Fonte: Esquerda Net
Insultos, ataques ao caráter, críticas injustas ou exageradas ao trabalho, humilhação perante a turma, não transmitir atempadamente informações úteis à realização de determinada tarefa, há várias formas mais subtis ou mais explícitas de assédio moral professor(a) versus aluno/a. Classe, género, etnia, orientação sexual, necessidades educativas especiais podem ser características que agravam a desvantagem das crianças e jovens vítimas de agressão por quem está investido de autoridade sobre elas no contexto escolar.
O assédio moral de professores contra alunos é um fenómeno ausente do debate público. A nível internacional, encontra-se já uma vasta literatura sobre bullying “entre estudantes”, de "diretores contra professores", de "professores contra professores", de "estudantes contra professores". Contudo o assédio moral "professor(a) contra estudante" tem merecido menos atenção e encontra outras dificuldades1.
O bullying de professores a alunos tem ainda a agravante de fazer passar por “legítimo” aos olhos dos restantes alunos e alunas os comportamento de discriminação e assédio. Precisamente porque é exercido por uma figura de autoridade e porque, para o bem e para o mal, professores e professoras servem muitas vezes de 'modelo' na construção da identidade dos e das jovens e no desenvolvimento da sua personalidade.
Com estas observações não ignoro a já referida situação inversa: o assédio moral de alunos contra os professores. Todas essas situações devem ser combatidas. E por isso creio que o caminho é o combate geral contra a violência em contexto escolar em todos os seus vetores. Criar consciência preventiva na comunidade escolar, punição clara e por processos transparentes de todos os agressores, e meios de defesa para todas as vítimas.
Estou intransigentemente comprometido com a luta dos professores pela Escola Pública, num momento em que Governo atrás de Governo maltratam aquela classe profissional e aquele serviço público. Mas essa luta não me impede de chamar a atenção para um fenómeno que raramente é combatido, nem na via legal, nem na luta social.
Estudantes, professores, auxiliares, ou outros profissionais escolares, estejam no papel de vítimas ou agressores, devem contar com o nosso combate sem tréguas à violência em contexto escolar.
Artigo publicado em O Ribatejo
Nenhum comentário:
Postar um comentário