento, tendo o mesmo acontecido nos dois anos anteriores.

O workshop realizado com as crianças tem lugar no contexto da sala de aula. É dinamizado por três facilitadores/as e são utilizadas técnicas de role-play (teatros) e discussão grupal orientada. Procura ensinar as crianças a reconhecerem potenciais situações de perigo e a utilizarem eficazmente as suas opções. Estes role-plays representam as experiências de abuso mais comuns que uma criança pode vivenciar: o abuso por outra criança (situação de bullying); o abuso de um adulto estranho/rapto; e o abuso de um adulto conhecido da criança.

Este projecto de prevenção tem custos para a instituição mas a presidente da Direcção da Infancoop, Mónica Baptista, afirma que “acaba por se tornar num pequeno investimento quando comparado com os benefícios incomensuráveis que dele advêm e por isso vamos continuar a apostar numa estratégia preventiva para bem das nossas crianças”.

Este ano, na Infancoop, participaram 48 crianças do 1º ciclo e 2 crianças finalistas do Pré-escolar, a pedido dos pais. Nas fases anteriores do projecto, participaram todos os colaboradores da Infancoop, da cozinha ao motorista, passando por todas as outras profissões. Contudo, ao nível dos familiares, a participação foi bastante mais reduzida do que seria desejável.

Fonte: Jornal das Caldas

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